- Região dos Inconfidentes: Itabirito, Mariana e Ouro Preto
Informativo Covid-19 – Atualização nº 38: de 01 a 15/04/2021
Mesmo na Onda Roxa do programa Minas Consciente, Região dos Inconfidentes registra 33 óbitos até esta quinta-feira (15), representando um crescimento de 120% em relação à primeira quinzena de março.
Compartilhe:
Onda Roxa
Criada no início de março, a Onda Roxa do programa Minas Consciente foi estabelecida em função da preocupação com a exaustão da capacidade de atendimento à saúde, com o objetivo de “conter a evolução da pandemia, restabelecer com velocidade a capacidade de assistência hospitalar das macrorregiões e preservar a vida”, prevendo toque de recolher e restrições ao funcionamento das atividades consideradas não essenciais. Incialmente prevista para vigorar em algumas macrorregiões de Minas Gerais, ela passou a ser compulsoriamente imposta a todo o estado, inclusive com adesões prévias de alguns municípios, como foi o caso de Mariana e Ouro Preto.
Em recente deliberação do Comitê Extraordinário Covid-19, publicada nesta quinta-feira (15), metade das macrorregiões de saúde foram autorizadas a passar para a Onda Vermelha, juntamente com algumas microrregiões. Esse não foi o caso da microrregião integrada pelos municípios de Itabirito, Mariana e Ouro Preto que permanecem na Onda Roxa, pelo menos até a próxima sexta-feira (23). Esta decisão foi questionada por alguns especialistas, principalmente em decorrência do alto número de óbitos ocorridos nos últimos dias, juntamente com a escassez dos “kits intubação”. De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado neste sábado, Minas Gerais havia registrado 1.235.234 casos confirmados, com 49.940 mortes associadas ao novo coronavírus, sendo 8.963 novos casos e 402 óbitos nas 24h anteriores à publicação.
Mortes decorrentes da Covid-19 na Região dos Inconfidentes
Na edição 37 do Informativo Covid-19, publicada no dia 30 de março e referente ao período de 15 a 28/03, a Agência Primaz já havia antecipado que, mesmo faltando três dias para o término do mês, março já havia se tornado o pior da pandemia, em termos de mortes associadas à Covid-19 na Região dos Inconfidentes. Na ocasião já haviam sido registrados 47 óbitos, número que subiu para 61 no dia 31/03, totalizando 202 no cômputo geral da Região dos Inconfidentes, com acréscimo de 43,3% em relação ao último dia de fevereiro.
Passados apenas 15 dias de abril, foram registradas mais 33 mortes, representando 54,1% do total de março, mas atingindo 65,6% se forem considerados os sete óbitos anunciados desde a publicação dos boletins desta quinta-feira (15).
Trazendo a comparação para o período quinzenal, o pior período foi a parte final de março, com 46 óbitos. Entretanto, os primeiros quinze dias de abril já somam 33 mortes. O equivalente a 71,7% da pior marca obtida.
Essa comparação demonstra que a situação de óbitos não chegou a ser fortemente afetada pelas medidas tomadas na segunda quinzena de março, mantendo a situação em regime de preocupação com eventuais medidas de abrandamento das restrições nos municípios, com o registro superior às 25 mortes ocorridas na primeira quinzena de janeiro.
Em Itabirito o número de vítimas associadas à covid-19 vem sofrendo uma drástica aceleração, representando 38,7% das 235 mortes registradas até esta quinta-feira. Entre o fechamento da quinzena e a publicação desta edição, foram registradas mais três mortes, elevando o total do município para 94 óbitos.
Em seguida aparecem as 82 mortes registradas em Ouro Preto, correspondendo a 34,9% do total, tendo sido registrados 62 óbitos em Mariana (26,4%), com mais quatro divulgados entre as noites de sexta-feira (16) e sábado (17), elevando para 242 o total de vítimas na Região dos Inconfidentes.
