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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Caminhada Fora Saneouro reforça mobilização popular contra privatização da água em Ouro Preto

Manifestantes continuam acampados na Praça Tiradentes

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Manifestantes reclamam das altas tarifas surgidas em simulação de cobrança da água em Ouro Preto. Foto: César Diab
No último sábado (21), foi realizada mais uma manifestação contra a privatização da água e do saneamento básico de Ouro Preto. A caminhada Fora Saneouro teve concentração na Praça da Estação e os manifestantes subiram, em marcha, até a Praça Tiradentes. A reivindicação principal é a retirada da empresa Saneouro, que pertence ao grupo sul-coreano GS Inima, da gestão do saneamento básico no município. A manifestação foi organizada por uma série de movimentos sociais e também contou com a presença de partidos e políticos.

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Du Veloso, que é membro do Comitê Central de Mobilização, explica que a caminhada “é uma iniciativa de vários movimentos sociais de Ouro Preto, pedindo o Fora Saneouro.” O manifestante também afirmou que o contrato assinado com a Saneouro é “extremamente lesivo” para os cidadãos. “A gente tem a patrulha da água, o comitê sanitário, o comitê central de mobilização, o sindicato assufop. Então foi a junção de todos esses movimentos. O contrato que foi feito com essa empresa é extremamente lesivo para a população de Ouro Preto.”

Du Veloso também reclamou da tarifa social que, de acordo com o contrato assinado com a Saneouro, atenderá, apenas, 5% da população ouro-pretana. “A gente sabe que, em Ouro Preto, mais de 25% das pessoas estão abaixo da linha da pobreza. Esse contrato tem que ser extinto, assim como o prefeito prometeu na campanha. Então esse movimento é mais para dar esse empurrão, para que o prefeito tome logo uma iniciativa de romper esse contrato e remunicipalizar o saneamento no nosso município.”

Thiago Caldeira, diretor sindical do Sindicato dos Servidores Técnico-administrativos da UFOP (ASSUFOP), também defendeu a participação das associações vinculadas à Universidade Federal de Ouro Preto nas manifestações populares. “A gente acredita que a união das pessoas é que faz a mudança. Como fala Lima Barreto,o que diferencia o povo do público é que o povo vai pra rua, enquanto o público só assiste. E o sindicato ASSUFOP não é o público. É o povo, porque nós trabalhamos na universidade, mas moramos em Ouro Preto e não concordamos com a privatização da água”.

Confira a galeria de fotos da caminhada, de autoria de César Diab

A caminhada também teve a presença de vereadores e outros políticos locais. Entre eles, o vereador Naércio Ferreira ressaltou as preocupações com o saneamento básico dos distritos de Ouro Preto. “Há uma grande insatisfação instalada, tanto na sede quanto nos distritos, devido à inoperância da empresa, no tocante à falta d’água que acomete todos os distritos. As pessoas estão receosas desse processo de hidrometração, porque as simulações estão com preços altíssimos. Essa tarifa não caberá no bolso do povo de Ouro Preto.”

Naércio também defendeu a atuação da Câmara Municipal em defesa dos interesses dos cidadãos. “O poder legislativo está trabalhando incansavelmente para descobrirmos se há alguma ilicitude no processo de concessão e podermos manifestar aos órgãos competentes.” O vereador argumentou ainda que a população quer pagar as tarifas, desde que seja um valor justo e que haja qualidade no serviço prestado. “Não é que o povo de Ouro Preto não quer pagar água. E, sim, que tenha captação, armazenamento e distribuição. Essa é a grande questão. A gente não paga um produto que a gente não tem”, disse o vereador.

A manifestação também foi acompanhada pelo deputado federal Padre João (PT). O deputado disse que tem visitado as comunidades de Ouro Preto e colocou o mandato à disposição dos manifestantes. “Enquanto deputado federal, a gente não está alheio às situações locais e de injustiça. O acesso à água é um direito humano, é saúde e nós sabemos que o interesse das grandes empresas é garantir o lucro para os acionistas.”

O deputado federal também disse que está acompanhando de perto a polêmica da Saneouro no município de Ouro Preto. “Conversamos com alguns vereadores que já tem encontrado várias irregularidades no processo de venda do saneamento. Nesse sentido, a gente tem certeza que desencadeou um processo errado a nível federal, quando possibilita e até condiciona, governadores e prefeitos a privatizar as águas”, finalizou o deputado federal Padre João. 

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Acampamento na Praça Tiradentes

Du Veloso também informou que, após a caminhada, o acampamento Fora Saneouro, instalado na Praça Tiradentes há quase 40 dias, seria suspenso, até o final dos trabalhos da CPI da Saneouro, instaurada na Câmara Municipal de Ouro Preto. Apesar disso, o acampamento segue mantido, como pode ser percebido pela nossa reportagem na tarde desta quinta-feira (26).

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