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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

É tempo de pinhão

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Pinhão, alimento que não custa um quinhão, mas é do chão

Que as mãos encontram a porção!

A gralha azul, já não gralha mais… mas traz a semente e destemidamente enterra na terra, a árvore nasce e renasce em nós, em cada inverno e em tempo “interno”!

Araucária angustifólia, qual a sua angustia? Ou é astúcia? Nos alimenta e sustenta o corpo do vivente, transcendente e sobrevivente!

O inverno não é terno, é duro. E do pinhão é de onde eu vejo as cores bonitas, o verde e o vermelho e no sopro do vento gelado invernal eu tenho comida no quintal!

Gente pobre é nobre, buscar da terra a comida e a sobrevivência, é muita vivência! O pinhão é o cedro do Rei Trabalhador, campesino forte que sabe qual “é o norte”, que as aves vêm e voltam com sementes e resistentes!

Um “quentão de pinhão” aquece um coração, bendito seja esse alimento que passou longe de qualquer invento, mas a contento, nos tira a aflição e abre os corações invernais e fugaz.

Araucária, eu te defendo e te defenderia, mas o homem que derruba a madeira nunca está satisfeito, ele é feito de “cegueira”, não se importa em te deixar permanecer, mas o homem que te derruba um dia ficará ajoelhado a ti, e vai fome passar e o pássaro não se entristecerá porque alguma semente há de ficar!

Eu tenho lembrança do pinhão “sapecado” no fogão de lenha, parecia que até o fogo sorria, era tanta alegria, tanta comida, tantas sementes e as nossas mentes iam ao longe, contando de histórias de monge que moravam longe, mas se alimentavam de pinhão, da farofa ao bolo, um rolo de histórias!

Uma senhora dizia que a Gralha Azul, era a dona do pinhão, então veio um ancião e lhe mostrou uma vereda, era a Mantiqueira! Inteira, um céu no chão de árvores e pinhão no chão.

Uma pinha caída no chão é uma alegria de criança, uma coisa simples e tão bonita e sempre no inverno, o moço de bom terno, não entenderia…

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Sarah Tempesta é bióloga e mora em São Lourenço (MG)
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