Núbia Azevedo (*)
Teve início na manhã deste sábado (25) a 6ª Edição do Festival HipHop.doc. Barral Lima, produtor do evento destacou que a forte cena do movimento em Ouro Preto foi o motivo pra escolha da cidade como sede desta edição. “Ouro Preto tem uma cena hip-hop muito forte, com vários grupos e é uma cidade do mundo, tudo o que você faz aqui reflete muito longe, com muita força, então a gente quis experimentar isso em Ouro Preto. Queremos mostrar essa outra riqueza da cidade, que está nos guetos e que não pode continuar lá, tem que vir pra fora. A Praça Tiradentes sempre teve shows maravilhosos, orquestras, MPB, tem que ter o hip-hop, o rap tem que estar na Praça”.
O projeto que teve início em 2005 tinha como foco principal as oficinas, mas ao longo desses 14 anos passou a englobar os quatro elementos do Hip-Hop, o street dance, o rap, as artes plásticas e os Dj’s. Barral conta que por se tratar de uma arte simples, o foco inicial era passar ensinamentos e técnicas para aqueles que não tinham muitas opções, que estavam desempregados. “De repente a pessoa aprende alguma coisa aqui e leva pra vida, então eu estava pensando muito nisso, nas oficinas, porque a partir dali o cara desempregado aprende como pinta, como faz uma letra de rap, desenvolve alguma coisa pra vida dele. O hip-hop abre essa porta grande nas artes, de uma coisa simples você desenvolve coisas grandes”.
A abertura da 6ª edição do HipHop.doc foi marcada então pela oficina Arte em Grafite – história, técnicas e conceito com atividades práticas – ministrada por Binho Barreto. Artista visual, ilustrador, cartunista, muralista, pintor e professor, Binho introduziu os participantes às primeiras técnicas do traço e uso do spray, posteriormente cada um fez o seu desenho e juntos construíram um mural.
Binho, que já participou de outras edições do festival, colocou o HipHop.doc como fonte de conhecimento. “É importante porque o festival trabalha vários elementos do hip-hop, música, grafite, dança, e leva o hip-hop para um outro lugar, além do entretenimento, como conhecimento. Tem muito conhecimento sendo produzido através do hip-hop, principalmente muitas histórias sendo contadas. Favorecer a cultura hip-hop é favorecer essas histórias que geralmente não são contadas, histórias de pessoas comuns, que estão diariamente na labuta”.
O artista falou a ainda sobre a importância de se construir junto. “Eu acho que o contato físico, de estar com as pessoas, de sentir a energia das pessoas, de ter uma troca, de conversar, é uma coisa importantíssima. É até uma das coisas que me levou a começar no grafite, porque de certa forma o grafite faz com que as pessoas valorizem o espaço público como um espaço de convívio. Então se você põe uma arte num lugar onde todo mundo passa, você vai favorecer que eles convivam naquele espeço, e que pessoas diferentes se encontrem. Acho que encontro é uma palavra chave, o encontro, o convívio e a troca”.
Todas as atrações da 6ª edição do HipHop.doc foram gratuitas e o festival contou ainda com shows de Black Alien, Tamara Franklin, Crônica Mendes, Negro da Nação e convidados, e DJ Lysa Menezes, na Praça Tiradentes.
(*) Núbia Azevedo é jornalista e freelancer da Agência Primaz