- Itabirito
Prefeitura de Itabirito anuncia retorno das aulas presenciais em agosto
Decisão dividiu opiniões entre pais e professores
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A reportagem da Agência Primaz ouviu a Secretaria Municipal de Educação e buscou ouvir opiniões favoráveis e contrárias à decisão.
Mãe a favor do retorno
Jéssica Santos é mãe de um bebê de 1 ano e 7 meses. A jovem se mudou grávida com o marido para Itabirito no início da Pandemia. Ela conta que, desde então, não conseguiu voltar ao mercado de trabalho, na função de auxiliar de almoxarifado, por não ter com quem deixar o bebê de forma que se sentisse segura, já que ainda não tem contatos na cidade. “O retorno das aulas e das creches seria um grande alívio. Meu filho está com dificuldade no desenvolvimento social por ficar somente em casa e sem contato com outras crianças“, diz Jéssica, que morava no estado do Pará e que se mudou para Itabirito em função da transferência de seu marido para a cidade.
A intenção do casal era de colocar o bebê em uma creche, porém nunca foi possível, devido ao fechamento de todas as unidades em função da pandemia. Com a reabertura dos serviços, Jéssica espera encontrar um lugar onde possa deixar o bebê e voltar a exercer suas funções profissionais.
O lado contra o retorno
Marcelo Silva é biólogo e professor das redes estadual e particular em Itabirito desde 2006. Ele se posiciona contra o retorno, e aponta situações preocupantes em relação a volta às aulas. “Como uma escola vai resolver um problema de saúde pública, que é fatal, sendo que não damos conta de resolver problemas simples, como de piolhos, principalmente nos pequenininhos. Como os professores vão dar conta de manter o distanciamento destes alunos, ou em creches?“, questiona o educador.
Sobre o apoio que o retorno tem recebido, principalmente por parte de pais e responsáveis, Marcelo é enfático ao apontar uma transferência de responsabilidades. Ele cita que já debateu com alguns pais que dizem que os alunos não estão na escola, mas ficam na rua neste momento em que as aulas acontecem apenas de forma remota.
“Se os próprios pais não estão dando conta de manter os filhos em casa, como os professores vão conseguir manter os alunos na escola 4, 5 horas sem contato com outros colegas? A culpa, se um aluno contaminar outro, recai sobre o professor. O professor que não olhou direito“, pontua.
Marcelo afirma que o retorno, neste momento, ainda é muito complicado, principalmente pelo ambiente da sala de aula (proximidade) e a interação entre os alunos. “Como biólogo, falo: este vírus tem uma biologia totalmente diferente, uma evolução que está fora do comum. Ele se multiplica de forma assustadora, principalmente pela falta de distanciamento social, e vai aumentar ainda mais se retornar as aulas. O ideal seria o distanciamento geral“.
Sobre as aulas em modelo remoto, o professor salienta que o trabalho tem sido ainda mais intenso do que em aulas presenciais. “O professor está trabalhando muito mais em home office, ele tem que ficar por conta de rede social, respondendo aluno, fazendo novos planejamentos“, declara Marcelo, chamando a atenção para o perigo de transmissão entre pessoas assintomáticas. “Tem os protocolos, vai aferir a temperatura. Mas, e os alunos que forem assintomáticos, ou mesmo um professor ou funcionário? Vai transmitir o vírus mesmo sendo assintomático e não será detectado. Por mais que tenham os protocolos de segurança, tem coisas que vão escapar do protocolo e pode levar o vírus para casa, para outros familiares“, alerta o educador, enfatizando que o momento ainda é de distanciamento.
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O que diz a Secretaria de Educação
Segundo a secretária de educação, Iracema Ana D’arc Pedrosa Mapa, “este momento é de construção coletiva, com o envolvimento primordial de pais, alunos e servidores. A decisão foi tomada após a autorização dos órgãos responsáveis e ainda, seguindo todos os protocolos e normas vigentes. Neste momento, voltamos nosso olhar para os alunos, que têm o direito à educação e são prioridade nas ações governamentais, necessitando a retomada das interações sociais nas instituições de ensino“.
Nossa reportagem solicitou informações sobre os protocolos que serão adotados pelas escolas, tanto em redes estaduais, municipais e particulares, mas não tivemos resposta até o momento da publicação desta reportagem.