Notícias de Mariana, Ouro Preto e região

Hoje é quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Ingrid Achiever, Nathalia Vergara, Luiz Loureiro e Yasmine Feital/Agência Primaz

Depois de apresentar adesão expressiva aos protestos realizados nos dias 15 e 30 de maio, a manifestação desta sexta-feira (14) contra a reforma da previdência, os cortes de recursos da educação e o modelo predatório de mineração, teve menor participação popular, a despeito da mobilização realizada desde a madrugada, inclusive com bloqueio da rodovia que dá acesso às mineradoras sediadas em Mariana.

*** Continua depois da publicidade ***

A baixa adesão já se fazia sentir por volta das 16h, com poucas pessoas participando da oficina de cartazes, cujo início estava previsto para uma hora antes. Aos poucos, à medida que se aproximava o horário para o início da passeata, a atividade de confecção de cartazes foi aumentando, inclusive a partir da chegada de um grupo de atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, parcela dos que ocupam o escritório da Fundação Renova, localizado no bairro São Pedro.

Fotos: Luiz Loureiro e Yasmine Feital/Agência Primaz

Ainda antes do início da passeata, nossa reportagem ouviu algumas pessoas na concentração. André Mayer, professor do curso de Serviço Social da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e presidente da Associação de Docentes da Ufop (Adufop), mostrou-se animado com a realização do ato. “Então a gente espera mais uma vez, como no dia 15 de maio, no dia 30 de maio, hoje dia 14 de junho, ir pra rua de novo, pra mostrar para a população o ataque grande que a gente tem sofrido”, declarou o docente.

Adriana Marusso considerou importante a manifestação, mas mostrou-se pouco otimista quanto às expectativas futuras, porque “há uma desinformação muito grande e uma grande parte da população não percebe o que está acontecendo de fato”. Trazendo uma bandeira do Brasil nos ombros, Adriana justificou: “Eles se apropriaram do símbolo e eu senti a necessidade de, neste símbolo, expressar o meu sentimento: educação é progresso”.

*** Continua depois da publicidade ***

Um discurso motivacional, o carro de som, mais pessoas portando cartazes e bandeiras, juntamente com a animação do grupo de atingidos, com palavras de ordem contra a Fundação Renova e o governo Bolsonaro, deram o tom do início da passeata que deixou a Praça Tancredo Neves (Terminal Turístico de Mariana) em direção à Praça JK, de forma ordeira e sem conflitos em termos de grandes impedimentos de circulação das pessoas.

No trajeto até a Praça JK, com o auxílio do carro de som, sucediam-se as palavras de ordem alusivas aos temas do protesto e de repúdio ao governo federal e às suas políticas. Mas também havia quem desse destaque à questão das mineradoras e fizesse críticas à classe política em geral, como Simone Silva, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). “Quem não é atingido por barragem é atingido por uma conta de luz que é altíssima, caríssima; é atingido pelos impostos; é atingido pela conta de água, é atingido quando você não consegue acesso a uma faculdade”, dispara Denise, afirmando que ‘é necessário resistir, pra poder existir”.

Também houve quem se sentisse motivado a participar devido à preocupação com as gerações futuras. Rejane Batista, aposentada, carregando uma criança de não mais que 2 anos, preocupa-se com o que pode acontecer com suas filhas. “Eu tô lutando para que um dia elas cheguem a aposentar. E esta reforma da previdência, pelo que eu estou vendo, não tem nada perto de que um dia elas vão aposentar”, preocupa-se Rejane.

Os manifestantes fizeram uma parada diante da entrada principal do prédio da Prefeitura de Mariana, abrindo espaço para manifestações de diversas pessoas ao microfone e constante repetição de palavras de ordem, com acompanhamento da Guarda Municipal, que cuidou do desvio do trânsito no local.

Fotos: Ingrid Achiver, Nathalia Vergara e Yasmine Feital/Agência Primaz

*** Continua depois da publicidade ***

A parada seguinte foi a Praça da Sé, com nova rodada de “falas” e palavras de ordem, seguindo a passeata para a Praça Gomes Freire (Jardim), com o encerramento do ato sendo marcado por apresentações musicais.

Integrante da organização das manifestações, Fábio Faversani, professor do curso de História da Ufop, ressaltou o caráter de “resistência contra um projeto de reforma da previdência que na verdade tira dos mais pobres para direcionar pros mais ricos”, reforçando ainda a questão dos cortes de recursos da educação e os problemas causados pelas mineradoras. “Foi um ato bonito, foi um momento de construção coletiva, que vai continuar ao longo do ano, contra esses ataques”, finalizou Faversani.