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Em tempos de eleições, como as que se aproximam, os políticos revisam suas posturas e buscam as melhores estratégias para agradar o povo. É o momento de analisar os cenários, as tendências e calibrar os discursos àquilo que os eleitores mais desejam. É um trabalho bem técnico e cada vez mais tecnológico. A eleição do presidente norte-americano Donald Trump, por exemplo, baseou-se numa análise minuciosa das redes sociais que o permitiu falar exatamente o que os eleitores queriam ouvir. As últimas eleições presidenciais no Brasil não foram diferentes. O racional e o emocional se enfrentam o tempo todo e os eleitores devem ficar atentos.
No campo da racionalidade os resultados são essenciais. Como foi gasto o dinheiro público? Como foram enfrentados os desafios que surgiram nos últimos anos? Qual a viabilidade dos projetos apresentados? Qual a qualificação técnica do candidato? Mais importante ainda: como estava o município há quatro anos e o que melhorou desde então? Além das promessas, o eleitor deve julgar a trajetória que vem sendo traçada pelos atuais gestores, comparando o agora com o início da gestão em 2017. Não é apenas uma análise de desejos, mas de rumos, já que um mandado de quatro anos é pouco para grandes transformações. Nesse tipo de análise não importa o carisma do político ou as promessas que ele faz, mas o que realmente está sendo feito e proposto.
Noutro giro, numa análise mais sensível da gestão e dos candidatos, os desejos dos eleitores devem ser considerados. Não adianta só resolver o básico e fazer a cidade funcionar tranquilamente bem, já que as pessoas sonham com obras, serviços e prazeres para os quais os candidatos devem estar atentos. É nessa pegada que as promessas, por mais absurdas que pareçam, conquistam muitos votos. O político deve ter o pé na lama, visitar todos os cantos e sentir tudo o que o povo sente. Mais do que bom gestor, deve ser empático, acessível e bonitinho aos olhos da maioria. De dentro de gabinetes envolvidos em números ou fazendo vídeos nas redes sociais não conseguem entender o sentimento do povo.
Entre esses dois tipos de análises, racional e emocional, o pêndulo do equilíbrio deve achar o descanso. De políticos populistas, bonitinhos e carismáticos que prometem muito e fazem pouco todos queremos distância. Da mesma forma, os políticos técnicos que buscam o controle das contas públicas mais do que o bem-estar social não agradam. O ideal, portanto, é aquele que apresenta comprovada capacidade técnica e, ao mesmo tempo, sensibilidade para entender os anseios populares. Os eleitores devem votar com frieza, analisando tecnicamente o que está sendo feito, dito e proposto, mas sem deixar de lado a esperança de morar numa cidade cada vez melhor.
Dito isto e traçando paralelos com velhos ditados populares, nem tanto ao mar e nem tanto à terra, queremos governantes bonitinhos e sensíveis, mas que não sejam tecnicamente medíocres e ordinários.
(*) André Lana é advogado, militante nas áreas de direito público e gestão social