Lui Pereira/Especial para Agência Primaz
No último sábado (21), foi realizado mais um simulado de emergência de rompimento de barragem de mineração em sete localidades do município de Mariana. A ação envolveu moradores da zona rural de Camargos, Ponte do Gama, Paracatu de Baixo, Paracatu de Cima, Borba, Pedras e Campinas. Os simulados ocorrem desde 2015, após o rompimento da barragem de Fundão.
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De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Mariana, Welbert Stoppa, o objetivo da ação é promover uma cultura de autonomia nas comunidades, uma vez que algumas delas, como é o caso de Ponte do Gama, se encontram em zona de auto salvamento (ZAS).
As ZAS são regiões onde não há tempo suficiente para uma intervenção das autoridades competentes em caso de acidente. Tal zona considera uma distância de até 10 km da barragem, ou um tempo de chegada da onda de inundação igual a 30 minutos.
A simulação ocorre uma vez ao ano e também tem por objetivo proporcionar o treinamento dos agentes de segurança e testar os aparelhos de alerta. Durante a simulação, a agricultora Irene Tavares constatou a dificuldade em ouvir o som da sirene em sua residência. O problema foi repassado aos funcionários da mineradora Samarco que mediram a amplitude sonora e se comprometeram a corrigir o problema.
A moradora de Ponte do Gama, Clara Maria, afirma não ter notado problemas em relação à comunicação e tempo de evacuação. A dona de casa conseguiu chegar ao ponto de encontro 20 minutos após ouvir a sirene de alerta, 70 minutos antes de uma possível onda de rejeitos atingir sua propriedade.
O treinamento ocorreu de forma simultânea nas sete comunidades. As sirenes foram acionadas às 9h da manhã e, a partir de então, os moradores das áreas situadas na mancha de inundação seguiram o protocolo de evacuação. Nesses locais, os moradores são orientados a pegar documentos pessoais, remédios, soltarem seus animais e se deslocarem até o ponto de encontro pré-estabelecido.
Neste ano, participaram 248 pessoas, engajamento 30% maior se comparado com 2018
O ponto de referência da comunidade de Ponte do Gama fica no quintal do agricultor Vicente Lino, morador do distrito há cinco anos. Vicente diz estranhar tanta gente no local. “Apesar disso é bacana, diferente ver tanta gente por aqui”, completa.
O Major Eduardo Lopes da Defesa Civil Estadual esclarece a importância do simulado para a população: “em uma situação de emergência, a gente quer uma resposta automática, pois a pessoa será afetada por emoção e adrenalina. O simulado permite ao cidadão e aos órgãos envolvidos que eles tenham um automatismo, uma resposta mais rápida e mais eficiente, diante de uma situação de emergência”.
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Participação da comunidade
Neste ano, houve a participação de 248 pessoas, o engajamento da comunidade foi 30% maior se comparado com 2018. O sucesso da ação é atribuído pelo coordenador da defesa civil municipal, Welbert Stoppa à implantação do Núcleo de Proteção e Defesa Civil Comunitária (NUPDEC) na região.
O NUPDEC tem como conceito dar autonomia às populações distantes do raio de ação do poder público. O núcleo tem o objetivo de capacitar os cidadãos e torná-los aptos a reagir diante de diversas situações de emergência, como desastres ambientais, ataques de animais peçonhentos e emergências médicas, entre outros.
Stoppa fez uma boa avaliação da ação, “Essa cultura de resiliência e percepção de risco tem alcançado os moradores da localidade. Pra gente da Defesa Civil foi muito bacana, muito positivo esse simulado. O desafio agora é levar o NUPDEC para as outras comunidades” conclui.
Neste ano, veterinários, enfermeiros e técnicos de enfermagem também participaram conjuntamente da ação, oferecendo vacinação antirrábica a cães e gatos e aferição de pressão e glicemia da população dos distritos. Iva Thuany, técnica de enfermagem da prefeitura de Mariana diz que esses serviços são um atrativo para fortalecer o engajamento no simulado e uma ótima oportunidade de fornecer serviços básicos de saúde à população mais afastada goegraficamente.
A simulação foi realizada pela Defesa Civil de Mariana, em parceria com a Defesa Civil Estadual, o Corpo de Bombeiros Militar, Corpo de Bombeiros Civil Comunitário de Mariana, Polícia Militar e Guarda Municipal e contou com o apoio da Samarco.