Mariana terá toque de recolher de 20h às 5h
Mineradoras estão fora do decreto municipal anunciado nesta segunda-feira (8)
- Lui Pereira
- Luiz Loureiro
- Marcelo Sena
- 08/03/21 às 21:21
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Em entrevista coletiva realizada na noite desta segunda-feira (8), o prefeito interino, Juliano Duarte, anunciou medidas mais restritivas para tentar frear o avanço da pandemia da Covid-19 em Mariana. Entre as medidas, haverá o toque de recolher entre as 20h e 5h da manhã e a proibição de eventos de qualquer natureza, inclusive aqueles considerados como de pequeno porte. Hotéis poderão preencher até 30% de sua capacidade total de lotação e aulas presenciais estão proibidas pelos próximos 15 dias.
Ao defender as medidas anunciadas para prevenção e combate ao coronavírus, o prefeito enfatizou que “interesses econômicos e políticos não vão prevalecer sobre a saúde pública”. A principal sanção é um toque de recolher entre as 20h e 5h, de segunda a domingo, mas outras restrições a setores do comércio, como bares e rede hoteleira, também serão aplicadas. As aglomerações nas filas dos bancos e o trabalho das mineradoras, no entanto, não serão afetados pois, de acordo com o prefeito, suas atividades são geridas por decreto federal.
O prefeito de Mariana defendeu o trabalho de fiscalização realizado no município, mas pediu a colaboração da população. “A Guarda Municipal vem nos auxiliando na fiscalização, mas é impossível fiscalizar uma cidade de 60 mil pessoas, se cada um não fizer a sua parte. Cada um tem a sua responsabilidade. O vírus continua circulando e não adianta falar-se em barreira. Eu não gostaria, mas precisamos tomar medidas mais enérgicas. Não vamos deixar de fiscalizar e, se tiver que fechar estabelecimentos, nós vamos fechar”, disse Juliano Duarte.
Participaram da entrevista, compondo a mesa, o Gerente Assistencial da Santa Casa de Misericórdia, Leandro Moreira, acompanhado de Marcelo Oliveira, Provedor da instituição; Tiago Alvarenga Lopes, Diretor Administrativo do Hospital Monsenhor Horta; Vanessa Moraes Marques, Responsável Técnica da Policlínica Municipal de Mariana, e os secretários de Saúde, Danilo Brito, e de Defesa Social, Tenente Freitas.
Em sua intervenção inicial, Leandro Moreira informou que, desde o início da pandemia, 720 pacientes, suspeitos ou confirmados, da Covid-19 foram internados na instituição, tendo ocorrido 74 óbitos com resultado positivo para o novo coronavírus e 460 liberações por melhoria das condições de saúde dos internados.. Além disso, o Gerente Assistencial enfatizou que, em termos de taxa de ocupação, a Santa Casa teve uma primeira onda em agosto, seguida de uma segunda em novembro, e que, a partir de meados de dezembro, todos os dias, os leitos de UTI apresentam 100% de ocupação.
“Sempre, desde dezembro, [estamos] com pacientes na fila de espera. Ou aqui no hospital de Mariana, na Policlínica, ou em Itabirito e em Ouro Preto. Para se ter uma ideia, hoje [8 de março] são seis pacientes aguardando o rodízio de vaga para os leitos de terapia intensiva”, acrescentou Leandro Moreira, informando que que a tendência para os próximos meses é de uma situação pior que a das ondas anteriores, ressaltando a diferença de tempo de internação nas unidades de terapia intensiva (UTI) de pacientes Covid e não-Covid. “A média de permanência de pacientes na terapia intensiva não-Covid é em torno de oito a 10 dias. O paciente de Covid está girando hoje de 26 a 28 dias”, finalizou.
Marcelo Oliveira, Provedor da Santa Casa, reforçou as palavras de Leandro Moreira, destacando que, “se não houver uma cooperação da população, infelizmente a gente não dá conta”. Além de Vanessa Marques, Tenente Freitas e Danilo Brito, Tiago Alvarenga também fez uma manifestação, relatando a situação atual do Hospital Monsenhor Horta, informando que, desde a 2ª quinzena de março do ano passado, o Hospital Monsenhor Horta realizou “mais de 2.300 atendimentos, mais de 450 internações, e os profissionais estão cansados. Chegamos a ter 37 colaboradores afastados, acometidos com a Covid”.
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Entenda o decreto
O Decreto 10.441 entra em vigor nesta terça-feira (9) e tem duração prevista de 15 dias, com a possibilidade de renovação por igual período. Além do toque de recolher, o documento determina que “funcionarão apenas os estabelecimentos considerados essenciais, sendo estes restritos a 50% da sua capacidade de circulação.” Apesar disso, bares e restaurantes podem continuar funcionando mas, após as 20h, apenas na modalidade delivery.
Os eventos, mesmo pequenos, ficam proibidos enquanto valer o decreto. Como medida de prevenção, a prefeitura suspendeu os alvarás de funcionamento de casas de shows e eventos do município. Também estão suspensas todas as aulas presenciais, exceto em estágios de saúde. Entretanto, “os serviços de transporte coletivo urbano deverão ser mantidos mesmo na vigência do toque de recolher”, como forma de garantir o transporte de trabalhadores essenciais e de pessoas em situações de emergência.
As “quadras, campos, ginásios, clubes, academias municipais ao ar livre e ambientes de prática de esportes coletivos ficam fechados durante a vigência deste instrumento”. Já as academias poderão continuar funcionando, mas com medidas mais duras: distanciamento linear de 3m e limite de uma pessoa a cada 10m². Salões de beleza e barbearias também podem funcionar, mas com clientes agendados e permanência no local apenas durante o atendimento.
Ainda de acordo com o decreto, a fiscalização fica por conta da Prefeitura, por meio de órgãos fiscalizadores, do PROCON e das Forças de Segurança. Os fiscais poderão fazer diligências em “bares, restaurantes, repúblicas estudantis, cachoeiras e outros locais de possíveis aglomerações”. Para esse trabalho, Juliano Duarte declarou que espera contar com a colaboração das polícias civil e militar.
Coletiva
A Agência Primaz de Comunicação não enviou repórter para realizar a cobertura da coletiva. Uma vez que ela seria transmitida através das redes sociais da Prefeitura Municipal de Mariana, julgamos que não valeria o risco expor nossos profissionais a aglomerações em face do momento atual que vivemos na pandemia de Covid-19, com casos crescentes e sucessivos colapsos em regiões de saúde espalhadas pelo país. Lamentamos ainda que o pré-requisito para fazer questionamentos às autoridades presentes na coletiva, era a presença física no local.
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