- Mariana
Moradores do São Gonçalo estão sem água há 15 dias, caminhão pipa do SAAE não atende todas as casas
De acordo com os moradores, a distribuição de água é desigual, algumas casas recebem água com frequência, em outras a caixa permanece vazia.
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Helen Aquino, uma das moradoras, está sem água desde sábado e relatou à nossa reportagem que o caminhão pipa, apesar de acionado, não resolveu seu problema. “Ontem veio um caminhão abastecer a rua, porém o motorista disse que não poderia abastecer na minha casa nem das vizinhas pois primeiro: teria que ter o número de protocolo do SAAE e segundo que a mangueira teria que ser maior”, reclama.
A moradora, entretanto, tem o protocolo de atendimento e o SAAE afirma possuir mangueiras de até 60 metros, o caminhão que esteve no local na segunda-feira, levou uma mangueira bem menor, insuficiente para acessar as caixas d’água.
Diante da situação, os moradores passam por grande dificuldade para conseguir água, Helen conta com a solidariedade para conseguir o mínimo. “Para atividades em geral, estou enchendo galões na casa de uma amiga que mora aqui perto. Mas para beber tenho que comprar água mineral”. Ainda de acordo com a moradora, tem famílias que passam por situações ainda piores: “conversei com uma vizinha e ela disse que nem pra beber tem água. O bairro é carente, então não é todo mundo que tem condições de comprar água mineral”.
Na casa de Vera Lúcia de Paiva moram oito pessoas e já faz mais de 15 dias que nenhuma delas têm acesso à água encanada. “Faz 15 dias que estamos ligando para o SAAE, eles nos dão protocolo, mas não resolvem o nosso problema. O caminhão vem em outras casas, mas na minha não chega”.
A diferença de tratamento é uma queixa de Joana D’arc Pires, a moradora afirma que o caminhão pipa atende com frequência algumas casas, mas não chega até a sua ou de outros vizinhos. “A última vez que o caminhão pipa me atendeu já faz muito tempo, foi no ano passado, neste ano eu não consegui nenhuma vez”, lamenta.
A moradora ainda questiona sobre os motivos que levaram o SAAE a deixar de atendê-la, “eles conseguiram encher minha caixa até ano passado, mas agora não conseguem mais? O motorista chega aqui e nem tenta, enquanto isso algumas pessoas são atendidas quando querem. Eu tenho o protocolo, mas eu não vou beber o protocolo, eu preciso de água”.
Helen lamenta a falta de sensibilidade da autarquia em sanar os problemas da vizinhança: “Eu não sei mais a quem recorrer, todo mundo aqui tem protocolo, eu tenho dois, ela deve ter três ou quatro, mas a gente não é atendido”.
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SAAE
Nossa reportagem enviou diversos questionamentos ao SAAE, perguntamos sobre o que levou a localidade a ficar sem água, sobre o funcionamento do protocolo de atendimento, sobre dificuldades de acesso, tamanhos de mangueiras, diferença de tratamento entre os moradores e sobre quais as ações que estão sendo tomadas para mitigar o problema no local.
Para a autarquia, o problema da falta d’água está ligado à longa estiagem e às ligações irregulares, o que afeta principalmente os moradores das partes mais altas do bairro: “O fator é climático, estamos há meses sem chuva, isso afeta muito nossas captações e poços artesianos. O abastecimento não foi interrompido no bairro. Nesse período, a baixa pressão afeta as residências das partes altas, que acabam sendo as mais penalizadas. As casas na parte baixa têm reflexos minimizados, já que a caixa enche durante a noite, quando o consumo é menor e, consequentemente, há maior pressão na rede. Outro problema do bairro são ligações clandestinas em área de ocupação irregular. Isso sobrecarrega muito nosso sistema, comprometendo o abastecimento das moradias regulares do bairro”.
Em relação ao atendimento de caminhões pipa, o SAAE esclarece a forma de atendimento. “O consumidor tem que solicitar em nosso serviço de atendimento, por telefone(3557-9300) ou App(Android e IOS), para o setor de frotas programar a rota desses caminhões. Todo serviço solicitado tem que ser registrado”.
Sobre o tamanho das mangueiras para acesso às caixas d’água, o SAAE afirma que “Temos mangotes de até 60 metros, metragem essa suficiente para atender todas as residências de Mariana. Em algum caso o problema é o difícil acesso por ser ruas sem pavimentação ou muito íngreme. Preocupamos com a segurança tanto do motorista do pipa como dos moradores dessas áreas”.
Sobre quais motivos levaram ao não atendimento dos moradores do São Gonçalo, o SAAE alega dificuldades técnicas para acessar as caixas “A Rua São Gonçalo do Cruzeiro pra frente, é difícil acesso, ruas estreitas, becos e vielas, isso dificulta a entrada de caminhões pipa para atender de forma satisfatória os moradores daquela região. A razão de “vizinhos têm suas caixas abastecidas algumas vezes por semana” é devido a facilidade por estarem mais próximo a entrada de acesso”. Mas a autarquia promete uma solução aos moradores: “A falta d’água causada pelo fator climático é a razão de não estar chegando água pela rede. Estaremos indo ao local com nossa equipe de redes e engenharia para acharmos uma solução para os moradores”.
Sobre possíveis soluções a médio e longo prazo, o SAAE afirma: “A curto prazo temos planos de perfurar novos poços artesianos, processo de licitação em fase final de conclusão. Outra ação do SAAE é identificar e cortar todas ligações clandestinas. Falar em sanar o problema definitivamente, isso depende de cada morador do bairro, precisamos que todos se unam e evitem desperdiçar água. É muito comum nossa fiscalização flagrar moradores lavando carro, passeios e até a rua”.