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Hoje é quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Paralisação da Univale chega ao sétimo dia sem acordo entre as partes

Movimento recebe apoio de outros sindicatos e Vale interrompe negociações de acordos coletivos com Sindicato Metabase Inconfidentes em retaliação.

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Reunião entre representantes dos motoristas e Univale ocorreu ontem no Hotel Providência - Foto: Yuri Gomes
Ontem(19), no sexto dia de paralisação, aconteceu no Hotel Providencia a primeira rodada de negociação entre empresa e líderes dos trabalhadores, os motoristas encaminharam nove reivindicações, apenas uma foi totalmente atendida, por isso, em assembleia ocorrida ontem a noite os trabalhadores optaram por continuar com a paralisação. O Sindicato dos Metalúrgicos de Ouro Preto decidiu por unanimidade, apoiar o movimento dos motoristas.

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A quarta-feira foi um dia importante para os trabalhadores que acampam em frente a garagem da Univale, pela primeira vez desde o início das paralisações, a empresa aceitou sentar para negociar com os manifestantes. Na tarde de ontem os líderes do movimento levaram suas reivindicações, eram elas: Anistia do movimento (nenhuma punição), reintegração dos demitidos, retroativo do acordo coletivo, fim da terceira pegada ou pagamento de hora extra, área de descanso para os motoristas(única reivindicação totalmente aceita), fim dos descontos por avarias, fim dos descontos do VA em dias de afastamento, aumento do cartão alimentação e estabilidade no emprego por pelo menos um ano para evitar qualquer tipo de perseguição ao movimento.

As contrapropostas apresentadas pela empresa não garantiam o pagamento dos dias de paralisação, o que seria uma punição aos trabalhadores. A empresa também não aceitou reintegrar os demitidos, o único recuo nesse sentido foi o de converter a demissão por justa causa em demissão sem justa causa, nesse ponto, Clemilson, um dos líderes demitidos pela empresa vê uma tentativa de desarticulação do movimento, pois “a empresa para nos demitir teria que dar um bom acerto, pois temos estabilidade pela CIPA, então caso eles mantenham as demissões, isso vai colocar trabalhador contra trabalhador, pode ficar parecendo que a gente se vendeu nesse movimento todo, mas a gente não está a venda”, esclarece.

A questão do retroativo do acordo coletivo, de acordo com a empresa, foi convertido em um bônus, aprovado pelo sindicato da categoria. Sobre o fim da terceira pegada ou o pagamento das horas extras, a empresa teria prometido rever a situação posteriormente, o que não atenderia as demandas dos trabalhadores. Clemilson conta que apesar de pegar serviço às 5:30 da manhã e frequentemente chegar em casa após as 19h, recebe como se tivesse trabalhado por 7h. A empresa prometeu que pagaria as horas que constasse nos pontos, mas os motoristas dizem que não é bem assim: A gente é coagido a colocar os horários que a empresa determina, o ponto é manual, então o registro é alterado para eliminar todas as horas extras.

Motoristas permanecem em acampamento em frente a garagem da Univale - Foto: Lui Pereira/AgênciaPrimaz

Sobre o fim dos descontos por avarias, houve um pequeno avanço, com a promessa da empresa em criar uma comissão mista para avaliar separadamente cada caso e determinar a possível culpabilização ou não dos motoristas em caso de acidentes, mas não houve promessa de estabilidade para os participantes da comissão mista, o que poderia fazer com que os trabalhadores sofram pressões para decidirem em favor da empresa.

O aumento do Vale Alimentação proposto pela empresa foi insuficiente e os trabalhadores desejam um valor compatível com outras empresas do mesmo setor que chegam a oferecer 800 reais a um motorista, o movimento pede R$600 e o fim dos descontos em caso de faltas com justificativa, a empresa prometeu discutir, mas não houve compromisso nesse sentido.

Em relação à estabilidade dos trabalhadores por um ano, para evitar perseguições ao movimento foi descartada pela empresa, pois segundo a Univale, como o contrato é terceirizado, em um ano pode haver mudanças no contrato com a Vale que não estariam sob seu controle. Nesse ponto os trabalhadores aceitaram reduzir pela metade esse tempo de estabilidade.

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Sindicato dos Metalúrgicos de Ouro Preto agora também apoiam a paralisação dos motoristas - Foto: Lui Pereira/Agência Primaz

Os motoristas questionam também a nota enviada pela empresa para o jornal O Espeto, na referida nota a empresa acusa os trabalhadores de “não cumprirem a liminar que determina a manutenção de 50% dos serviços”, os motoristas afirmam cumprir a determinação judicial, mas acusam a empresa de querer que o funcionamento seja superior ao determinado pela justiça.

