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Hoje é sábado, 6 de julho de 2024

Luiz Loureiro/Agência Primaz

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Foi realizada na manhã deste domingo (03), na Praça Gomes Freire (Jardim), uma visita guiada para apresentação e discussão de detalhes da proposta de revitalização do local, com a presença de 50 a 60 moradores do entorno e outros interessados (houve variação do número de participantes no decorrer do evento).

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Solicitado à Fundação Renova pela Prefeitura Municipal de Mariana, e incluída em um termo de cooperação assinado no dia 16 de julho deste ano, o projeto de revitalização do Jardim é uma iniciativa no âmbito das ações compensatórias, está sendo desenvolvido pela empresa Gema Arquitetura e Urbanismo e já foi tema de uma primeira audiência pública, realizada no auditório do Cine Teatro Municipal, dia 1º de outubro. Naquela ocasião foi acertada a realização de uma visita técnica guiada para apresentação dos detalhes da proposta em desenvolvimento e troca de informações com moradores do entorno da praça e demais interessados.

Confira na galeria abaixo, a reprodução de parte (exceto as capas) do folheto distribuído na visita guiada:

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Conduzida pelo paisagista Marco Nieves e outros integrantes da equipe da Gema Arquitetura e Urbanismo, a visita contou com a participação de representantes da Fundação Renova, do Secretário de Cultura, Patrimônio Histórico, Turismo, Esportes e Lazer, Efraim Rocha e da presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (COMPAT), Ana Cristina de Souza Maia. Nenhum vereador compareceu ao evento.

Ao percorrer 10 pontos de parada no Jardim, foram abordadas as propostas relacionadas às intervenções paisagísticas e arquitetônicas, com discussão de cada ponto e apresentação de várias sugestões de modificações do projeto. Esta etapa, com duração de aproximadamente duas horas, foi seguida pela apresentação de um vídeo com imagens computadorizadas da proposta de revitalização. Houve nova rodada de discussão de pontos específicos e ficou acertada a realização de uma nova audiência pública, para análise e discussão da nova versão do projeto.

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Sugestões acatadas e propostas de modificação

Algumas proposições do projeto de revitalização foram acatadas pelos participantes da visita guiada, entre elas a criação de bancos contínuos em dois pontos da parte baixa; a criação de rampa de acessibilidade na extremidade nordeste (na proximidade da Rua Frei Durão), e na parte superior; a transformação da área em frente ao Cine Teatro Municipal em área de convivência e as realocações do bebedouro de cavalos e do busto de Gomes Freire para a região norte da praça, em um canteiro já existente próximo ao Palácio Episcopal, permitindo acesso mais livre pela face norte da praça e buscando a valorização desses monumentos.

Em alguns outros aspectos, entretanto, as propostas originais foram consideradas inadequadas, como a instalação de bancos contínuos na chamada “área de estar”, local utilizado aos domingos para a apresentação de bandas, e no entorno do lago superior. A sugestão apresentada foi de aumentar o número de bancos existentes, buscando manter o aspecto bucólico desses setores. Também não foi considerada satisfatória a proposta de eliminação da “ponte” existente entre os dois lagos. Esses pontos, entre outros, serão objeto de novos estudos e apresentação de adequações, assim como a proposta de modificação do lago inferior, replicando o existente na parte superior. A proposta de instalação de um pequeno palco na “área de estar” já não faz mais parte do projeto, devido às restrições manifestadas principalmente por moradores do entorno da praça, desde a realização da audiência pública anterior.

A questão da substituição do piso da praça também provocou muitas discussões e outro ponto controverso, mas que não chegou a ser discutido em profundidade, foi a proposta de alargamento da calçada do lado direito de quem transita do início da Rua Dom Viçoso em direção à Rua Frei Durão. De acordo com Efraim Rocha, esta modificação faz parte de um estudo feito pelo DEMUTRAN, visando a modificação da mão de direção da Rua Dom Viçoso e a proibição de estacionamento no trecho em questão. No aspecto paisagístico, as propostas apresentadas foram consideradas satisfatórias por quase todos os participantes da visita.

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Percepções dos participantes

O engenheiro florestal e funcionário do Instituto Estadual de Florestas (IEF), José Augusto Rodrigues Lóes, há sete anos residindo em Mariana, é um dos que não se mostraram plenamente satisfeitos com as propostas de paisagismo apresentadas. Ele ressalta que algumas árvores existentes na praça, cujas sombras não dão condição de florescimento das demais vegetações não estão incluídas no plano de retirada. “São árvores de grande porte, de madeira branca, sem cerne, que podem cair a qualquer momento em cima de pessoas”, pontua José Augusto. No aspecto paisagístico, o advogado e membro do COMPAT, Bernardo Campomizzi Machado destaca ainda que há discrepâncias entre a proposta apresentada e o relatório elaborado pela própria Fundação Renova, com a fiscalização do IEF e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, encaminhado ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental (CODEMA). “O que me preocupa é que elas [árvores de grande porte] hoje dão um sombreamento, tornam o Jardim um lugar com um clima mais agradável, mais ameno”, considera Bernardo.

Por outro lado, em termos da condução do processo, Bernardo Machado mostrou-se satisfeito com a mudança de postura da Fundação Renova e da Administração Municipal, permitindo uma discussão democrática e ampla. “A forma inicial como foi conduzido esse projeto foi muito errada, no sentido de não ter sido esclarecido à população de como se daria toda essa alteração, toda essa reforma”, declarou Bernardo à reportagem da Agência Primaz, lamentando o ambiente criado na audiência pública e que as informações não foram passadas, na ocasião, de forma clara e objetiva. ‘É uma grande lição, para os próximos projetos aqui no município de Mariana. As pessoas não podem ter conhecimento de projetos que altere qualquer coisa que seja, de terceiros, de boatos”, finalizou.

Residente à Rua Silva Jardim, a menos de 10 metros da Praça Gomes Freire, Lúcio Saar também considera que “o processo está mais sensato, menos imposto”, permitindo que a população compareça e dê sua opinião sobre as propostas. “Culturalmente, o Jardim tem um peso na vida de todos os moradores de Mariana, mas muito mais daqueles que são nascidos aqui”, pondera Lúcio, acrescentando que “nós não somos contra nenhum tipo de revitalização ou modernização do Jardim, desde que respeitada a opinião [dos moradores] e a história de nossa cidade”.