APLs e o pensamento cooperativo que dá certo

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “editoriais”

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Em meu último artigo aqui para a Agência Primaz, onde eu falava sobre o cooperativismo como forma de salvar a economia de Mariana, eu terminava o texto dizendo que tal do “novo normal”, sem colaboração tudo será mais difícil. Pois bem: se tem uma coisa que a gente não precisa é que as coisas fiquem ainda mais difíceis, não é verdade? Por isso, esta segunda parte do texto busca apresentar casos de onde o trabalho em conjunto tem produzido bons efeitos para os bolsos de algumas pessoas mesmo durante a maior crise econômica da história.

E para começar, que tal dar uma voltinha ali por Congonhas?

Coopertran e a morte dos app de transporte

Inspirada em vários casos de plataformas digitais cooperativas, a mineira Coopertran (Cooperativa de Transporte Rodoviário), de Congonhas, lançou no mês passado o aplicativo PODD – Pay On Demand como resposta à insatisfação dos motoristas com as plataformas de mercado, como Uber e Livre.

A ideia é unir o conceito cooperativista, no qual o motorista é realmente dono do negócio, à atual necessidade do mercado, culminando na valorização dos motoristas, trazendo benefícios e segurança.

O caso das Artesãs do Vale do Jequitinhonha

Quem coloca os pés na cidade de Turmalina pode aproveitar para se refrescar nas águas do Rio Araçuaí, comprar alguma coisa na feira comunitária ou até comer um burgão indicado pelo Tripadvisor. Ou seja: tem opções para todo tipo de turista, inclusive para aqueles que quiserem comprar alguma lembrancinha da cidade depois de ter voltado para casa.

Graças a uma ação em conjunto entre o Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene), a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas e a Associação dos Lavradores e Artesãos de Campo Alegre, os produtos artesanais em cerâmica, desenvolvidos pelas artesãs das comunidades rurais de Turmalina agora podem ser comprados online em diversas lojas varejistas de todo o país.

De acordo com o  texto publicado pela Secretaria de Desenvolvimento, “o grupo, formado por mulheres de 80 famílias, superou a crise econômica causada pelo novo coronavírus e bateu a marca de R$ 140 mil em vendas”. Ainda de acordo com Frederico Amaral, Superintendente de Desenvolvimento de Potencialidades Regionais, “é muito gratificante ver o resultado do trabalho desenvolvido com as artesãs. Por causa da pandemia, não há nenhuma feira de artesanato ocorrendo no país, portanto não há como comercializar. A conquista desta venda em grande proporção é a garantia de novas portas e outros mercados”.

A APL de Fruticultura no Vale do Mundaú

No final de 2015, alguns produtores do Arranjo Produtivo Local (APL) Fruticultura no Vale do Mundaú, do Alagoas, receberam do Ministério da Agricultura, uma aguardada certificação de produção orgânica, responsável por valorizar em até 30% seus produtos comercializados. Esse grupo, categorizado como APL, conta com 50 produtores orgânicos, número que vem aumentando em função da aptidão dos participantes e da procura por esse tipo de alimento.

Aproveitando que o papo são APLs, vale dizer que estive recentemente na frente de um projeto que visa fomentar um Arranjo Produtivo Local do segmento de tecnologia aqui na região dos Inconfidentes, englobando Itabirito, Mariana e Ouro Preto. E como esse papo é bastante amplo, tem vários enraizamentos e pode impactar positivamente a nossa economia, acho que cabe um spoiler: as APLs serão a próxima forma de salvar a economia de Mariana que irei abordar na próxima quinzena.

Nos vemos lá.

(*) Kelson Douglas é Diretor criativo da I Love Pixel, fundador do Valin, o vale de inovação de Mariana e Ouro Preto, embaixador do Montreal International e lider local do Startup Weekend e da IxDA, a associação mundial de design de interação

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