Os manifestantes prometem permanecer quanto tempo for necessário no acampamento e acreditam que o movimento ganha mais força a cada dia. Hoje representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Ouro Preto estiveram no acampamento em apoio aos motoristas, a categoria decidiu em assembleia, apoiar os motoristas. Para Roberto Vagner de Carvalho, representante do Sindicato dos Metalúrgicos, “a luta da classe trabalhadora é uma só, a gente precisa se unir para conseguir boas condições de trabalho, por isso damos apoio integral aos trabalhadores da Univale e daremos todo apoio à essa luta”.

Vale ameaça Metabase Inconfidentes

Ontem(19) a Vale anunciou que não seguiria com as negociações de acordos coletivos com o Sindicato Metabase Inconfidentes, a Equipe de Relações Trabalhistas da Mineradora encaminhou uma mensagem ao sindicato suspendendo as negociações com a categoria. De acordo com o diretor de comunicação do sindicato, Bruno Teixeira, a justificativa da mineradora para não negociar com o sindicato seria o apoio que este oferece ao movimento dos motoristas da Univale. “Isso caracteriza uma prática antissindical que a Vale está fazendo com o sindicato da mineração que está apoiando o movimento dos trabalhadores da Univale, inclusive foram duas rodadas de negociação já esta semana, uma ontem e outra hoje. Isso é uma clara tentativa de retaliação que não afeta só o sindicato, mas também os cerca de 3 mil trabalhadores que a gente representa”.

A mensagem (íntegra abaixo), afirma que os diretores do Metabase Inconfidentes teriam impedido o cumprimento de decisões judiciais e diz que a Vale teria diversos BO’s e documentação farta contra os representantes. A mensagem afirma que o “alvo” da paralisação seria a Vale e por isso não haveria “clima” para o prosseguimento das negociações.

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O Sindicato Metabase Inconfidentes não representa legalmente os motoristas da Univale que são representados pelo STTROP. Entretanto, desde o primeiro dia de paralisação, apoiam a luta dos motoristas, assim como outros sindicatos, no entendimento dos representantes, o apoio ao movimento não deveria portanto ser um impedimento para o prosseguimento das negociações entre o Metabase Inconfidentes e a Vale.

Segue abaixo a mensagem encaminhada ao sindicato pela “Equipe de Relações Trabalhistas”:

“Turma, hoje nós anunciamos a suspensão das Negociações Coletivas com o Metabase Inconfidentes e estamos recebendo alguns questionamentos sobre a suspensão da negociação.

Em primeiro lugar gostaríamos de dizer que estamos tomando todas a medidas para que o diálogo dentro das condições normais seja reestabelecido e que estamos dialogando com as principais lideranças do sindicato e percebemos que a vontade de conversar é recíproca.

A nossa prioridade é o restabelecimento do diálogo.

Mas vamos aos fatos. Os empregados de uma empresa terceira da Vale entraram em greve e a Justiça definiu a necessidade de manter parte do efetivo trabalhando.

Alguns diretores de base do Metabase Inconfidentes disseram em público que o movimento era liderado pelo Metabase Inconfidentes e, no nosso entendimento ficou claro que o alvo era a Vale. Um movimento contra a Vale. Estes diretores também impediram o cumprimento das decisões judiciais. Existe farta documentação e inclusive alguns B.O.s.

A Vale inclusive entrou com uma ação na Justiça responsabilizando o Metabase Inconfidentes e alguns diretores, pelo descumprimento das decisões pois repito, para nós ficou muito claro que o alvo é a Vale.

Esperamos uma manifestação da Justiça para os próximos dias.

Neste clima o diálogo na mesa de negociações ficou totalmente inviável. Não temos condições de continuar a negociação como se nada estivesse acontecendo.

Mas como dissemos, já convidamos as principais lideranças do sindicato para criarmos condições que permitam o restabelecimento do diálogo acreditando que o interesse da categoria deve ser preservado.”

Obrigado 

Equipe de Relações Trabalhistas

Questionamos a mineradora sobre quais os motivos levaram a suspensão das negociações do acordo coletivo de trabalho, bem como questionamos sobre o teor da mensagem encaminhada ao sindicato, mas de acordo com a assessoria, “a Vale não comenta negociações coletivas em andamento”.