Luiz Loureiro/Agência Primaz
Aconteceu na noite de quinta-feira (16), a abertura do Festival Mariana Viva. A Praça da Sé recebeu bom público para a 35ª edição do “Cantando Alphonsus”, evento promovido pela Academia Marianense de Letras e o Museu Casa Alphonsus de Guimaraens, com a participação de escolas municipais, estaduais e particulares de Mariana, além de representantes da Rede Municipal de Santa Bárbara, instituições estaduais de ensino de Ouro Preto e da Academia Marianense Infanto-Juvenil de Letras, Ciências e Artes.
O sarau é uma iniciativa da de Hebe Rôla, professora emérita da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), nascido do projeto de extensão “Floresça Mariana: uma flor em cada janela, um livro em cada mão”. “Eu comecei a fazer o ‘Cantando Alphonsus” em 84”, esclarece a professora, acrescentando que o desafio se tornou maior quando ouviu Carlos Drummond de Andrade dizer que Alphonsus, como todos os poetas, seria esquecido. “Mas não, nós garantimos a vida do hino de Mariana [letra de Alphonsus de Guimaraens], por causa deste sarau. Nós garantimos a vida poética, a vida literária de Mariana com esse trabalho. E cantamos Alphonsus e vamos continuar cantando”, finaliza orgulhosamente Hebe Rôla.
As apresentações constaram de declamações de textos do poeta, encenações e até mesmo versos produzidos pelos alunos da Escola Municipal de Passagem de Mariana, inspirados pela obra do homenageado.
Alphonsus de Guimaraens
Nascido Afonso Henrique da Costa Guimarães, em Ouro Preto, no dia 24 de julho de 1870, foi um dos principais representantes do Movimento Simbolista no Brasil. Sua poesia é quase toda caracterizada pelo tema da morte da mulher amada, sua prima Constança. Todos os outros temas que explorou como religião, natureza e arte, de alguma forma, se relacionam com a morte. Alphonsus viveu boa parte de sua vida em Mariana, onde morreu em 1921.
Museu Casa Alphonsus de Guimaraens
Localizado no número 35 da Rua Direita, local onde Alphonsus viveu e morreu, o Museu Casa Alphonsus de Guimaraens é uma unidade da Suprerintendência de Museus do Estado de MInas Gerais e da Secretaria de Estado de Cultura. A ideia da criação do museu em 1975, com a aquisição da caso do poeta, seguindo-se a restauração do imóvel pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), entre 1976 e 1979.
Em 1999 a Superintendência de Museus entrou em ação com um programa de reestruturação do museu – estabelecendo uma parceria com a Associação Acervos Literários de Mariana, formalizada por meio de convênio de cooperação técnica vigente e constante diálogo com a comunidade local.
Constituído por doações da família, o acervo do Museu Casa Alphonsus de Guimaraens é composto predominantemente por objetos de uso pessoal, mobiliário, equipamentos domésticos e detalhes que retratam a vida do poeta, escritor e juiz mineiro e que testemunham suas relações familiares. Mas o destaque é mesmo um valioso acervo textual, com correspondências originais de poemas, fotografias, recortes de jornais e obras raras, estimando-se 1.500 documentos e 240 livros.
Cantando Alphonsus
Ana Cláudia Santos, diretora da Casa Alphonsus e uma das organizadoras do evento explica que o primeiro objetivo “é sempre lembrar a memória de Alphonsus, que escolheu nossa cidade [Mariana] para viver”, além de proporcionar uma oportunidade das escolas apresentarem seus estudos e o que produzem a partir dos estudos da obra do poeta. A preparação é feita nas escolas desde o início do ano, com apoio do museu e da Academia Marianense de Letras, com a única condição que a apresentação no evento tenha ligação direta com Alphonsus de Guimaraens, o que já se estendeu para escolas de outros municípios, com grande empenho e esforço próprio. “É muito bonito o trabalho desenvolvido. Tem escola aqui com crianças usando vale-transporte das próprias professoras”, elogia Ana Cláudia.
Andreia Donadon Leal, colaboradora da Agência Primaz e presidente fundadora da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil (ALACIB), esteve prestigiando o evento e acompanhando a apresentação da Academia Marianense Infantojuvenil de Letras Ciências e Artes, destacou a importância da preservação e difusão da obra do poeta Alphonsus de Guimaraens. Sobre o trabalho das crianças e adolescentes, destaca que “eles não só recitam, eles criam. Então aí um grande significado, porque é a valorização da produção literária dos educandos”, finaliza Andreia.