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A proposta do texto é iniciar uma discussão a respeito dos desafios que os municípios da nossa região terão que enfrentar a partir da normalização das suas atividades com o fim da pandemia da Covid-19. O título sugerido aponta a discussão para os municípios da chamada Região dos Inconfidentes, contrastando os desafios atuais e futuros com as suas potencialidades. Antes de mais nada é preciso especificar quais municípios fazem parte da citada Região.
A indagação procede, pois apesar do nome Região dos Inconfidentes estar associado, por várias razões, aos municípios de Mariana, Ouro Preto e Itabirito, em termos oficiais, não existe uma região ou microrregião geográfica brasileira com essa denominação e que agrupa os três municípios. Pode parecer insignificante, mas é importante esclarecer esta questão, pelos motivos que discutiremos posteriormente. Pois bem: a partir de 1989, os municípios brasileiros se agrupavam, em cada região e estado da federação, nas chamadas mesorregiões e microrregiões. Esta classificação se manteve até 2017, quando o IBGE mudou essa denominação para regiões geográficas intermediárias e imediatas. As Regiões Geográficas Imediatas têm na rede urbana o seu principal elemento de referência. Essas regiões são estruturas a partir de centros urbanos próximos para a satisfação das necessidades imediatas das populações, tais como: compras de bens de consumo duráveis e não duráveis; busca de trabalho; procura por serviços de saúde e educação; e prestação de serviços públicos, como postos de atendimento do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, do Ministério do Trabalho e de serviços judiciários, entre outros.(***)
Na classificação anterior, os municípios de Ouro Preto, Mariana, Itabirito e Diogo de Vasconcelos faziam parte da mesorregião Ouro Preto. Com a nova classificação do IBGE, as regiões intermediárias correspondem a uma revisão das antigas mesorregiões e as imediatas, por sua vez, substituíram as microrregiões. Em Minas Gerais, pertencente à região sudeste, os seus 853 municípios se distribuem em 70 regiões geográficas imediatas, que por sua vez são agrupadas em 13 regiões geográficas intermediárias. Nossa região passou a pertencer à região intermediária Belo Horizonte que compreende as regiões imediatas de Belo Horizonte; Sete Lagoas; Santa Bárbara-Ouro Preto; Curvelo e Itabira. Os municípios que fazem parte da região imediata Santa Bárbara-Ouro Preto são: Santa Bárbara, Catas Altas, Barão de Cocais, Mariana, Ouro Preto e Itabirito. A título de curiosidade, Diogo de Vasconcelos que pertencia anteriormente à mesorregião de Ouro Preto passou a fazer parte de região imediata de Ponte Nova.
Feitos estes esclarecimentos, voltemos para a nossa, não oficial, mas consagrada, Região dos Inconfidentes, ou seja: Mariana, Ouro Preto e Itabirito. Lembremos, entretanto, que em discussões oficiais que envolvam nossa região imediata, os outros três municípios mencionados devam fazer parte. Certo é que, Região dos Inconfidentes é uma marca forte que identifica bem nossos três municípios vizinhos, parte de uma mesma região imediata.
O três municípios possuem uma área total de 2988 km2 (OP-1.245; MA-1.200 ITA-543); População Total estimada (IBGE 2018) de 185.417 (OP-73.994; MA-60.142; ITA-51.281. O PIB total (IBGE 2015) é de R$9,617 bilhões (OP-3,918; MA-3,099; ITA-2,600). Os IDHs são considerados altos (PNUD 2010) – OP-0,741; MA-0,742; ITA-0,730. Este é um primeiro panorama dos três municípios da Região dos Inconfidentes cuja economia está fortemente atrelada aos recursos oriundos da mineração. Participam, em menor escala, as indústrias. Outras atividades importantes são os serviços, associados ao turismo, ao comércio, ao artesanato e prestadoras de serviços em geral. Destacam-se também a educação, com as participações da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), que demandam bens e serviços, em virtude do acréscimo populacional de estudantes de outras regiões de Minas e do Brasil que convivem boa parte do ano com os moradores locais. Atividades como agricultura, pecuária, apicultura e outras têm ainda uma participação pequena na economia da região, porém representam um potencial a ser explorado, dada a extensão territorial dos três municípios. Outra vertente da economia da região são as empresas de Tecnologia da Informação (TI), que começam a despontar como uma forte alternativa para o desenvolvimento de serviços e inovação.
Como foi dito no início, esta é uma primeira reflexão sobre os desafios atuais e futuros que a região terá que enfrentar pós pandemia. Sejam eles nas áreas sanitárias, econômicas, educacionais e socais para uma saída gradual, como para recuperar estas estruturas após o fim da pandemia.
A SOLIDARIEDADE, para alguns quase que forçada pela constatação de que “estamos em um mesmo barco” – para uns poucos um iate e para a grande maioria um caiaque – veio mostrar o caminho para a superação das grandes desigualdades sociais, do consumismo desenfreado, da destruição dos ambientes naturais e principalmente da indiferença da humanidade frente a estes grandes problemas. É esta solidariedade, demonstrada por entidades públicas, empresas privadas e a sociedade em geral que se espera para a recuperação da nossa Região dos Inconfidentes.
E ela tem que começar já, ainda com os atuais gestores municipais. Mas principalmente, devemos exigir dos futuros candidatos nas próximas eleições municipais (prefeitos, vices e vereadores) um compromisso com a discussão de um projeto para o desenvolvimento da região, unindo esforços das três administrações municipais para a solução dos grandes problemas que teremos de enfrentar.
Essa é uma tarefa que exigirá liderança, sabedoria e humildade dos futuros gestores dos municípios de Mariana, Ouro Preto e Itabirito. Sem deixar de lado o debate e as proposições para enfrentamento das questões locais, entendemos que a união trará grandes benefícios para todos.
Nos próximos textos vamos refletir sobre os desafios e as potencialidades dos municípios da Região dos Inconfidente, abordando aspectos como mineração, emprego e renda, turismo, cultura, educação, saúde, saneamento, agricultura, mobilidade, esporte e lazer e outros. Contamos com a contribuição da Agência Primaz de Comunicação e de todos aqueles que não abandonam o debate e acreditam no bem comum e na DEMOCRACIA.
(*) Jorge Adílio Penna é Professor Titular aposentado da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)e músico
(**) Créditos das fotos originais: Mariana (Julio Imagenations), Ouro Preto e Itabirito (Gutierrez L. Coelho)
(***) Extraído de “O recorte das regiões geográficas imediatas e intermediárias de 2017” (IBGE). Clique aqui para acessar.