Um país mal administrado
“Gestão pública não pode e não deve ser coisa para amadores, aproveitadores ou aventureiros; é uma ciência com aplicações práticas em busca do bem comum”. (Vasconcelos, 2020)
- Júlio Vasconcelos (*)
- 25/10/2020
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Lá pelos idos de 2012 tive a feliz oportunidade de ter acesso a um Artigo do renomado Professor, Consultor de empresas e conferencista brasileiro, Stephen Kanitz, fazendo uma belíssima abordagem sobre o problema da má administração da gestão pública nosso País e que vale a pena ser comentado em alguns aspectos, principalmente tendo em vista as eleições que se aproximam.
Escreveu o Professor em um dos parágrafos iniciais do seu Artigo: “Embora o Brasil forme administradores públicos competentes, eles são os primeiros a serem preteridos para os principais cargos da administração pública. O escolhido é amigo de campanha ou colega da época estudantil”.
Infelizmente, o comentário do Professor pode ser comprovado facilmente; é só dar uma olhada no currículo da grande maioria dos ocupantes de cargos de confiança, carentes de experiência profissional como gestores e também carentes de formação acadêmica. O pior é que a grande maioria não está nem um pouquinho preocupada em investir no seu autodesenvolvimento: “enquanto sou amigo do rei, meu cargo está garantido”. E assim caminhamos de gestão à gestão.
O Professor afirmava que os Estados Unidos são a maior potência econômica mundial pela qualidade de suas teorias administrativas. Quarenta por cento dos colunistas americanos são ou foram gurus de administração, como Peter Drucker, Tom Peters e Michael Porter, que disseminam diariamente o mantra da eficiência, competência e boa administração. No Brasil, eles são substituídos por apadrinhados que desperdiçam seu tempo e o dos outros conversando fiado ou fazendo politicagem que não agrega nenhum valor ao desenvolvimento econômico, mas servem para manter a perenidade no cargo e encher os bolsos e as malas de dinheiro.
Infelizmente, afirmava ainda o Professor, nunca tivemos no Brasil um presidente formado em administração nem que tenha sido presidente de uma das 500 maiores empresas privadas antes de dirigir todo um país. À frente das gestões públicas municipais, o que mais temos são fazendeiros, comerciantes, médicos e empresários que mal frequentaram os bancos escolares e não tem a mínima noção do que é Gestão Financeira e Orçamentária, Gestão de Saúde, Gestão Ambiental, Gestão de Frota de Veículos, Gestão de Estoques, Gestão da Tecnologia da Informação, Gestão de Contratos, Gestão de Processos entre outros tipos de gestão e nem mesmo de Gestão de Pessoas, que é o maior patrimônio de qualquer instituição.
No final do seu Artigo, o Professor afirmava na época: “Vamos rezar para que sejam escolhidos para o primeiro escalão do governo executivos de primeira e ministros com experiência administrativa, que tomem decisões não por critérios políticos, mas por critérios de custos e eficiência”. Infelizmente, pelo visto não foi o que aconteceu e que nem vem acontecendo nos diversos níveis da gestão pública.
Rezar é sempre uma grande alternativa, como disse o Professor, principalmente para aqueles que tem fé, mas o que precisamos realmente neste contexto em que estamos vivendo é de partir para a ação, escolhendo conscientemente, na hora do voto, candidatos que que tenham realmente experiência, formação acadêmica e as competências necessárias para administrar um município, com princípios, valores e ética bem estruturados e além disso, tenham discernimento para acertar na escolha de seus assessores.
Quem tem ouvidos que ouça!
(*) Júlio César Vasconcelos é Mestre em Ciências da Educação, Professor Universitário, Coach, Escritor e Sócio-Proprietário da Cesarius Gestão de Pessoas.
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