Cartas pra Mãe: “Contra a desesperança, a fé”

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”

Compartilhe:

[wpusb layout="rounded" items="facebook, twitter, whatsapp, share"]

Mãe,

Há alguns dias, recebi uma visita: uma borboleta amarela, com o dourado de Oxum. Pousou em uma das plantas do meu jardim e ficou ali, batendo as asas tranquila, como quem espera a hora certa de ir.

Muitos de nós estamos com um nó na garganta, não é, mãe? De medo. Desesperança. Revolta. Meus amigos estão ansiosos, desanimados, angustiados. Sem impulso para pensar no amanhã. Tristes por quem perdemos no caminho. Pelas vozes que não ouviremos mais.

Abrimos a janela e chegam tantas notícias ruins. Todos os dias. Todos os dias. Mas, naquele dia, me visitou a borboleta. E era o Dia da Prece.

Prece, Mãe. Isso que fazemos quando pedimos algo com força. Quando desejamos o bem de todo coração. Quando sentimos esse aperto de dores que se fazem nossas. Quando somos gentis sem esperar nada em troca.

Não consigo falar de otimismo agora. Com tanta canalhice e tanto descaso. Com representantes do ódio que afunda o nosso país. Com tudo o que poderia ser evitado se não fossem interesses tão mesquinhos e pouco sutis. O preço, para tantas e tantas pessoas, foi e será alto demais para qualquer lição.

Mas, Mãe, posso falar de fé. A fé que chega, sutil, em forma de borboleta. Um pedido silencioso para não desistirmos. Para seguirmos fazendo nossas preces, cada um ao seu modo: pelos nossos, pelos meus, pelos seus, por nós.

É o que nos resta, Mãe. A fé.

(*) Jamylle Mol é jornalista e marianense

Veja mais publicações de Jamylle Mol