Cobra Kai e o resgate da nostalgia dos anos 80
Cobra Kai revive um dos maiores clássicos dos anos 80, 34 anos depois.
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Ouça o áudio de "Cobra Kai e o resgate da nostalgia dos anos 80", de Kael Ladislau:
Você pode até ser mais novo, mas com certeza conhece as façanhas de Daniel San e do Senhor Miyagi contra os traiçoeiros brigões do Cobra Kai e a épica luta de Daniel contra Johnny Lawrence no final do torneio de Caratê e o famoso “golpe da garça”.
Karatê Kid é um clássico adolescente com doses mais puras dos anos 80 que, em 2018, retornou às telas em forma de série pelo Youtube Premium e hoje com duas temporadas na Netflix: Cobra Kai.
Não se trata de um Reboot como foi feito em 1994 ou em 2010, com Jack Chan e Jade Smith – filho de Will Smith. Nada: é uma sequência direta dos acontecimentos dos filmes clássicos dos anos 80 e com direito aos dois rivais de volta à tela: Daniel Larusso e Johnny Lawrence. Ambos nas peles dos atores originais: Ralph Maccio e Willian Zabka, respectivamente.
Aqui um adendo: a dupla de atores não foi exatamente um sucesso depois do primeiro filme. Ralph não fez outros grandes sucessos e viveu à sombra da fama de seu personagem, Daniel San. Willian, idem, mas seu personagem original não ficou tão imortalizado como o de Ralph.
Na série, vemos um Ralph meio durão e Willian um personagem bem caricato, um homem bêbado de temperamento forte e explosivo. Parece algo inerente a alguns atores teen da década de 80, mas vamos combinar: é absolutamente divertido ver os dois de novo na tela com seus personagens, que protagonizaram uma das lutas mais icônicas do cinema.
As consequências daquela luta que deu título e imortalizou Daniel são vistas hoje na vida de ambos: Larusso é um vitorioso dono de concessionária, bem de vida e com uma família estabilizada. Enquanto Johnny é um fracassado brigão entregue à bebida e que vive de bicos e que não tem um relacionamento muito bom com seu filho.
O temperamento de Johnny o faz perder o emprego de “marido de aluguel” e ele resolve trazer de volta o dojô que o fez ficar conhecido no caratê: o Cobra Kai. A faísca que o fez despertar esse desejo foi Miguel, um adolescente hispânico que sobre com o bulling dos brigões do colégio.
Exatamente o que foi um dia Johnny, mas, redimido, tenta reerguer o sucesso do Cobra Kai tratando essas pessoas fracassadas e vítimas de bulling na escola. O que não é bem visto por Daniel, que a todo custo tenta atrapalhar a vida do antigo rival.
Além de Miguel, a série inclui outros novos personagens nesse universo, como o filho “abandonado” de Johnny, Robby Keene e a filha querida de Daniel, Samantha (carinhosamente chamada de Sam ao longo do filme. Coincidência? Eu acho que não).
O trio de adolescentes se envolvem em uma cadeia de relações que acaba instigando ainda mais a rivalidade de Daniel e Johnny. O interessante é perceber a inversão de papéis que acaba acontecendo na série: se antes, Johnny era o brigão da escola na qual você odiaria conhecer, agora ele se torna aquele fracassado, mas carismático personagem pela qual você invariavelmente torce para que tudo ocorra bem com ele.
Larusso, por outro lado, era o “bullinado” pobretão que agora é um enfadonho empresário que, a todo custo, tenta tirar o seu antigo rival da jogada, ganhando, em algumas horas, o asco do telespectador.
Também acontece aos personagens novos, como Miguel, que inicia a série como um menino simpático que, com o poder do caratê, se torna um valentão meio chato. Robby, por outro lado, era um filho desapegado, brigão e valentão como um dia foi o pai. Que passa a ser um garoto esforçado, mesmo que faça as coisas apenas para irritar o pai.
Se essa cadeia de relações deixa tudo mais divertido em Cobra Kai, as referências e os easter eggs – aquelas referências escondidas que só os mais atentos percebem – torna a série ainda mais interessante. Sem falar dos flashbacks com cenas originais e não aproveitadas do filme de 1984, inclusive com o saudoso Sr. Miyagi, uma ausência mais que sentida na série, por motivos óbvios, já que Pat Morita – ator que incorporou o Sansei de Daniel San – faleceu em 2005.
A trilha ajuda a transformar a série mais nostálgica, com clássicos dos anos 80 de volta a tela, embalando momentos e dando a tensão necessária nas brigas – muitas, aliás! Os cenários também voltam à vista do espectador, que, se não recordarem dela, a série busca uma cena do filme para te ajudar a recordar.
Cobra Kai é um ótimo entretenimento que ajuda a resgatar aquele clima de anos 80 que muitos ainda são fãs. E é muito, muito nostálgica. São duas temporadas disponíveis na Netflix e com uma terceira prevista para 2021. Você não precisa necessariamente assistir ao primeiro filme para se ambientar na série, mas é claro que, se você souber o que se passa no original, a experiência será melhor.
Adeus ao primeiro dos James Bond
Enquanto esse texto era finalizado, foi noticiada a morte do primeiro James Bond: o ícone Sean Connery.
O ator escocês faleceu na noite do último sábado, enquanto dormia. Connery fez o famoso espião nas décadas de 60, 70 e 80 e é apontado como o melhor James Bond. Além da franquia, Sean fez clássicos como Em Nome da Rosa, Indiana Jones e a Última Cruzada e Os intocáveis, filme que lhe rendeu um Oscar de melhor ator coadjuvante em 1988.
Sean tinha 90 anos, 60 só de cinema.
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