O Dilema das Redes: um forte alerta sobre o poder das redes sociais
Criadores do mecanismo das redes sociais chamam atenção para os perigos que empresas como Facebook e Instagram têm em nossas vidas. E no Mundo
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Ouça o áudio de "O Dilema das Redes: um forte alerta sobre o poder das redes sociais", de Kael Ladislau:
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Qualquer que seja a forma como você, leitor/ouvinte, chegou até aqui, eu poderia cravar que foi por meio das redes sociais. E sem medo de errar. Na verdade, não precisa ser nenhuma Mãe Dinah para saber que essa é a possibilidade mais óbvia.
É sobre esse grande poder das redes sociais que O Dilema das Redes, novo documentário da Netflix, trata. Na verdade, a obra parece ser um grande mea culpa de antigos CEOs, funcionários, engenheiros, marqueteiros dessas empresas que tomam conta da internet. E das nossas vidas, pautando nossa cultura, identidade e, claro, o que consumimos.
O Dilema da Redes é um documentário em formato tradicional, com depoimentos dessas pessoas que estiveram na criação de mecanismos que conhecemos bem. Como o botão de curtir do Facebook. Ou mesmo da barra de rolagem que nos permite atualizar a nossa timeline.
Parecem escolhas simples para ações insignificantes, mas tudo é um produto muito bem planejado e pensado para que usemos cada vez mais a tela do celular. E não sou eu afirmando isso. São afirmações que saem da boca dessas pessoas que desenvolveram esses produtos.
Além dos depoimentos, há uma parte ficcional que nos mostra como é o dia a dia de uma família que tentar a todo custo tirar os filhos dessas armadilhas virtuais, fazendo até mesmo uma brincadeira de como agiriam os robôs das redes sociais e como eles pautam a vida das pessoas.
É ficcional, mas é algo totalmente identificável nos dias de hoje: uma pré-adolescente que quer ganhar vários “curtir” em sua foto e que tem seu humor pautado apenas nisso. Um jovem que cai facilmente nas armadilhas das teorias da conspiração que vídeos no Youtube promovem; uma jovem adulta que vive alertando sobre como a tela do celular é perigoso para os filhos e, claro, os pais que tentam a todo custo ter uma vida familiar normal, físico.
Essa brincadeira narrativa do documentário cabe perfeitamente entre as falas dos entrevistados que assumem: quanto mais tempo você fica na tela, mais tempo você está propenso a ver um anúncio. E o anúncio é a forma como essas empresas como Facebook e Instagram ganham dinheiro.
O maior problema que o doc apresenta para seu telespectador não está só no fato de que essas empresas lucrem com os anúncios. E sim ao fato de elas recolherem dados das pessoas e conseguir pautar a sociedade como um todo. Esses entrevistados reconhecem que a ação das redes sociais conseguem, hoje, movimentar a economia, criar conflitos internos e decidir eleições ao redor do mundo graças ao poder de indicar aos usuários o que eles devem consumir como conteúdo na internet.
Seja pela proliferação das fake news, da criação de uma grande rede de desinformação em que teorias das conspirações ganham o mundo, dando voz a pessoas que acreditam que a terra é plana, que vacinas são meios de controle do governo ou que o coronavírus é uma mentira criada pela China ou pela TV.
Fica um alerta sério sobre onde podemos parar diante o poder das mídias sociais em nossos dias. Parece uma coisa de louco, mas essas mesmas pessoas que ajudaram a construir esses mecanismos, tenham regras domésticas e pessoais de evitar essas armadilhas.
Seja como for que você usa a internet, o Dilema das Redes indica o perigo desse uso e sobre a necessidade de se repensar formas de parar com esse poder das redes. E parece ser sim algo possível de se acontecer.
O documentário abre com uma frase de Sófocles que resume bem o tema proposto: “nada grandioso entra nas vidas dos mortais sem uma maldição”.
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