Juliano Duarte critica Transcotta e lamenta situação de interinidade na Prefeitura de Mariana

Gerente da empresa defende nova licitação e diz que Prefeitura de Mariana está “empurrando o problema” para a Transcotta

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Ao lado de Danilo Brito, Juliano Duarte prometeu ampliar fiscalização contra aglomerações na cidade. Foto: Nathalia Souza/Agência Primaz
Ao lado de Danilo Brito, Juliano Duarte prometeu ampliar fiscalização contra aglomerações na cidade. Foto: Nathalia Souza/Agência Primaz

Durante a coletiva da última quarta-feira (06), o prefeito interino de Mariana, Juliano Duarte, revelou que está enfrentando dificuldades no relacionamento com a empresa Transcotta, detentora da concessão de transporte público municipal em Mariana. Guilherme Schultz, Gerente de Relações Institucionais da Transcotta, rebateu as declarações do prefeito de Mariana e afirmou que a prefeitura está “empurrando o problema para a empresa”, quando deveria garantir o equilíbrio do sistema. Schultz defendeu uma nova licitação como solução definitiva para o problema e, como medida emergencial, propõe que a Prefeitura de Mariana subsidie os custos das linhas sem viabilidade econômica.

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A Agência Primaz adiantou, durante a campanha eleitoral de 2020, que um dos maiores desafios do novo prefeito municipal de Mariana seria melhorar o transporte público da cidade. Na última quarta-feira (06), Juliano Duarte, prefeito interino de Mariana, confirmou as análises e revelou dificuldades de diálogo entre o novo governo e a Transcotta. “A empresa não demonstra que vai atender às nossas solicitações. Precisamos das linhas dos distritos que foram retiradas. Precisamos do aumento no número de ônibus nas linhas dentro da cidade. Não podemos ir na contramão e criar situações que só causam o aumento da propagação da doença”, argumentou o prefeito.

Entre as primeiras medidas de combate à Covid-19, o prefeito citou o fechamento de praças públicas e alguns estabelecimentos, a ampliação das equipes de fiscalização, além de confirmar a intenção de compra de 60 mil doses da CoronaVac junto ao Instituto Butantan. “Em Mariana, nós prevemos já o fechamento das praças públicas, bares, restaurantes e demais estabelecimentos, iremos trabalhar a conscientização. Queremos que seja colocado um limite de pessoas que possam adentrar ao comércio, não permitiremos que nenhum cidadão adentre no estabelecimento sem o uso da máscara e vamos multar, com o apoio da ACIAM [quem descumprir].”

Na coletiva, gestores de Mariana, Ouro Preto, Itabirito e Ouro Branco anunciaram a criação de um comitê de crise, com o objetivo de fortalecer a região junto ao programa Minas Consciente. Um dos motivos da criação do comitê, segundo Juliano Duarte, é a necessidade de se debater a responsabilidade das mineradoras e grandes empresas na propagação da doença na Região dos Inconfidentes. “Nós entendemos que as mineradoras têm uma parcela nesse contexto. O fortalecimento dessa micro[rregião] era justamente para que possamos sentar com as mineradoras e que as mesmas possam nos ajudar. Seja através de recurso, seja através de protocolos que serão definidos pelo comitê e pela nossa micro que está sendo criada.”

Perguntado sobre os desafios de se enfrentar a pandemia à frente de um governo interino, Juliano lamentou a situação, ao lembrar cenário parecido vivenciado pela cidade entre 2009 e 2012. “É um governo interino. Não sei até que dia estarei como prefeito e ainda tendo que pensar em uma sucessão eleitoral que, em breve, infelizmente o município de Mariana terá que passar novamente, o que ainda irá agravar mais a zona vermelha à qual nós participamos. Então, é muito triste. Eu lamento o fato de Mariana passar pelo mesmo acontecimento de 2009/2012, tendo interinidade no governo. Mas tenho responsabilidade, tenho competência e estou trabalhando muito para que Mariana possa se recuperar desse momento difícil”, lamentou Juliano Duarte.

