Compartilhe:
Em entrevista coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (22), Marcos Eduardo Carvalho Gonçalves Knupp, pró-reitor de Extensão da UFOP, confirmou o cancelamento do Festival de Inverno de Ouro Preto 2020 devido à pandemia de Covid-19. O festival não acontecerá depois de 28 edições anuais consecutivas. O cancelamento foi anunciado após um pronunciamento da reitora Cláudia Marliére, sobre as atividades da instituição durante a pandemia.
*** Continua depois da publicidade ***
A videoconferência foi mediada por Chico Daher, Coordenador de Comunicação Institucional da UFOP. Além de jornalistas, também estavam presentes na sala virtual membros da Assessoria de Comunicação Institucional (ACI) e Gabriela de Lima Gomes, pró-reitora adjunta da Pró-reitoria de Extensão (PROEX).
O pró-reitor de Extensão justificou a não realização do Festival de Inverno 2020. “Em acordo com toda essa situação de segurança que a gente está tomando dentro da universidade, junto com as comunidades, as cidades que a UFOP tem seus campi, obviamente não seria possível a realização de um Festival de Inverno nos moldes como ele é atualmente. O festival acontece na rua, com aglomeração de pessoas, com a interação entre essas pessoas de forma presencial”.
“É uma movimentação econômica muito grande esse período do festival. Uma importância cultural muito grande pros grupos artísticos locais e também, obviamente, palco para grupos artísticos de vários locais do Brasil e do exterior. Estaríamos hoje na 53ª edição. Então, [cancelar o Festival de Inverno 2020] é uma decisão pra gente muito pesada. Mas, como a professora Cláudia disse, nós estamos preservando vidas com essa atitude” (Marcos Knupp)
Sem o Festival de Inverno 2020, a pró-reitora adjunta anunciou, para junho, o lançamento da 1ª Mostra Multi de arte e cultura. Gabriela reforçou, no entanto, que o objetivo da mostra não é substituir o festival. “A intenção não é uma substituição mas, sim, suavizar essa tensão estabelecida pela pandemia de Covid-19. A gente pensou essa mostra em conjunto com a Coordenadoria de Comunicação Institucional e isso nos deu fôlego para realizar uma mostra que tem como tema a palavra ‘Interações’. A partir dessas possibilidades de interação, a mostra foi pensada para a promoção do fazer artístico.”
A mostra prevê exibições, atividades e interações por meio da internet. “A gente propõe essa possibilidade de mergulho, de experimentação, para nós uma nova experiência, dentro de uma mostra promovida e realizada nesse universo digital. Nós abordamos as áreas das artes cênicas, artes visuais, audiovisual, culturas digitais, memória e música. Abrimos um edital do dia 15 ao dia 21. Recebemos diversas inscrições de alunos com propostas que serão curadas por essas áreas”, explica a pró-reitora adjunta.
De 8 a 16 de julho de 1965, por iniciativa da artista plástica Erna Antunes, foi realizado o 1º “Festival de Arte Ouro Preto e Mariana”, idealizado com a finalidade de promover o desenvolvimento da arte e do turismo nas duas cidades, e contou com a participação de artistas locais e do então Estado da Guanabara. O evento teve boa projeção e serviu como modelo de como poderia ser o Festival de Inverno.
Em 1967 aconteceu o primeiro Festival de Inverno de Ouro Preto, idealizado por um grupo de professores da Fundação de Educação Artística (FEA) em conjunto com professores da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e recebeu apoio da Escola de Farmácia de Ouro Preto. O evento nasceu como um dos mais importantes encontros artísticos nacionais e jornais da época atribuíram à cidade o status de “Capital das Artes”.
O evento teve formatos variados durante boa parte da década de 70 e chegou a acontecer simultaneamente em diversas localidades, sendo o ápice em 1974, com 17 cidades por todo o estado de Minas Gerais. Em 1979, com o escândalo da prisão do grupo teatral Living Theater e a repressão militar, a edição de 1980 foi cancelada e a partir de 1981 o Festival passou a ter um formato mais modesto e acontecer em cidades como Diamantina, Belo Horizonte, São João del Rey e Poços de Caldas. O festival retornou a Ouro Preto apenas em 1993, ainda com a produção da UFMG.
*** Continua depois da publicidade ***
Entre 2000 e 2003, o Festival de Inverno passou a ser produzido pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) em conjunto com a Prefeitura Municipal de Ouro Preto. Em 2002, o evento passou a ocorrer nas cidades de Ouro Preto e Mariana conjuntamente e em 2004 a Ufop passou a se responsabilizar diretamente pela organização do festival que passou a se chamar Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana – Fórum das Artes, em 2019 pela primeira vez o evento aconteceu também na cidade de João Monlevade.
Um dos maiores eventos culturais de Minas Gerais, o Festival de Inverno tem enorme relevância cultural e histórica para o estado, por diversas vezes serviu como ponto de encontro de talentos, Oficcina Multimédia, Uakti e Grupo Corpo são exemplos de grupos artísticos fundados através da união de participantes de oficinas artísticas oferecidas pelo festival.