Em meio a polêmicas sobre fura-filas da vacina Covid-19, vereadores de Itabirito votam contra projeto de transparência

Projeto foi votado e rejeitado em votação realizada nesta quinta-feira (25)

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Presidente da Câmara, Leo do Social, no momento em que desempatou a votação, rejeitando o projeto - Foto: Reprodução

Foi proposto, em 22 de fevereiro, o projeto de lei 21/2021, de autoria do vereador Max Fortes, que instituía a obrigatoriedade de publicação e transparência da relação das pessoas atendidas pelo Programa de Vacinação e Imunização contra a Covid-19, em Itabirito. Em reunião extraordinária na última quinta feira (25), por 7 votos contra 6, o projeto foi rejeitado pela Câmara Municipal.

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Em sua redação, o PL propunha a divulgação da lista com as seguintes informações sobre os imunizados, contendo nome completo da pessoa vacinada; os 5 primeiros dígitos do CPF; idade; indicação da fase do Plano Municipal em que o contemplado foi incluído; data da vacinação; população alvo da fase respectiva em que foi enquadrada; o local de trabalho, caso exerça atividades em unidade de saúde ou outro órgão público; local em que foi realizada a vacinação; data de aplicação da primeira e segunda dose.

A justificativa para o projeto era o princípio da publicidade, moralidade e impessoalidade na Administração Pública, consistente no preceito fundamental que consagra o dever de transparência da gestão pública.

Em meio a várias polêmicas e investigações, inclusive no estado de Minas Gerais, sobre os fura-filas, o projeto visava levar ao conhecimento da população, com transparência, todo o processo da vacinação no município de Itabirito.

Porém, sete vereadores votaram contra o projeto, que foi, então, rejeitado pela Câmara. São eles: Anderson Martins, Daniel Sudano, Lucas do Zé Maria, Danilo Grilo, Arnaldo dos Santos, Márcio Juninho e o presidente da Câmara, Leo do Social.

A favor do projeto se colocaram os vereadores Dr. Edson, Fabinho Fonseca, Igor Junior (Nego Liso), Max Fortes, Paulinho e Renê Butekus.

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Autor do projeto questiona argumentação dos votos contrários

A Agência Primaz entrou em contato com o Vereador Max Fortes, responsável pelo projeto de lei. “Eu lamento muito a rejeição do projeto, porque considero de grande importância para nossa comunidade, para nossa sociedade, ainda mais neste momento da pandemia, que estamos chegando a 9.500 casos e 64 óbitos”, afirmou.

Ainda segundo o vereador, “o que levou a fazer esse projeto foram várias denúncias que nós, vereadores da nossa bancada, estamos recebendo de eventuais fura-filas, e cabe a nós, dentro da função de fiscalização, que é uma atribuição do vereador, fiscalizar, apurar e dar as penalidades necessárias, caso comprove essa questão em Itabirito”.

De acordo com os vereadores que votaram contra, o projeto seria inconstitucional de acordo com a redação do art.5°, inciso 10: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”, Max é enfático ao dizer não configurar inconstitucionalidade, e cita exemplos de outras situações em que as mesmas informações são divulgadas, sem intervir no direito de privacidade dos cidadãos.

“A questão que estão alegando que o projeto era ilegal, não procede, declara Max. “Conforme o art. 5° da Constituição, ela prevê a questão do interesse público, e outras cidades do Brasil já implementaram leis similares, dando transparência aos dados. Outro argumento, que é expor os dados da população, não procede. Não vamos expor dados. É [só] o nome completo e os 5 dígitos do CPF. Essa prática já é utilizada em vários projetos da própria prefeitura de Itabirito, e em outras cidades, sem prejudicar o cidadão”, argumenta o vereador autor do projeto.

Além disso, Max cita como exemplo o próprio auxílio emergencial, que também gerou polêmica sobre seus beneficiários. “O próprio governo federal, através do auxílio emergencial, disponibiliza a lista dos beneficiados. Como isso não pode aqui, em Itabirito? Ainda mais que é uma causa de interesse público. A maioria da nossa população quer saber quem está sendo vacinado. Estamos vendo vários casos, Brasil afora, infelizmente no próprio governo do estado de MG, de pessoas desrespeitando a fila, um ato de extremo egoísmo, um ato corrupto, antiético e antidemocrático. Não queremos que isso aconteça aqui”.

O vereador também comentou a recente publicação da Prefeitura Municipal, que foi qualificada como a 17ª cidade mais transparente do estado. “Fico surpreso que, numa prefeitura que, há algumas semanas atrás, se declarou totalmente transparente, a 17ª mais transparente de MG, deveria ser a primeira a querer acatar um projeto de transparência, num momento tão difícil da pandemia como esse. Volto a repetir: o projeto é totalmente legal, mas infelizmente não foi aprovado”.

De autoria do mesmo vereador, há, na Câmara, um projeto complementar que prevê sanções a pessoas que, por ventura, sejam beneficiadas com a imunização sem pertencer aos contemplados pela ordem do Plano de vacinação. “Tem um outro projeto meu, complementar, que prevê também as penalidades para quem furar fila. Ainda está na comissão interna da câmara, projeto 41. Pelo visto, infelizmente não vai ser aprovado”, finalizou Max.

No fim da tarde de ontem (26), a Câmara Municipal emitiu uma nota sobre denúncias de possíveis vereadores que já foram vacinados.

O texto, assinado pelo Presidente da Câmara, Leo do Social, um dos vereadores que votou contra o projeto de transparência da vacina, alega ser falsa a denúncia compartilhada através de áudios por WhatsApp, e cita o projeto de autoria do vereador Max Fortes.

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