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E começa o ano de 2020. Clubes preparados para mais uma temporada, no caso do Brasil, e a Europa caminhando para descobrir os vencedores da temporada 19/20.
Nos campeonatos estaduais os clubes ainda disputavam rodada por rodada. No carioca, o Clube de Regatas do Flamengo chegou a ganhar o primeiro turno, a famosa Taça Guanabara, mas todos os times ainda estão em disputa pelo complicado e maluco campeonato do estado do Rio de Janeiro. Fala sério, quem entende Taça Rio e Taça Guanabara, onde o vencedor é o perdedor, o terceiro colocado é o campeão e quem perde ganha?
Enquanto isso, o campeonato paulista trazia as suas zebras. O já classificado Santo André liderava com 19 pontos, seguido por Palmeiras, São Paulo, Bragantino, Mirassol, Guarani e Santos, que também se classificaram para a fase mata a mata – até o último jogo tudo caminhava para o Timão não passar para a próxima fase, que triste, né?! Na parte de baixo da tabela a Ponte Preta e o Botafogo-SP lutavam para descobrir quem conquistava menos pontos. Eu aposto que o Botafogo cai – e isso não tem nada a ver com clubismo, nem por eu ser de Ribeirão Preto ou simpatizar com o Comercial.
Se, no Brasil, o futebol apresentava jogos nada emocionantes, o mundo estava em êxtase pelos Jogos Olímpicos. Em sua 32ª edição, a Olimpíada de Tóquio aconteceria entre os dias 24 de julho a 9 de agosto de 2020, com previsão de que 11 mil atletas, de pelo menos 204 países, disputando em uma das 33 modalidades de esporte. O que ninguém sabia era que a Olimpíada seria adiada.
Em dezembro de 2019, em Wuhan, foram detectados os primeiros casos de infecções pelo vírus, até então, desconhecido. A cidade, que fica localizada na China, apresentava as primeiras internações, mortes e boatos sobre um tal de Coronavírus. Com o tempo, a epidemia já era uma pandemia e o mundo todo estava em desespero. Em toda a história, somente as Olimpíadas de 1916, em Berlim, 1940, no Japão, e 1944, em Londres, não aconteceram por conta das guerras mundiais.
Hora de reinventar a programação
Com os campeonatos suspensos e o home office decretado, as emissoras tiveram que se reinventarem e alterarem a programação diária. Canais especializados em esportes transforam seus programas ao vivo em “lives”, e completaram a grade com partidas e eventos esportivos históricos, assim, tivemos a oportunidade de assistir novamente, ou pela primeira vez, grandes conquistas. E foi assim que eu pensei: minha chance de assistir jogos que sempre quis ter visto.
No começo eu me sentia a estranha por assistir aos jogos do Brasil da Copa de 70, 82, 94, à final de 2002 e aos jogos do Pele. O futebol é mesmo interessante, né? A cada jogo que eu assistia pela primeira vez, mesmo sabendo o resultado, era uma emoção a cada passe, a cada gol feito ou gol perdido. Eu analisava, comentava e cornetava tudo com o meu pai, mais um louco por futebol.
Como uma apaixonada por futebol e torcedora verde do Palmeiras preciso assumir que chorei assistindo a grande final do Campeonato Paulista de 1993. Foi uma vitória tão importante para a história da Academia Palestra que a Mancha Verde tem uma música para esse dia, afinal, não é sempre que o time encerra um jejum de 16 anos sem títulos ganhando em cima do rival, e por 4 a 0.
A partida aconteceu no dia 12 de junho de 1993, no Estádio do Morumbi. O Palmeiras precisava vencer o segundo jogo da final e, assim, a partida iria para a prorrogação, já que o Corinthians ganhou o primeiro jogo por 1 a 0, gol marcado pelo artilheiro da competição, o Viola.
Logo no primeiro tempo o Palmeiras abriu o placar quando, após um passe do centroavante Evair, o meia Zinho acertou um magnífico chute de perna direita.
No segundo tempo, Mazinho fez uma bela jogada pela esquerda e cruzou para Evair deixar o dele. Pouco tempo depois, Daniel Frasson cruzou da esquerda, Evair chutou, bateu na trave e, na sobra, Edílson ampliou para o Verdão. Com esse placar, o Palmeiras jogava pelo empate na prorrogação, mas Evair marcou de pênalti o gol do título.
É, a quarentena é um saco, eu sei, todos nós sabemos, mas até que eu gostei da oportunidade de assistir à clássicos dos quais ouvia histórias.
(*) Luiza Boareto é jornalista graduada pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), comentarista profissional de programas da TV e apaixonada por esportes. Encontrou seu Caminho fazendo intercâmbio em Lille, mas acha que o esqueceu lá.