Apesar do primeiro óbito por Covid-19 em Mariana, ruas retomam movimento

Muita movimentação no centro da cidade de Mariana - Foto: Luiz Pereira/Agência Primaz

Após a confirmação do primeiro óbito por COVID-19 de um morador de Mariana, a cidade amanheceu nesta quarta-feira (01) com muitas pessoas nas ruas, comércios abertos e um cenário bem diferente do observado na última semana.

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Nesta manhã, em vídeo divulgado nas redes sociais, o Secretário Municipal de Saúde, Danilo Brito, confirmou a infecção por coronavírus de um paciente de 44 anos da cidade de Mariana que veio a óbito na última segunda-feira (30), em Belo Horizonte. O homem, considerado fora do grupo de risco para a doença, não viajou recentemente para áreas consideradas de risco e teve sua contaminação de forma comunitária, ou seja, não é possível determinar onde ou quando contraiu o vírus.

Aglomerações em frente a agências bancárias - Foto: Lui Pereira/Agência Primaz

Apesar dessa confirmação, foi possível observar um grande número de pessoas nas ruas do centro e grandes filas, principalmente em portas de agências bancárias e lotéricas. Um maior movimento nos inícios de mês é comum em bancos, por coincidir com os pagamentos de salários e benefícios, entretanto essa movimentação aumenta o contato social e as aglomerações não recomendadas pelos órgãos de saúde.

Edmar Nascimento precisou ir até o banco encerrar uma conta. Em uma fila grande que se estendia em uma das calçadas da cidade ele demonstrou preocupação com a situação: “às vezes as pessoas não têm as informações corretas sobre o vírus e às vezes existe a necessidade de sair de casa, pagar uma conta no banco, fazer uma compra. A gente acaba correndo o risco de ser contaminado”.

Enquanto as pessoas se aglomeram nas calçadas, alguns comércios e serviços não essenciais foram flagrados de portas abertas, descumprindo o decreto municipal de fechamento. A assessoria de comunicação da Guarda Municipal (GM) informou que foram recebidas diversas denúncias de descumprimento das medidas durante a semana e que a equipe está empenhada na fiscalização. Porém, como não há nenhuma medida administrativa prevista como punição no decreto, a GM conta com a “educação e bom senso dos comerciantes”.
"É muito complicado pedir para as pessoas ficarem
em casa quando temos um presidente que
manda elas saírem" (Ruana Alencar, estudante)

Ruana Alencar demonstrou surpresa em ver o grande movimento de pessoas nas ruas, inclusive muitos idosos. A estudante pede ao poder público, a intensificação de medidas para manter as pessoas em casa, mas entende a dificuldade do processo. “É muito complicado pedir para as pessoas ficarem em casa quando temos um presidente que manda elas saírem”, reconhece.

Daisy Januário presta serviço para a prefeitura, por isso não pode parar de trabalhar, mas questionada a respeito do movimento de pessoas na rua, afirma que hoje foi o dia mais movimentado desde o início do isolamento social. “O povo não tá acreditando, acha que é brincadeira, é muito triste esse óbito e a rua cheia”, desabafou.
 

Em relação aos comerciantes que estão descumprindo as normas do decreto municipal, a Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Mariana (ACIAM) encaminhou a seguinte nota à Agência Primaz de Comunicação, por intermédio de seu gestor administrativo, Rubens Nunes:

A ACIAM está em home office, seguindo e orientando a todos que sigam as normas do decreto Municipal, das secretarias Estaduais e Municipais de saúde. Reafirmo: a hora é de seguir a legislação. Esta é a posição oficial da ACIAM e tudo que temos feito é para garantir a VIDA, e o que pode ser feito para minimizar os efeitos na economia está sendo tratado com o município e o Estado, sendo com o Estado através da nossa (representante de classe) FEDERAMINAS.

A HORA É DE ABSOLUTO SEGUIMENTO ÀS LEIS