1 ano de Covid-19 na Região dos Inconfidentes

Retrospectiva traz os principais assuntos sobre a pandemia publicados pela Agência Primaz

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Um ano depois, Região dos Inconfidentes vive pior momento da pandemia. Arte: Lui Pereira/Agência Primaz
Um ano depois, Região dos Inconfidentes vive pior momento da pandemia. Arte: Lui Pereira/Agência Primaz

Em 16 de março de 2020, foram anunciados em Mariana os primeiros 3 casos suspeitos de coronavírus na Região dos Inconfidentes. Um ano, milhares de pessoas infectadas e 154 mortes depois, a região enfrenta o pior momento da crise sanitária, sem leitos de UTI disponíveis e com festas clandestinas desafiando a fiscalização. Como adiantado em editorial publicado na manhã de hoje (16), a Agência Primaz acompanhou, nestes últimos doze meses, a evolução da pandemia na região e buscou levar à população todas as informações necessárias sobre a Covid-19 em Mariana, Ouro Preto e Itabirito.

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Ainda em março de 2020, noticiamos a escassez e o aumento no preço de produtos como máscaras e álcool gel, enquanto a Prefeitura de Mariana tentava conter a proliferação do vírus com o fechamento do comércio não essencial e a instalação de barreiras sanitárias. As medidas não foram suficientes para se evitar o primeiro óbito pela doença na cidade, anunciado no dia 30. Dois dias antes, o Secretário de Saúde Danilo Brito anunciou a construção de 36 leitos de campanha em Mariana. Os leitos, no entanto, só foram inaugurados dois meses depois. 

Mesmo com a primeira morte anunciada, o mês de abril de 2020 começou com uma proposta de reabertura do comércio em Mariana. Para tentar garantir leitos, uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) autorizava o repasse de R$11 milhões da verba indenizatória da Samarco pelo rompimento da Barragem de Fundão, para ampliação dos leitos de UTI da Santa Casa de Ouro Preto, de 10 para 20 leitos. Ainda no início de abril, mais dois óbitos foram confirmados em Mariana, enquanto Ouro Preto anunciava a primeira morte com suspeita por covid-19 na cidade, descartada dias depois. Em Itabirito, nenhum caso ainda tinha sido confirmado. Assim, 30 dias após o anúncio do primeiro caso, a Região dos Inconfidentes contabilizava mais de 400 casos suspeitos de Covid-19, mas o exame disponível à época dependia de reagentes específicos, disponíveis em poucos laboratórios, nossa região dependia da análise realizada pela Fundação Ezequiel Dias (FUNED), sobrecarregada com demandas de todo o Estado de Minas Gerais.

Em maio, prestamos homenagem aos profissionais de saúde de Mariana. Foto: Arquivo pessoal Elton Magno

Em maio de 2020, prestamos uma homenagem aos profissionais de saúde que, já naquela época, demonstravam cansaço enquanto se arriscavam para salvar vidas na região. Apesar de seus esforços, vimos, em 12 de maio, os casos de Covid-19 dispararem em Mariana. Em novo decreto, a prefeitura municipal anunciou uma multa de R$50,00 para quem fosse visto circulando sem máscara pelas ruas da cidade. A medida não surtiu efeito pois, de acordo com o secretário de saúde, nenhum cidadão foi multado, apesar de muitos flagras de pessoas sem a proteção nas vias públicas. No mesmo mês revelamos as dificuldades enfrentadas pelos idosos, grupo de maior risco, para se adaptarem ao isolamento. 

Com os casos subindo, a Secretaria de Saúde de Mariana tentou emplacar novas medidas, como a exigência de planos de trabalho  para que as empresas retomassem as atividades. Os planos deveriam conter medidas de segurança e ampla testagem dos funcionários. O endurecimento da fiscalização fez com que os gestores reprovassem o plano da Fundação Renova e paralisassem as atividades nos canteiros dos reassentamentos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo. A intenção era que o decreto valesse também para bancos, supermercados e mineradoras, locais conhecidos por suas grandes aglomerações. Porém, dias depois, o decreto foi revogado com o argumento de que feria uma legislação federal, o que é inconstitucional.

