Ingrid Achiever e Yasmine Feital/Agência Primaz
Estudantes universitários e secundaristas, professores, trabalhadores da área de educação, sindicatos, coletivos e outros marianenses participam nesta quinta (30) da segunda manifestação contra o corte/bloqueio de verbas para a educação, demonstrando também repúdio à reforma de Previdência e, de forma geral, ao governo Bolsonaro.
Iniciada no Terminal Turístico de Mariana (praça Tancredo Neves) por volta das 3 da tarde, a manifestação teve um primeiro momento de concentração dedicado à mostra de trabalhos de pesquisa e extensão desenvolvidos na Ufop, com distribuição da revista Curinga e do Jornal Lampião, produtos laboratoriais do curso de Jornalismo. Houve também oficina de cartazes e microfone aberto.
Com discursos afinados, os manifestantes consideram que o ato é um processo de construção de uma greve geral, programada para o dia 14 de junho, com pautas mais amplas. “Eu acho que este ato é pra além da educação, né? É pra gente dialogar sobre a realidade social de Mariana”, opina Leandro Maciel, estudante de Serviço Social. Membro do Coletivo Rebeldia, Vini (como faz questão de ser identificado), faz coro ao caráter dos atos e manifestações como etapas preparatórias da greve geral. A principal relevância dos atos é mostrar que os estudantes, que os trabalhadores da educação não estão parados, não vão aceitar esses ataques do governo, vão lutar em defesa de nossa aposentadoria e nosso emprego”, destaca Vini.
José Nilton, professor da rede municipal de ensino, e Hendrick Amaro, residente em Mariana, acompanharam atentamente as falas e a movimentação. “[A manifestação] é necessária, porque o presidente não tem consciência do valor do ensino”, acusa José Nilton. “Nós temos que lutar por nossos direitos, [pelo] povo que está oprimido”, acrescenta Olindina Muniz, afirmando que a atual política vai impedir que as crianças alcancem um futuro melhor.
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O deslocamento inicial dos manifestantes foi em direção à Praça JK, descendo pela Av. Getúlio Vargas, com parada e interrupção do trânsito diante do prédio da prefeitura, local onde aconteceu nova rodada de discursos e palavras de ordem.
A Guarda Municipal acompanhou os manifestantes e fez o desvio do trânsito de descida para o Barro Preto para a pista atrás do prédio. Não foram registrados incidentes e, em seguida, a passeata subiu novamente a Av. Getúlio Vargas, passou pela Praça Tancredo Neves e pelas ruas Josafá Macedo e Waldemar de Moura Santos, atingiu a Praça Minas Gerais e desceu pela Travessa São Francisco, para chegar ao Jardim (praça Gomes Freire).
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No Jardim aconteceram novas falas, repetições de palavras de ordem e manifestações culturais como recitação de poemas e apresentações musicais. Nossa reportagem abordou algumas poucas pessoas que demonstravam não concordar com a manifestação, mas nenhuma concordou em fazer declarações gravadas ou autorizou menção às suas opiniões. A única crítica registrada, embora parcial, foi a opinião de Cleiton Luciano, que concordou com a principal reivindicação, mas fez ressalvas a outros temas incluídos nas falas dos manifestantes. “Acho que na educação não deve haver contingenciamento, mas parece que estão misturando muito. É queda de Bolsonaro, Lula livre… Eu sou a favor da educação, mas misturar política com isso, sou a favor não”. finalizou.
Em contrapartida, Gilberto da Silva Pereira, Willian Maciel e Antônio Carlos fizeram manifestações favoráveis ao movimento. “Eu acho que tem que parar todo mundo, do jeito que tá, não dá pra continuar”, afirma Gilberto. “Cortar dinheiro da educação, cortar dinheiro da saúde, das escolas, são [os políticos] muito porcos!”, afirma o indignado Antônio Carlos. Menos inflamado, Willian Maciel afirma que “sem educação não se constrói o país”.”Fiquei sabendo hoje de uma pesquisa muito legal, desenvolvida na Ufop sobre doença de chagas”, conta Maciel.
(*) Fotos: Ingrid Achiever e Yasmine Feital