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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Instituto Guaicuy promove reunião com comunidade de Antônio Pereira nesta sexta

Encontro on-line visa a apresentar e avaliar o plano de trabalho da Assessoria Técnica Independente aos atingidos da Barragem de Doutor

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Proximidade das residências com a barragem em nível de emergência faz com que moradores vivam inseguros e peçam por realocação. Foto: Comunicação ATI Antônio Pereira.
Proximidade das residências com a barragem em nível de emergência faz com que moradores vivam inseguros e peçam por realocação. Foto: Comunicação ATI Antônio Pereira.
A luta dos moradores do distrito ouro-pretano de Antônio Pereira em relação ao risco de rompimento da barragem de Doutor, da Vale, recentemente ganhou um aliado: o Instituto Guaicuy. A entidade é responsável pela Assessoria Técnica Independente (ATI) às pessoas atingidas pela mineração. Nesta sexta (7 de maio), às 19h, o grupo realiza uma reunião geral, via internet, com a comunidade para avaliação do plano de trabalho.

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A população da localidade vive um impasse com a mineradora devido à elevação do nível de emergência da barragem de Doutor, localizada no distrito e que integra a Mina de Timbopeba, no Complexo de Mariana. A proposta da ATI é auxiliar moradores no processo de levantamento e reparação dos prejuízos com vistas às negociações para reparação de danos.

O vice-presidente do Instituto Guaicuy e coordenador da ATI Antônio Pereira, Ronald Guerra, o Roninho, explica que “Há cinco anos (do rompimento) de barragem de Fundão, agora vem, num baque muito forte, a paralisação da barragem de Doutor e o descomissionamento, que vai durar um período de dez anos impactando a comunidade. São vários danos a serem mensurados. E é por isso que a assessoria técnica está sendo contratada, para trazer informações mais adequadas na área dos direitos e informações técnicas, proporcionar um acolhimento emergencial frente aos danos que estão sendo causados por todo o processo, e também fazer um levantamento para assessorar esses atingidos para que eles possam lutar pelos seus direitos”.

As obras de descomissionamento têm resultado em consequências diretas para a comunidade, como ele pôde observar em sua visita. “Na visita técnica, ficou latente que Antônio Pereira virou um canteiro de obras da Vale. O complexo de mineração que ficava próximo ao distrito invadiu todo o entorno com o processo de descomissionamento. Essas obras ampliaram o tráfego pesado de máquinas, a presença de empreiteiras no território, o aumento de poeira, de ruído. Nós fomos para a parte mais impactada, próximo à zona de autossalvamento; às ruas projetadas 10, projetada 15 e afluentes, onde foram feitas grande parte das remoções. E nessas casas, de classe social com menos condição, há um tratamento diferenciado: elas foram depredadas. Não houve nenhum critério da própria empresa para assegurar a proteção dessas residências”, acrescenta Roninho.

Encontros

Foram realizadas sete reuniões territoriais organizadas separadamente entre os dias 23 e 30 de abril. Na reunião geral, o foco é mostrar os resultados das demandas, dos relatos de danos e das reivindicações apontadas pelos moradores. Os interessados em participar podem acessar aqui o link do encontro.

A expectativa do aposentado José Cardoso, morador do distrito, quanto à atuação da ATI é grande: “Eu tive o privilégio de participar de quase todos os encontros da equipe do Instituto Guaicuy com os moradores em diversos setores de Antônio Pereira e Vila Residencial Antônio Pereira e pude perceber que as pessoas acreditam que o instituto vai ser um grande representante do distrito na defesa dos direitos os atingidos direta ou indiretamente”.

O levantamento, realizado pela metodologia Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), define as linhas mestras do plano de trabalho. Uma vez chancelado pelas vítimas, o documento segue para exame do Ministério Público de Minas Gerais que, ao aprová-lo, abre a segunda fase dos trabalhos da ATI, com a contratação da equipe ampla que cuidará do acolhimento e encaminhamento de medidas emergenciais e da elaboração da matriz de danos e do plano de reparação integral.

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A situação da barragem

A barragem de Doutor, da mina Timbopeba, fica no distrito ouro-pretano de Antônio Pereira, e vem sofrendo um processo de desativação e descomissionamento devido ao nível 2 de emergência de rompimento em que se encontra. A estrutura retém três vezes o volume de rejeitos da barragem 1 da Mina do Feijão, que rompeu em Brumadinho em 2019. São pelo menos 35 milhões de metros cúbicos de rejeitos na barragem de Doutor, motivo pelo qual foi interditada pelo Ministério Público de Minas Gerais, em 2019, após uma empresa de consultoria alemã apresentar laudos que indicavam “risco ambiental e social” em continuar sua atividade.

A mineradora Vale, entretanto, ainda questiona o impacto disso em relação à elevação do nível de emergência da barragem. Embora algumas famílias já tenham sido retiradas do local, a zona de autossalvamento, que são os 10 quilômetros no entorno da barragem, continua habitada.

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