Ao vencedor, as gavetas: assim começam as Eleições 2020 em Mariana
- Marcelo Sena
- Lui Pereira
- 18/09/20 às 13:31
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O período de convenções municipais terminou no dia 16 de setembro e, com ele, afunilaram-se as opções de candidatos e candidata à Prefeitura de Mariana. Como único veículo de comunicação da Região dos Inconfidentes a cobrir todas as principais convenções ocorridas em Mariana, a Agência Primaz de Comunicação publica agora uma análise de tudo que acompanhamos dessa importante etapa das Eleições 2020.
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Mariana, 1ª cidade de Minas e conhecida como “terra da gaveta”, terá em 2020 mais um importante processo de escolha de seus representantes e, nos últimos dias, um novo passo foi dado nessa direção. Entre 5 e 16 de setembro, foram realizadas as convenções municipais partidárias na cidade, das quais saíram 6 chapas que concorrerão aos cargos de prefeito(a) e vice nas Eleições 2020.
De todos os partidos que lançaram candidaturas a chefe do Poder Executivo, apenas o PSTU realizou sua convenção de forma virtual, metodologia autorizada neste ano por causa da pandemia de Covid-19. Por isso, a Agência Primaz realizou uma densa cobertura das convenções municipais e acompanhou de perto as costuras ocorridas nessa fase de registros de candidaturas. Foram mais de 50 entrevistas entre pré-candidatos, lideranças políticas, deputados, advogados e diretores de partidos. Agora, nós publicamos esta matéria analítica, a partir das percepções extraídas da cobertura das convenções.
Gente grande na disputa
Capital. Político ou financeiro, esse pode ser um bom divisor de águas para organizar a nossa narrativa sobre o que se esperar das Eleições 2020 em Mariana. Partindo do ponto de que se precisa de dinheiro para fazer campanha, nem que seja para comer enquanto se pede um voto, dois candidatos já demonstraram ter bastante poder aquisitivo para investir em campanhas.
Ao acessarmos o portal do Tribunal Superior Eleitoral e focarmos nos dados das eleições de 2016, veremos que Newton Godoy declarou um patrimônio de R$1.667.196,75 e uma doação de R$ 300 mil reais na campanha que elegeu Duarte Júnior prefeito de Mariana. Já Roberto Rodrigues declarou ter, em 2012, um patrimônio de mais de R$18 milhões e disse ter investido mais de R$ 200 mil na campanha. Em 2016, enquanto estava inelegível, sua esposa Martha Rodrigues foi candidata a prefeita e declarou um patrimônio de mais de R$ 27 milhões. Celso Cota, na disputa de 2012, declarou um patrimônio de quase R$ 3 milhões.
Em termos de capital político, demonstraram mais força neste início de campanha as chapas lideradas por Cidadania e MDB. Enquanto a chapa de Newton Godoy (Cidadania) e Tenente Freitas (Patriotas) busca administrar as dores e delícias de propor uma continuidade ao governo Duarte Jr., o ex-prefeito Celso Cota (MDB) posiciona-se como solução para os problemas da cidade, ainda que a chapa com o petista Cristiano Vilas Boas (e a frente PT-PV-Avante) esteja sempre acompanhada de muitos questionamentos. Certo é que as duas chapas contém alguns vereadores que buscam reeleição, além de diversos nomes conhecidos da política marianense e jovens candidatos que têm usado as redes sociais como principal ferramenta de campanha. Pelo PTB, o ex-prefeito Roberto Rodrigues e o vereador Deyvson Ribeiro (Democratas) formam uma chapa que aparenta ter muitos recursos financeiros à disposição da campanha.
O protagonismo dos candidatos a vice
As campanhas de pré-candidaturas e as “costuras” (como ouvimos muito no jargão político das convenções) indicavam o interesse de membros da atual legislatura da Câmara em disputar um cargo no Poder Executivo em 2020. Além de Bruno Mól, os vereadores Cristiano Vilas Boas, Deyvson Ribeiro e Tenente Freitas já haviam declarado o interesse de seus partidos em lançar uma candidatura própria ao Executivo, tendo seus nomes como candidatos a prefeito.
