- Ouro Preto
Manifestação contra governo Bolsonaro reuniu representantes de diversas entidades na praça Tiradentes
Além da pauta #forabolsonaro, evento pediu vacina para todos e se manifestou contra a Saneouro e a mineração considerada predatória
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Leandro Andrade, presidente do Sindsfop, descreve que “começamos a organizar esse movimento há umas duas semanas e contamos com a participação de várias entidades que foram nos procurando, foram se aglutinando e se agregando. O ato atendeu às nossas expectativas, uma vez que o nosso objetivo não era lotar a praça por uma questão de segurança [sanitária]. As pessoas estão mantendo distanciamento, com máscara e se higienizando [com álcool]”.
“A organização e todas as pessoas que ficaram de organizar o #29M aqui em Ouro Preto estão de parabéns. Tudo com demarcação no chão, com distanciamento, respeitando esse momento tão difícil que a gente está vivendo. Estar aqui é um ato cívico, é um ato político, é um ato pela vida”, declara a historiadora e pesquisadora Sidnéa Santos. A ouro-pretana complementa sobre o lado social da pandemia: “São praticamente meio milhão de brasileiros mortos. E a gente sabe a cor e a classe social das pessoas que estão morrendo. Por mais que famosos, pessoas importantes, também estejam, infelizmente, sendo vítimas da Covid, as maiores vítimas são as pessoas pobres, são as pessoas pretas, são as pessoas da periferia”.
Pautas locais
O dirigente da Federação das Associações de Moradores de Ouro Preto (Famop), Luiz Carlos Teixeira, destaca a questão local do movimento: “por exemplo, nós temos o ‘fora Saneouro’, que é contra a concessão, uma vez que os moradores não têm condições de pagar o que está sendo pretendido cobrar de cada um [em referência à conta de água]. A gente não pode ser a favor de uma política que espolia e que sacrifica os moradores de Ouro Preto”.
Ele também cita a questão da mineração na região, relacionando as comunidades de Botafogo, Amarantina, Miguel Burnier, Capanema e Antônio Pereira como as mais atingidas: “A outra pauta importante é em relação à servidão minerária. Nós estamos com problemas sérios aqui em Ouro Preto. As comunidades estão sendo atingidas pela ganância do capital”.
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Educação
As graduandas de Serviço Social da Universidade Federal de Ouro Preto, Maria Gabriela Ferreira Pedrosa, de 21 anos, e Lara Mapa, de 23 anos, acompanharam o ato com cartazes que se voltavam para a causa estudantil. Elas falaram sobre a importância da educação pública e como o corte de verbas para as universidades afeta diretamente a oferta do ensino de qualidade. Outro ponto apontado por elas foi que muitos estudantes, particularmente do curso de Serviço Social, precisaram do auxílio emergencial para se manterem, além do programa da Ufop de Auxílio Inclusão Digital.
A artista plástica e ouro-pretana Bárbara Mól também participou do ato: “Estou aqui para defender a vida, para dizer fora Bolsonaro, fora genocida, fora miliciano. A população está exausta, está cansada, está com medo. A população merece vacina e educação. Se a gente não se posicionar, nada vai mudar”. Ela completa: “mesmo Ouro Preto sendo uma cidade do interior, ela é historicamente e estruturalmente integrada à história do Brasil; e a gente não pode fugir de mostrar nossa indignação”.
Para a ouro-pretana e empresária Fernanda Tropia, “foi muito importante ter ido pra rua hoje. Não é à toa que, se dependesse de Ouro Preto, em 2018, Bolsonaro não seria eleito. O evento foi muito organizado, 100% de máscara, com de álcool em gel, distanciamento. No final, todos limparam o local, e a manifestação deu o seu recado: Fora Bolsonaro! Queremos vacina! Viva o SUS”.
A estimativa da Guarda Municipal é que aproximadamente 150 pessoas participaram do ato. Além disso, havia muitos turistas espalhados pela praça Tiradentes. Durante toda a manhã, muitos motoristas também passaram pelo local e buzinaram e/ou levantaram gritos de “fora Bolsonaro”, declarando apoio à manifestação. Segundo os organizadores, ato não percorreu as ruas da cidade para evitar aglomerações considerando o cenário pandêmico, já que Ouro Preto continua na Onda Vermelha. Mobilizações semelhantes foram realizadas em Mariana e Itabirito, além de diversas reuniões do País inteiro.