“Nós vamos fiscalizar”: Tenente Freitas promete cumprir a risca as determinações do Minas Consciente

Em menos de um mês à frente da pasta, o secretário oferece um diagnóstico do setor de segurança do município e propõe alternativas.

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Tenente Freitas está a menos de um mês no comando da Secretaria Municipal de Defesa Social - Foto: Lui Pereira/Agência Primaz

Em entrevista exclusiva à Agência Primaz, o ex-vereador e atual secretário de defesa social de Mariana, Tenente Freitas, fala sobre o papel da Secretaria diante da crise imposta pelo Coronavírus, promete fiscalização de comércios e aglomerações e fala sobre os principais desafios que deve superar em diversos setores da secretaria como Defesa Civil, Demutran, Posturas e Guarda Municipal.

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Fiscalização na pandemia

Com o decreto N° 10.380, de 22 de janeiro de 2021, a Prefeitura Municipal de Mariana criou dispositivos legais para auxiliar na fiscalização dos comércios que eventualmente não podem abrir as portas em função das ondas do Programa Minas Consciente. O decreto modifica o decreto Nº10.373, a partir da criação de uma multa no valor de 250 UFPM (Unidade Fiscal Padrão do Município), ou 690 reais e a possibilidade de cassação do alvará para aqueles que descumprirem a ordem de fechamento.

Diante disso, questionamos o secretário sobre qual estratégia será utilizada pelos agentes de segurança e como ele pretende realizar a fiscalização e eventuais punições para aqueles que desobedecerem as normas. Para Freitas, a legislação apesar de polêmica é necessária nesse momento da crise do Coronavírus, “quando o comércio abre, isso acaba sendo uma motivação para as pessoas saírem de casa, então nós vamos fiscalizar”. 

Sobre os métodos, o secretário explica que “a nossa fiscalização tem vários pontos. Ela começa com a orientação, depois nós notificamos as pessoas e agora nós temos o dispositivo da multa, aquele que não cumprir nem a orientação, nem a notificação, infelizmente nós teremos que multar.”

Desde quando o decreto entrou em vigor, fiscais do setor de posturas, acompanhados de Guardas Municipais já iniciaram a fiscalização de locais de aglomeração, como em bares do distrito de Padre Viegas e no bairro Cabanas. “A fiscalização existia, mas faltava um instrumento jurídico para nos auxiliar nessa fiscalização que é a multa”, ressalta. 

Freitas alerta sobre a necessidade da compreensão de comerciantes e da população nesse momento de dificuldade, “Nós não podemos prevaricar, nós vamos fazer o que está determinado na lei. Eu sou muito legalista, quem me conhece sabe muito bem, não estou aqui pra sacanear, tô aqui pra cumprir a lei e se a lei falar que ele pode, ele pode, mas existem regras que estão colocadas pelo Minas Consciente e Mariana aderiu e infelizmente neste momento não pode”.

O secretário aponta ainda as dificuldades e limitações dos órgãos de segurança no sentido de garantir a fiscalização conforme determina o decreto e exemplifica: “Mariana tem 900 bares, então não é fácil você fiscalizar tudo, todos os bares. Além disso, principalmente em distritos, um bar vende a bebida, mas vende outras coisas também, vende junto arroz, feijão, de um tudo”.

Em relação à festas e eventos privados, o secretário pede a compreensão da população em entender os limites próprios dos agentes de segurança. “Nós não podemos fazer tudo, às vezes nós recebemos denúncias de aglomeração de festa em algum sítio, ou algo do tipo, mas se a gente chega lá e percebe que é uma festa de família, com 10, 12 pessoas, nós não temos nem instrumentos jurídicos para impedir que ela aconteça, isso seria no máximo uma perturbação do sossego. Agora, se a gente percebe que é uma festa, que está tendo aglomeração, percebe que ali tem mais de 30, 50 pessoas, aí já podemos intervir”, explica.

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Unificação de setores e trabalho integrado

Recentemente, setores da Secretaria de Defesa Social como Demutran, Defesa Civil, Guarda Civil Municipal, Posturas e a Junta Administrativa de Recursos e Infrações (Jari) passaram a funcionar no anexo da Igreja São Pedro, para o secretário, um avanço estrutural importante para o desenvolvimento de estratégias conjuntas e organização dos diversos setores de segurança do município.

Além das fiscalizações

Entre os desafios dos setores de segurança da cidade está a continuidade dos trabalhos para além das fiscalizações que devem ser mais frequentes a partir de agora. O setor de Defesa Civil, por exemplo, também tem uma especial importância nessa época do ano.