Com esses números, continua a crescente da taxa global de mortalidade na Região dos Inconfidentes, que chega a 125 por grupo de 100 mil habitantes. A taxa de letalidade (relação de óbitos em relação ao número de casos confirmados) atingiu 1,14% na 1ª quinzena de abril.
Individualmente, os municípios apresentam os seguintes índices:
Itabirito: TL = 0,78% e TM = 143,0
Mariana: TL = 0,91% e TM = 91,4
Ouro Preto: TL = 2,03% e TM = 95,2
A evolução da taxa de mortalidade por 100 mil habitantes, desde 1º de janeiro, pode ser observada no gráfico a seguir, com indicação por cidade e para a Região dos Inconfidentes.
A Agência Primaz tem buscado informações a respeito do perfil de gênero, faixa etária e preexistência de comorbidades ou doenças crônicas das vítimas da Região dos Inconfidentes. Na reportagem de Raquel Barakat, publicada nesta quinta-feira (15), ficou evidenciado que, em Itabirito, dois terços das 75 primeiras vítimas são do gênero masculino, com incidência em pessoas entre 40 e 59 anos. Já entre as vítimas do gênero feminino, a maior porcentagem é de pacientes com idade superior a 80 anos. Nossa reportagem aguarda o encaminhamento dessas informações detalhadas das mortes ocorridas em Ouro Preto e Mariana, sendo que neste último município, essas informações vêm sendo divulgadas desde janeiro, a partir da 29ª vítima da Covid-19.
Casos Notificados, Confirmados e Recuperados
Casos Notificados, Confirmados e Recuperados
A taxa geral de contágio (relação entre positivos e notificados) na Região dos Inconfidentes sofreu pequena elevação em relação à verificada ao longo de março, passando de 55,5 para 56%. Considerando que os números da pandemia têm sido maiores este ano, no gráfico abaixo, são apresentados os números de casos notificados e confirmados em Itabirito, Mariana e Ouro Preto, de janeiro a abril, nesse caso referente à projeção dos casos a partir da média diária da primeira quinzena.
Observa-se que o aumento observado em março, relativamente a fevereiro, é mantido em abril, com redução da diferença entre casos notificados e confirmados nas três cidades. Isso pode ser entendido como um reflexo das restrições impostas pela implantação da Onda Roxa, porém em termos apenas de estabilidade, embora em números bastante altos. Em outras palavras, esses números indicam que a situação de agravamento foi atenuada, porém sem benefícios em termos de redução do quadro pandêmico.
Nos gráficos abaixo são apresentadas as curvas de variação dos casos notificados, confirmados e descartados, individualmente para Mariana, Itabirito e Ouro Preto, nos meses de março/2020 a março deste ano e nos primeiros 15 dias de abril.
Com 10.207 notificações, 6.620 resultados positivos e 3.492 casos descartados, Mariana teve aumento de 35,1% nos casos confirmados, pouco mais do dobro dos 17,3% de aumento nos casos notificados, na comparação com a primeira quinzena de março, demonstrando que a taxa de contágio permanece em crescimento. Em contrapartida, os casos descartados cresceram 102,7%, com aumento de 64,7% do número de recuperados.
Os dados divulgados no boletim desta quinta-feira (15) indicavam que o município contabilizava 17.303 notificações, 10.138 casos confirmados e 7.074 descartados, com destaque para as 815 novas notificações, 581 casos positivos e 218 casos descartados. As relações descartados/positivos e descartados/notificados caíram para 69,8 e 40,9%, respectivamente.
A relação casos descartados/casos confirmados, em Ouro Preto, chega a 135,4%, mantendo a tendência de queda observada desde janeiro, permanecendo mesmo assim com a maior relação descartados/notificados (56,4%) na Região dos Inconfidentes. Nesta quinta-feira (15), as notificações chegaram a 9.372, com 3.902 confirmados e 5,284 descartados. Com isso, o município permaneceu com o menor número de casos confirmados em 15 dias (401) e o maior número de novos casos notificados (874), correspondendo a aumento de 255 em relação ao mesmo período de março.