Quem acompanhou as reuniões da Câmara Municipal de Mariana durante o atual mandato, viu os vices de Celso e Newton em posturas bastante diferentes das tomadas nas convenções. Enquanto Cristiano fazia parte da chamada “bancada do governo”, tendo inclusive assinado um documento, ao lado de outros 9 vereadores, de apoio à candidatura de Newton Godoy para prefeito de Mariana, Tenente Freitas afastou-se do governo depois das eleições de 2016 e declarava, assim como Deyvson Ribeiro, que tinha um mandato “independente” na Câmara. As críticas à atual gestão intensificaram-se depois do anúncio de seu interesse de se candidatar ao executivo.
Seja por ficar isolado enquanto os colegas fechavam acordos, ou por perceber o tamanho da disputa que se desenha, Deyvson Ribeiro (Democratas) manteve-se como opção de terceira via ao executivo até os 45 do segundo tempo, mas fechou questão com Roberto Rodrigues (PTB) e será o principal responsável pela formação da base política da chapa na cidade.
Assim, ainda que os cabeças dessas três chapas gozem de farto capital financeiro, a escolha dos vices foi o que movimentou a fase de registros de candidaturas. Mesmo com o PT rachado, Cristiano Vilas Boas foi disputado pelas chapas de Newton e Celso e levou, consigo, o apoio de PV e Avante para a coligação com o MDB. Tenente Freitas garante uma chapa mais leve ao Cidadania, mas ainda terá que provar sua real contribuição para a campanha. Já Deyvson conseguiu, nos últimos instantes, formar um grupo para não disputar sozinho a prefeitura, mas terá a missão, ao lado de Sônia Azzi, de fazer com que Roberto Rodrigues tenha mais contato com o eleitor.
Correndo por fora…
De todos os colegas de Câmara que demonstraram interesse em ocupar um lugar no Poder Executivo no próximo mandato, apenas o vereador Bruno Mól (Republicanos) confirmou sua candidatura como cabeça de chapa. Ao lado do médico Rodrigo Miranda (PDC), Bruno aparece como o candidato mais próximos das ideologias de direita na cidade.
Na outra ponta da régua, os partidos PSTU e PSOL organizaram a “Frente Mariana Socialista”, que apresenta os nomes dos professores Patrícia Ramos e Yuri Gomes, ambos do PSTU, como candidatos a prefeita e vice. Além da coligação majoritária, o PSTU inovou nessas eleições ao apresentar três candidatos à Câmara de Mariana. Pela Rede Sustentabilidade, Chico Veterinário tenta pela segunda vez ser prefeito, ao lado do professor Luis Salles Júnior.
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Campanha e pandemia de Covid-19
Se as convenções municipais prenunciarem o que será a corrida eleitoral deste ano em Mariana, uma coisa é certa: teremos um terreno fértil para a proliferação da Covid-19 no município. As convenções foram locais de grandes aglomerações e, com muita frequência, as pessoas tiraram as máscaras para falar ou aparecer nas fotos, ainda que a maioria dos diretórios tenha disponibilizado álcool e promovido a demarcação de assentos.
Aos candidatos, e repórteres, que estiverem lendo esta matéria: a qualidade do áudio gravado pelos celulares nas entrevistas, com ou sem máscara, é idêntica.
A “renovação” da Câmara
Sem Bruno Mól, Cristiano Vilas Boas, Deyvson Ribeiro, Tenente Freitas, Danielly Santos e Geraldo Sales na disputa do legislativo, temos a certeza de que quase 40% da atual legislatura não estará na casa de leis em 2021. Isso não garante, no entanto, que o próximo mandato será marcado por uma efetiva renovação. Além dos atuais vereadores que concorrem à reeleição, muitos ex-vereadores estarão na disputa nas Eleições 2020.
Com as gavetas, os gaveteiros
Ser prefeito de Mariana não deve ser uma coisa ruim. Se fosse, não teríamos tanta gente disputando essa cadeira. Ainda assim, são grandes as responsabilidades assumidas por aquela ou aquele que chegar ao posto. Toda cidade é feita de pessoas e os cidadãos precisam e merecem melhores condições de vida. Entre os desafios a serem enfrentados, a questão do transporte público já foi publicada pela Agência Primaz. Até o dia 15 de novembro, pretendemos abordar outros temas importantes para a cidade, além de interrogar os candidatos, com o objetivo de ajudar o marianense a fazer a melhor escolha para a Primaz de Minas.
Portanto, acompanhe a nossa cobertura, pois a gente informa, mas quem vota é você.
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