As mudanças das relações de trabalho em tempos de pandemia

Mesa Amarela Objetos
Trabalho em meio ao descanso - Foto: Lui Pereira

Trabalhar em casa nunca foi tão essencial quanto nos dias atuais. Diante do coronavírus, o isolamento social causa impactos profundos na economia e, por isso, o teletrabalho torna-se uma alternativa possível para diversos profissionais.

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Designers, arquitetos, artesãos e vários outros profissionais, têm se adaptado com maior ou menor dificuldade às suas rotinas de trabalho no espaço doméstico. Daniele Avelar, advogada, se viu obrigada a transformar o trabalho antes realizado em escritório para um regime de home office. Mãe, ela tem o desafio duplo de trabalhar e cuidar de seu filho em tempo integral.

Daniele vê dificuldades na adaptação, especialmente por se tratar de uma situação compulsória: “para a maior parte das famílias, especialmente as mães, o desafio é manter uma atenção no trabalho enquanto cuida dos afazeres domésticos e da tutela dos filhos, além de organizar a rotina da casa para comportar essa situação”.

A assistente social Joyce Dias confessa ter alguns problemas para manter uma disciplina totalmente focada e percebe a importância do trabalho presencial. Se de um lado, o home office pode ajudar a manter a concentração em algumas tarefas, por outro, a distância dos colegas e do ambiente corporativo, pode atrasar fluxos de rotinas anteriormente bem mais simples. “Além da saudade dos amigos, claro”, completa.

Videochamada Home Office
Da esq. pra dir. Mayron, Joyce, Evelin e Daniele em vídeo-entrevista para a Agência Primaz de Comunicação

Estagiário de Marketing, Mayron Britto admite as dificuldades de trabalhar em casa: “é diferente do imaginado, os limites tem que ser muito bem delimitados, ao mesmo tempo em que você está em casa, você está no trabalho“. O estudante transformou seu quarto em escritório. “Agora eu arrumo minha cama todos os dias, nunca se sabe quando você vai precisar atender uma videochamada”, se diverte.

Evelin Ramos, analista de marketing, precisou manter alguns rituais para conseguir se concentrar no serviço. A jovem divide casa com outras três amigas e também precisou montar sua estação de trabalho no quarto, “Eu levanto, me arrumo toda, escovo os dentes, me visto para o trabalho que fica a poucos passos da minha cama. Tenho alguns colegas que usam o uniforme da empresa;, outros até mesmo crachá para se sentirem no trabalho”.

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Apesar de muitos desafios, trabalhar em casa, certamente tem suas vantagens, Mayron reconhece que poder acordar minutos antes do começo do expediente é um grande privilégio; Evelin se atenta para o fato de poder tirar uma soneca na hora do almoço em sua cama e usar o próprio banheiro; Joyce pode almoçar em casa todo dia e não deixa mais de receber suas encomendas. Enquanto isso, Daniele pode dedicar mais tempo e cuidado ao pequeno Daniel.

Serviços Essenciais

Muitas pessoas, porém, não tem a escolha de trabalhar à distância, como é o caso de funcionários que prestam serviços essenciais à população. Profissionais da saúde, da segurança, da limpeza e prestadores de serviços em geral, como cozinheiros, atendentes, caixas ou repositores de supermercado.

Atendentes de postos de combustíveis, frentistas, vendedores e técnicos de lubrificação precisam manter as frotas das cidades abastecidas, ainda mais em um momento onde os carros se tornaram uma alternativa de transporte mais segura em comparação ao transporte coletivo.

O trocador de óleo, Arlindo Silva, revela-se apreensivo diante da quantidade de pessoas nas ruas sem necessidade: “Eu também tenho família, estamos muito expostos aqui, precisamos que vocês que podem ficar em casa, fiquem”, desabafa.

Frentistas no posto de gasolina
Da esq. pra dir. Juciene, Arlindo, Elaine, Aneir e João Victor "Fiquem em casa" Foto: Lui Pereira

Juciene Souza é promotora de vendas e conta as adaptações necessárias em sua rotina. “Eu sempre gostei muito de ir à casa da minha mãe e hoje em dia fica difícil, eu me exponho aqui o dia todo e tenho medo de levar o vírus pra ela”. E completa: “Quem vai acabar adoecendo muito e de forma grave, somos nós os trabalhadores que não podem parar. Por favor, gente, fica em casa”.

A frentista Elaine Fonseca, explica a importância de se proteger e proteger os demais. “As pessoas transitam livremente pelas ruas, muitas vezes sem motivo algum, usam o bebedouro do posto e nós ficamos em contato com isso, correndo o risco da contaminação“, alerta.

A realidade de quem é obrigado a ter contato com o público não é fácil em tempos de pandemia, mas algumas medidas simples podem ser tomadas para ajudar a proteger esses cidadãos. Se puder fique em casa; saia apenas em caso de grande necessidade; lave bem as mãos; evite contato físico e mantenha uma distância segura de todos que você encontrar nas ruas.