Era uma vez no Oeste: uma obra máxima disponível na Netflix
O longa de 1968 é um clássico indispensável para qualquer tipo de fã!
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- Kael Ladislau (*)
- 19/10/2020
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Qualquer usuário sabe que a Netflix não vive só de lançamentos de seus próprios filmes. Na verdade, seu catálogo é recheado de obras de outras épocas que vira e mexe aparecem disponíveis para o telespectador.
E uma dessas obras é um clássico absoluto. Uma obra-prima que transcende tempo, espaço e gênero: Era uma Vez no Oeste, do Italiano Sergio Leone.
Transcende tempo, porque é uma obra de 1968 que é aclamada até hoje. Transcende espaço porque é um filme italiano ambientando os Estados Unidos e transcende gênero, por se tratar de um típico gênero americano, feito por europeus: o faroeste. Nesse caso, um faroeste espaguete.
Um parênteses rápido sobre esse subgênero: os faroestes espaguetes são aqueles filmes feitos por italianos – geralmente filmados em países como Espanha e a própria Itália – mas sobre o mais estadunidense dos gêneros cinematográficos. Isso aconteceu sobretudo pelo embargo que o governo fascista fez a tudo que era do novo continente. O problema é que os italianos eram apaixonados por esses filmes. Então, fizeram eles próprios seus faroestes.
Esse fenômeno não acabou com a guerra e foi se alastrando até meados dos anos 60, quando esse subgênero ganhou proporções mundiais com os clássicos de Sergio Leone, talvez o maior diretor de faroeste na Itália (pessoalmente ouso mais, de todos os tempos!).
E é justamente Era Uma Vez no Oeste que o ápice desse subgênero surge, tanto que é “acusado” de ser o mais hollywoodiano dos espaguetes. Não é pra menos. Com a fama alcançada pela trilogia dos dólares – ou do homem sem nome – que imortalizou Clint Eastwood, os americanos, que nunca foram bobos, abraçaram os espaguetes e grandes estúdios foram atrás de Leone para um novo clássico.
O parênteses ficou longo, mas não posso deixar de falar que o espaguete não se resume a Sergio Leone. Outro Sergio, o Corbucci, também foi outro a criar clássicos que hoje são cults, como “O Vingador Silencioso” e “Django”.
Mas é Leone, certamente, que ilustra melhor essa safra. Era Uma Vez no Oeste conta uma história que gira em torno da ambição de uma grande empresa de ferrovia por terras de colonos.
Veja bem: só esse mote é um suco da história norte americana e da colonização do oeste. E repito, tudo escrita por italianos (mais uma vez, uma dupla de Sergios: o próprio Leone e Sergio Donati).
Bom, nisso, temos o implacável Frank, que é incorporado pelo galã Henry Fonda (que sempre foi conhecido por viver mocinhos). Ele é o assassino que chacina colonos para que as terras sejam vendidas e compradas por seus chefes. Um desses assassinados é o marido de Jill McBain, vivida pela musa Claudia Cardinale.
A acusação da morte de seu marido recai em Cheyenne, no corpo do ator Jason Robards. E na trama, surge um misterioso pistoleiro sem nome. Uma marca registrada nos filmes de Leone. E se antes, esse pistoleiro sem nome era vivido por Clint Eastwood, aqui ele é imortalizado por Charles Bronson.
Aliás, sem nome, nada: o pistoleiro é conhecido por seu instrumento musical, recorrentemente usado por ele, a gaita. No caso, harmônica!
Por falar em instrumento musical, é impossível não citar o gÊnnio por trás da trilha sonora: o lendário Ennio Morricone. Que aqui se consagra ao lado de Leone definitivamente, criando uma obra extremamente marcante e incorporada ao filme. Não é por acaso, já que Leone “encomendou” a trilha antes das filmagens e ela foi fundamental para as atuações e a montagem do filme.
Por falar em atuações, outra marca dos filmes de Leone é incorporar diversas nacionalidades no seu elenco. Se nos filmes Por um Punhado de Dólares, Por uns Dólares a Mais e Três Homens em Conflito, ele alçou o americano Clint Eastwood em meio a atores italianos, como Gian Maria Volonté, em uma produção toda europeia, em Era Uma Vez no Oeste, temos nomes já consagrados, como Henry Fonda e Charles Bronson, juntos a Claudia Cardinale, já conhecida por 8 ½ de Federico Fellini.
Falar de obras como Era Uma Vez no Oeste sempre é pouco. E ter a oportunidade de assisti-lo, como agora na Netflix e não o fazer, é um grande desperdício. Vai lá. Vale a pena.
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