Ao final do período referente a esta atualização do Informativo Covid-19, a taxa global de pacientes considerados recuperados subiu para 96,9%, permanecendo Itabirito com o melhor desempenho (98,5%), seguido por Mariana (96,6%) e Ouro Preto (93,1%).
*** Continua depois da publicidade ***
Ocupação dos leitos
A Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto é a instituição referência para tratamento da Covid-19 na microrregião correspondente às cidades de Itabirito, Mariana e Ouro Preto. DE acordo com os boletins disponibilizados (publicados apenas de segunda a sexta-feira, mas com lacuna nos dias 02 e 14 de abril, a taxa média diária de ocupação dos leitos de UTI no período foi de 96,1%. A instituição agora conta com 20 leitos de UTI e 13 de isolamento em enfermaria, esses com 70,4% de taxa média diária de ocupação.
Nos 10 leitos de Clínica Médica do Hospital Monsenhor Horta, apenas no dia 06 de abril a taxa de ocupação não foi total, observando-se, também um crescimento da utilização dos leitos de ampliação (hospital de campanha) instalados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Mariana, ressaltando-se que os dados foram obtidos nas Notas Técnicas da Secretaria Municipal de Mariana, publicados apenas de segunda a sexta-feira. Com isso, constata-se que a Região dos Inconfidentes não teve reflexos positivos da implantação da Onda Roxa, no que se refere a alívio das condições de atendimento à saúde, como era a intenção da modificação inserida no plano Minas Consciente, em março.
Taxas médias diárias e médias móveis
Mantendo a limitação temporal a partir do dia 1º de janeiro, de modo a permitir uma análise visualmente mais detalhada da evolução das taxas médias diárias de casos notificados, no primeiro gráfico abaixo é possível visualizar a oscilação dessa taxa, para os três municípios, enquanto os dois seguintes, de forma mais concisa, apresentam os valores médios mensais da variação diária dos casos notificados e confirmados.
No caso das taxas médias diárias de casos notificados, Ouro Preto chegou a atingir 1,7 no dia 10/04; Itabirito atingiu o pico de 2,27 dois dias depois, enquanto Mariana teve, na quinta-feira (15) a máxima de 1,24.
Observa-se que, em ambas as situações (casos notificados e confirmados), Itabirito apresenta as médias mensais mais altas, seguido de Mariana e Ouro Preto. Em Itabirito ocorreu uma pequena queda das taxas dos casos notificados e estabilidade dos casos confirmados, enquanto Mariana registrou queda dos dois indicadores. Já em Ouro Preto, a média mensal das taxas de casos notificados quase dobrou, o mesmo acontecendo, porém em menor escala, para a média mensal das taxas de casos confirmados.
A análise da comparação de cada média móvel com a observada 14 dias antes (gráfico abaixo), mostra que a Região dos Inconfidentes sofre variações cíclicas, com oscilações que ora tendem a demonstrar tendência de reversão do quadro pandêmico, mas, em seguida, apresentam inversão dessa tendência.
Depois de atingir um pico de 124,8% de aumento no dia 31 de março, Ouro Preto passou a valores negativos no dia 8 de abril, permanecendo em tendência positiva até o dia 14, com inversão dessa tendência no dia seguinte.
Mariana teve o pico de 129,9% em 26 de março, iniciando uma queda bastante acentuada até atingir -48,1% no dia 5 de abril, passando à tendência de piora desse indicador e atingindo 12,4% no dia 15, já próximo do limite da zona de agravamento do quadro.
Por sua vez, em Itabirito, a amplitude de oscilação foi menor, saindo de 33,3% no dia 25 de março e permanecendo entre as zonas de estabilidade e reversão do quadro pandêmico durante o restante do período.