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Resposta da Transcotta

“O próprio poder público, por não querer resolver, empurra o problema só para a Transcotta, espalhando que é a empresa quem não quer atender, que a Transcotta é a malvada? Isso não é legal.” (Guilherme Schultz)

Em entrevista à Agência Primaz, Guilherme Schultz, Gerente de Relações Institucionais da empresa Transcotta, rebateu as críticas de Juliano Duarte e afirmou que a Prefeitura de Mariana está transferindo a responsabilidade na solução dos problemas para a empresa. “A gente vem de longa data tratando de questões do desequilíbrio financeiro do sistema. A questão piorou durante a pandemia. A prefeitura vem autorizando a empresa a ajustar o quadro de horários, ajustar algumas linhas. Seguimos em tratativa, tentando buscar diálogo com a prefeitura para equilibrar o sistema. Pedimos, nada foi feito”.

Guilherme Schultz argumentou que as linhas já estavam paralisadas e que a empresa tentou reativá-las, sem sucesso, junto à Prefeitura. O gestor da Transcotta argumenta que muitas linhas são economicamente inviáveis e defende que a Prefeitura garanta o “equilíbrio financeiro do sistema”, por meio de subsídios. “As linhas já estavam paralisadas. Em novembro, [os gestores municipais de Mariana] solicitaram o retorno, em razão das eleições. Então, nós fizemos um teste. Retornamos em caráter experimental, mas o retorno financeiro não aconteceu. Tem uma linha em Santa Rita Durão, por exemplo, com 2, 3 passageiros. A prefeitura tem que subsidiar essa linha.”

O representante da Transcotta também garantiu que não há superlotação nos ônibus de Mariana e que a empresa tem atendido às solicitações da Prefeitura de Mariana. “A Transcotta está plenamente atendendo tudo que foi solicitado. Não há superlotação. Pelo contrário, estamos operando acima da demanda. A prefeitura [é] que não está atendendo.”

A solução para os problemas relatados por Juliano Duarte, segundo Guilherme Schultz, consiste em um novo processo licitatório da concessão de transportes de Mariana, que estabeleça regras e garanta a “manutenção econômica do contrato”. “Em primeiro lugar, licitar o sistema. Estabelecer as regras do sistema, com garantia da manutenção econômica do contrato. A única fonte hoje é a passagem, esse é o primeiro ponto”, afirma.

Em caráter emergencial, o gestor da Transcotta defende que a prefeitura subsidie as linhas economicamente inviáveis para a empresa. “Foi contratada uma empresa, chamada Germânica, em 2019, para aferir o reajuste tarifário. É preciso avaliar quanto custa a linha e quanto a empresa está recebendo. Ou aumentar a tarifa. Mas, será que o cidadão está preparado para pagar 4, 5 vezes mais do que está pagando, como é o que estão apresentando os estudos? A prefeitura não contrata cooperativa? Subsidia essa linha. Faz sentido você manter uma linha com 3 ou 4 passageiros? Não é uma questão da Transcotta. O próprio poder público, por não querer resolver, empurra o problema só para a Transcotta, espalhando que é a empresa quem não quer atender, que a Transcotta é a malvada? Isso não é legal”, finalizou Guilherme Schultz, Gerente de Relações Institucionais da empresa Transcotta.

Atualização: Após o fechamento e a divulgação da matéria, Guilherme Schultz solicitou uma complementação quanto às especificidades do modelo de subsídio defendido por ele. “Todas as vezes que a gente fala em subsídio, muitas pessoas interpretam como ‘dar dinheiro para a empresa’. Na verdade, não é isso. Subsidiar linhas significa subsidiar o sistema de transporte, para que o passageiro não pague aquela diferença, ou seja, o prejuízo daquela linha”, complementou o Gerente de Relações Institucionais da Transcotta.

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