Sem trabalho, sem renda, o desafio dos autônomos de Mariana diante da pandemia

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Após mais de uma semana da vigência do decreto municipal Nº 10.041, que determina o fechamento de comércios e serviços não essenciais na cidade de Mariana, profissionais autônomos começam a sentir os efeitos econômicos do isolamento social. A classe que ganha apenas quando produz, vê o dinheiro ir embora, mas entende a necessidade de ficar em casa.

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Natan Clemente trabalha há 13 anos exclusivamente como bombeiro hidráulico. O profissional realizava cerca de três reparos por dia, na última semana realizou apenas dois. Questionado sobre a importância do confinamento para reduzir as taxas de contaminação do coronavírus, Natan avalia a medida como positiva. “Agora é o momento de pensar na saúde das pessoas”, avalia.

Outro profissional que julga importante o distanciamento social é Robson Mendes, proprietário de uma pequena fábrica de calhas. Robson viu os pedidos sumirem desde o início do período de isolamento e, ainda assim, sugere olharmos para o exemplo de outros países, como a Itália e a Espanha, “[o confinamento] nesse momento é um mal necessário”, completa.

Nossa reportagem também ouviu a opinião de um pintor que preferiu não se identificar. O profissional auxilia no sustento de outras três pessoas da família. Ao ser questionado sobre trabalho, informou que as solicitações de pintura sumiram, “ninguém quer colocar alguém estranho dentro de casa nesses tempos”. Apesar das dificuldades financeiras, ele entende a importância do isolamento e evita se expor, com receio de ele próprio contrair o vírus.

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Uma das principais medidas de impacto econômico até o momento foi aprovada pelo Senado nesta segunda-feira (30) e será encaminhada para sanção da Presidência da República. A proposta de auxílio emergencial para autônomos, desempregados, trabalhadores informais e micro-empreendedores individuais (MEI’s) que não recebam aposentadoria ou seguro-desemprego, foi pensada para reduzir os impactos econômicos e sociais sobre os trabalhadores impossibilitados no momento de desenvolver suas atividades. A proposta inicial do executivo era de 200 reais, entretanto sofreu ajustes na Câmara dos Deputados e o valor ficou fixado em 600 reais, podendo chegar a R$ 1.200 no caso de mães que sejam chefes de família.

Questionado sobre o projeto, Robson avalia positivamente a iniciativa, entretanto julga o valor insuficiente para suprir suas necessidades nesse momento, enquanto o bombeiro Natan, solteiro e sem filhos, pondera que se chefiasse uma família, o valor seria muito aquém do necessário. Trata-se de um valor pequeno perto de seus ganhos, mas segundo ele “já dá uma ajuda né? Melhor que nada”.
 

Na última semana, o executivo municipal prometeu divulgar nessa segunda-feira (30), um pacote econômico para auxiliar a economia da cidade. Procurados por nossa reportagem, o prefeito Duarte Junior e o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Igor Gomes Rola, ainda não apresentaram detalhes sobre o funcionamento do projeto.