Também mostramos as dificuldades dos idosos de se adaptarem ao isolamento. Foto: Lui Pereira/Agência Primaz

Assim, iniciamos junho de 2020 noticiando uma retomada do comércio de Mariana, mesmo que o mês anterior tenha se encerrado com uma nova disparada nos casos confirmados de Covid-19 no município. A essa altura, a cidade já contabilizava 174 confirmados, com um aumento de 102% em apenas 72 horas. De acordo com os boletins emitidos pela Secretaria de Saúde, a maior parte dos novos infectados trabalhava nas mineradoras Vale, Samarco e na Fundação Renova. Em junho, também apuramos uma denúncia anônima e confirmamos que a agência da Caixa Econômica de Mariana optou por não aderir ao plano de testagens proposto pela Prefeitura de Mariana. Publicamos também os desafios do grupo Tudo Azul, dos Alcoólicos Anônimos de Mariana, para se adaptarem ao distanciamento social. No dia 17 daquele mês, eram 112 casos confirmados em Ouro Preto e, ainda em junho, a UFOP começava a discutir uma proposta de ensino remoto.

No dia 23 de junho de 2020, a Agência Primaz publicou o Especial 100 dias de Covid-19 em Mariana. Além de um panorama completo sobre os números da pandemia até então, o material traz análises especiais sobre o enfrentamento da crise sanitária no município, nas áreas de Saúde, Educação, Economia e sobre a experiência nas periferias da cidade. O especial apresenta ainda conteúdos opinativos e uma linha do tempo detalhada. Nessa data, Mariana contabilizava 544 casos positivos, dentre eles 9 óbitos. 

Diante da necessidade de organizar as informações sobre a pandemia na Região dos Inconfidentes, a Agência Primaz começou a publicar, em julho de 2020, o Informativo Covid-19, com atualizações semanais dos dados da pandemia nas três cidades, com gráficos e cálculos de médias móveis, taxas de mortalidade e letalidade, entre outros. Enquanto os números subiam, vimos, novamente, o preenchimento completo das vagas de UTI na Santa Casa de Ouro Preto, mesmo com a ampliação das vagas. Hoje foi publicada a 36ª atualização, justamente no dia em que o anúncio dos primeiros casos suspeitos em Mariana completa um ano.

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No início de agosto, acompanhamos uma grave situação de crise sanitária enfrentada no presídio municipal de Mariana onde, no dia 08, 43% dos testes feitos em todos os detentos deram positivo para Covid-19. Mesmo com números altos, uma decisão da Prefeitura de Mariana de retomar as atividades presenciais da administração municipal preocupou os servidores públicos. Agosto registrou, na Região dos Inconfidentes, 31 óbitos por Covid-19 e se tornou o mês mais letal desde o início da pandemia. Apesar disso, no final do mês, os municípios da região avançaram para a onda amarela do programa Minas Consciente. 

Entre setembro e novembro de 2020, nosso trabalho dividiu-se entre acompanhar os números da Covid-19 na região e as campanhas das Eleições 2020. Desde as convenções partidárias, grandes aglomerações foram percebidas, ainda que, em alguns eventos, fosse disponibilizado álcool gel e solicitado o uso de máscaras. O dia da votação, no entanto, foi marcado por tranquilidade e não foram percebidas aglomerações. A Região dos Inconfidentes permaneceu na onda verde do Minas Consciente até 05 de dezembro de 2020 quando regrediu, novamente, para a onda amarela do programa. No Informativo Covid, publicado no mesmo dia com informações dos boletins epidemiológicos, Mariana registrava 2714 casos positivos, dentre eles 24 óbitos. Dezembro fechou com 2.581 novos casos de Covid-19 nas três cidades da Região dos Inconfidentes.

Em março, bares tradicionais da cidade fecharam as portas mais cedo - Foto: Lui Pereira/Agência Primaz

Em janeiro, grande expectativa pela vacinação foi percebida em todo o país. Em Mariana, o plano de imunização foi concluído no dia 15, mesmo com incertezas sobre a disponibilidade de doses. No final de janeiro, as primeiras 154 doses da vacina Coronavac foram anunciadas pelo governo estadual para a região. Enquanto os números continuavam subindo e Itabirito regredia para a Onda Vermelha do Minas Consciente, a Prefeitura de Ouro Preto anunciava a reabertura de todo o comércio na cidade, ao contrário do que defendem as organizações de saúde. 

Em fevereiro, a população ouropretana viu, ainda, a troca do secretário de saúde, cerca de um mês após ter sido empossado. Em Mariana, noticiamos grande aglomeração na inauguração da Casa de Apoio José Jarbas Ramos Filho. Já em Itabirito, os profissionais de saúde da rede privada começaram a ser vacinados também em fevereiro e questionamos a prefeitura municipal sobre a compra de grande quantidade de comprimidos de difosfato de hidroxicloroquina, medicamento que não tem eficácia comprovada para o combate da Covid-19. Já março começou com números altíssimos, toque de recolher em Ouro Preto e Mariana, até que o governador Romeu Zema anunciou que todo o estado entrará na onda roxa, a partir de amanhã (17).

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