Os dirigentes vão embora, mas as manchas deixadas na história não

“Um clube de futebol é muito mais que uma diretoria, mas se os dirigentes chutam a bola pra fora, quem paga a conta são os torcedores, os amantes, e não os senhores que terminam os mandatos”

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “editoriais”

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Torcida protestando contra o "futebol moderno" (Foto Irlan Simões/Caros Amigos)

O magnífico escrete inglês começou no Brasil como algo apenas para a elite e como organizações esportivas sem fins lucrativos. Na maioria dos casos, clubes de remos, de campos ou sociedades se juntavam e fundavam um esporte clube. Bom, na verdade, era mais ou menos assim né, e, o que sabemos é que, no início, nem negros podiam jogar e, muito menos, as mulheres.

Mas, o que quero falar aqui não é a história do início do futebol, quero trazer um questionamento sobre o presente e o futuro. Vamos lá.

O jogo jogado com os pés tornou-se mais do que um hobby ou um esporte. Tomando proporções gigantescas, em pleno século XXI, a receita de um clube chega a ser milionária e até bilionária, caso ele seja uma equipe da elite, dos campeonatos mais disputados e patrocinados do mundo. Isso por conta da mídia e da visibilidade cada vez maior do futebol.

Claro que quanto mais mídia, mais dinheiro, e, quanto mais dinheiro, mais pessoas olham o mercado como uma forma de enriquecer. O que algumas pessoas não sabem é que: futebol não dá dinheiro – a não ser que você roube ou desvie*.

O que o futebol oferece em troca para os donos de clubes são outras coisas como geopolítica, política eleitoral e mercado de capitais, se o dono ou a diretoria não se encaixa nesses quesitos, é um dono alheio mesmo.

Bom, continuando com o raciocino, se uma diretoria de um clube não é formada por pessoas alheias ou amantes pelo clube, claramente estão em busca de algo a mais que a visibilidade de dirigente pode oferecer. Mas, até onde essa troca é justa?

Vou apontar dois atuais casos do futebol brasileiro:

O primeiro é o caso do Cruzeiro, na qual a última gestão do clube mineiro deixou um rombo gigantesco. Dados da consultoria Pluri mostram que a Raposa superou todos os times e se tornou o clube com mais problemas financeiros no Brasil. Com uma dívida que somada bate R$1 bilhão, o cabuloso está jogando a Série B do brasileirão pela primeira vez, mas não está apresentando uma campanha de quem deseja subir.

Afogados em dívidas, a atual gestão tem que fazer malabarismo para pagar as contas, contratar jogadores e, tudo isso, com muito protesto dos torcedores.

Outro caso muito comentado, e xingado, é o da atual diretoria do Flamengo. Considerado um dos maiores clubes do Brasil, a equipe de Landim é altamente criticada por tomar decisões, vamos dizer, pensando no próprio umbigo, não da equipe em sim, mas da diretoria mesmo. Algumas atitudes são mal vistas e criticadas até por funcionário.

Mas, também, o que esperar de uma diretoria que luta pela volta do esporte em meio a uma pandemia, que demite funcionários e, mesmo que o COVID 19 não esteja controlado, deseja torcedores nos estádios? Seria basicamente algo formado por pessoas que pensam menos no Flamengo e em sua história, e mais em dinheiro.

E, nesse breve conteúdo informado, concluímos que uma diretoria é passageira, mas as atitudes tomadas por ela podem manchar a história de um clube.

*A frase que diz que futebol não dá dinheiro foi retirada de um estudo, você pode ler mais sobre esse assunto no livro “Clube Empresa”, a continuação do roubo foi uma observação minha.

(*) Luiza Boareto é jornalista formada pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), comentarista profissional de programas de TV e apaixonada por esportes. Espero que “o teu desejo seja sempre o meu desejo”. Mas se não for, é culpa do meu sol em Leão

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