Questionamos justamente a capacidade de atuação da Defesa Civil diante de eventuais emergências, para o secretário, “a Defesa Civil de Mariana recebe muitos elogios porque tem histórico, porque tem continuidade. Muitas defesas civis no estado, a cada governo muda a equipe, aqui não, a nossa equipe já tem um bom tempo que está atuando. Isso é muito bom porque a equipe ganha um conhecimento sobre a área, percebe onde tem deslizamentos, onde pode alagar, passa a reconhecer muito melhor esse território”.

Como possível melhoria para o órgão, uma estação meteorológica local poderia auxiliar na antecipação de emergências. “Nós temos que usar a tecnologia a nosso favor, se temos condições de implantar um sistema para termos mais assertividade de quando a chuva vai cair e o quanto, podemos nos adiantar na hora de atuar nesses casos”.

Ocupações

Um problema crônico do município com impacto direto na Secretaria de Defesa Social, tanto no que diz respeito ao setor de Defesa Civil, quanto à Guarda Municipal são as Ocupações, por isso perguntamos ao secretário de que forma o problema deve ser encarado pelos órgãos públicos.

De acordo com o Tenente, “Grande parte das famílias que estão nas invasões hoje, são pessoas que vêm de outros distritos ou de outras cidades, então a solução é primeiro estancar a hemorragia, impedindo que outras pessoas invadam. Precisamos cobrar também do dono do terreno fazer a cerca e fiscalizar. Por fim, precisamos criar formas de manter a pessoa em seu local de origem, temos vários distritos com grandes potenciais produtivos, hortaliças, laticínios, e isso tem que ser estimulado”.

Em relação ao déficit habitacional já existente na cidade e a dificuldade de acesso à moradia, uma medida que de acordo com o secretário, poderia surtir um efeito positivo nas ocupações é a ampliação das opções de loteamentos mais populares: “Como o cidadão que ganha salário mínimo vai comprar um lote hoje? Se a gente pensar em um engenheiro da Vale, da Samarco aí que talvez consiga juntar 2 mil reais por mês, vai demorar quase 10 anos pra ele comprar um lote de 150, 200 mil reais, imagine então um trabalhador que vive de salário mínimo, a gente precisa pensar nessas alternativas”.

Trânsito

O trânsito da cidade de Mariana tem dificuldades principalmente pela característica da cidade, são poucas as avenidas que suportam veículos grandes e para grande parte dos deslocamentos na cidade, o motorista precisa passar pela região central da cidade. Os moradores reclamam ainda da intensa poluição visual causada pelo excesso do uso de placas de trânsito.

Sobre as dificuldades na fluidez do trânsito, Freitas acredita que a cidade precisa de grandes obras de infraestrutura viária para solucionar o problema, mas para ele, a população pode tomar decisões no trânsito que podem ser benéficas para ele e para os demais motoristas. O secretário exemplifica que o trajeto entre Colina e o Centro de Mariana pode ser feito através do Santana ou do Galego por exemplo, mas a grande maioria dos motoristas acessam através da Avenida João Ramos Filho, e isso ajuda a trazer gargalos no trânsito em alguns pontos da cidade.

O secretário defende também que a gratuidade do transporte coletivo para a população pode ser um grande alívio para o trânsito na cidade, além de ser um fator que pode auxiliar no desenvolvimento econômico dos distritos, com a possibilidade do morador trazer seus produtos para vender na sede.

Por fim, ao falar sobre a poluição visual de placas, Freitas recorre à sua experiência à frente da OuroTran(Departamento de Trânsito de Ouro Preto), onde segundo ele um trabalho parecido foi realizado: “É possível reduzir o número de placas e diminuir a poluição visual, mas para isso nós precisamos entrar muito forte na educação para o trânsito e vamos também reduzir a quantidade de placas, coisa que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) permite, nós vamos reduzir também o tamanho dessas placas, principalmente na região do centro”.

Posturas

O setor de posturas acumulou processos em função da pandemia da Covid-19 e está encarregado junto da GM em fazer as fiscalizações dos comércios. A abertura de empresas, inclusive MEI’s, passam pelo setor, e a demora no cumprimento dos prazos pode ter um impacto na geração de empregos e na arrecadação do município em um momento de dificuldade econômica.

O secretário explica que o código de postura está em um momento de revisão na câmara, “o código não é revisto desde 1979 e prevê coisas ainda como o trânsito de carroças na cidade, então isso precisa ser revisto. Precisamos modernizar a fiscalização, vamos melhorar com o uso de dispositivos como tablets para modernizar e agilizar essas fiscalizações”.

Sobre as filas para a abertura de empresas, o secretário promete: “Se for necessário, nós vamos fazer uma força tarefa para reduzir essa fila que aumentou muito durante a pandemia”.

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