- Ouro Preto
Rede solidária por Amarantina reúne empresas, jogador da Série A e até políticos adversários
#OuroPretoSolidária. Mais de 100 famílias foram atingidas pela enchente do Rio Maracujá no dia 18. Algumas perderam tudo.
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Passavam das 16 horas de segunda-feira, dia 18, quando teve início em Cachoeira do Campo e Santo Antônio do Leite, o que se tornaria um desastre ambiental para Amarantina. A chuva dessas localidades seguiu o curso do Rio Maracujá e inundou mais de 100 casas em Amarantina, deixando mais de 40 famílias desabrigadas. A água chegou a entrar até 1,5m em algumas casas. Outras desmoronaram.
De acordo com a Defesa Civil, a região foi atingida por mais de 220 milímetros. Com a forte chuva e a inundação do Rio, os moradores foram surpreendidos e mal tiveram tempo de recolher alguns de seus pertences. O dentista Laércio Guimarães Lisboa, morador do distrito de Amarantina comenta que ficou assustado com a situação do local. “Foi uma tromba d’água muito grande, minha rua virou um mar. Quando eu estava assistindo à televisão, vendo a situação em Cachoeira do Campo inundada eu vi que era um drama, mas na hora que meu portão caiu, percebi a dimensão. Perdemos muita coisa.”
Já Édna Cassia Gonçalves, moradora do local há 26 anos, comenta que nunca tinha visto algo parecido na região e lamenta o ocorrido. “Graças a deus está todo mundo ajudando, mas é triste perder as coisas assim, perder os animais”. Édna ainda detalhou como todo o acontecimento foi inesperado. “Não estava chovendo no momento, estávamos em um jantar e quando eu cheguei no portão, a água já estava entrando em casa chegando nos quartos.”
Após o susto inicial e com muitas pessoas precisando de ajuda, moradores locais começaram a se mobilizar para prestar os primeiros atendimentos e ajudar os mais necessitados. Um desses moradores foi o pedreiro Natanael Jackson da Silva, 33 anos. Em seu relato, ele comenta que os bombeiros demoraram a chegar ao distrito e que barcos, cordas e duas máquinas pá carregadeira foram utilizados para resgatar pessoas em cima dos telhados das casas.
Angelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto, comentou os motivos que ocasionaram a tragédia em Amarantina. “Infelizmente veio essa chuva fortíssima, a muitos anos não havia uma tempestade tão forte quanto essa. Foram 170 litros por metro quadrado que caíram em Santo Antônio do Leite e 150 litros por metro quadrado em Cachoeira do Campo, de maneira que essa água toda desceu em Amarantina que está mais baixo e o distrito sofreu um verdadeiro dilúvio“.
O prefeito também acrescentou que ocorreu uma mobilização entre as prefeituras da região dos Inconfidentes. Uma força tarefa de Itabirito foi mobilizada para auxiliar o trabalho no distrito de Amarantina e a cidade de Mariana enviou bombeiros para atuar em Antônio Pereira. Outros distritos da região também foram afetados, Miguel Burnier, Mota, Engenheiro Correia, Santo Antônio do Leite, Antônio Pereira e Rodrigo Silva sofreram danos com as fortes chuvas.
Angelo também comentou sobre os próximos passos que devem ser dados para evitar futuras enchentes. Segundo ele, é necessário evitar novas construções em locais de alto risco que estão à beira do Rio Maracujá. O prefeito alega que boa parte do percurso está basicamente canalizado devido à construções residenciais. “Infelizmente foram feitas muitas construções na parte mais baixa do rio e todo o volume deságua em Amarantina.”
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Rede de solidariedade
Há exatamente uma semana voluntários, instituições, governos, empresas e políticos se mobilizam para ajudar as famílias de Amarantina. Ainda durante a enchente, as empresas Pedreira Irmãos Machado e Ferro Puro disponibilizaram caminhões e máquinas para ajudar as vítimas. Com a forte correnteza, uma retroescavadeira da pedreira foi utilizada para retirar famílias que saíam pelo telhado, enquanto a água subia no interior das casas.
Outras empresas também se mobilizaram e realizaram doações. Por intermédio do vereador Júlio Góri, a GSA Alimentos doou 200 cestas básicas aos atingidos e a empresa Florença doou 400 fardos de água mineral ao distrito. A empresa Transcotta anunciou um voucher de R$3.500,00 a ser utilizado no supermercado pelo comitê que organiza as doações. A Saneouro criou pontos de coleta de doações e disponibilizou caminhões pipa.
O lateral Patric, do América, também aderiu à rede de solidariedade. Na terça-feira, o lateral esteve no distrito e postou um vídeo descarregando um caminhão de cestas básicas. No Instagram, o jogador escreveu que “é gratificante saber que pode transformar vidas de pessoas que se encontram em situações de vulnerabilidade” e que “levar um pouco de amor, cuidado e assistência alimenta o corpo e alma de quem recebe e também de quem realiza o bem”.
A solidariedade em prol de Amarantina fez também com que políticos adversários se mobilizassem em conjunto. As doações conseguidas por Góri, por exemplo, foram anunciadas em vídeo gravado ao lado do prefeito Angelo Oswaldo, mesmo diante da postura crítica na Câmara à atual gestão municipal. O prefeito também agradeceu o anúncio de recursos para obras de infraestrutura e combate a enchentes, feitos pela deputada federal Greyce Elias, a pedido do vereador Vantuir. Ouro Preto também contou com o apoio das prefeituras vizinhas de Mariana e Itabirito. Outros membros do poder legislativo também disponibilizaram seus mandatos em defesa de Amarantina e a Câmara de Ouro Preto se tornou um local para arrecadar doações.
Até o momento, a Prefeitura de Ouro Preto informou que, após os trabalhos de remoção e condução da população para abrigos, a Defesa Civil e a Secretaria de Obras seguem na limpeza de ruas e casas. A população de Amarantina trabalha na reconstrução e segue contabilizando os danos causados pelas enchentes. Ainda são solicitadas doações, sobretudo, de utensílios domésticos, móveis, colchões, eletrodomésticos e ração para animais. A Ong AOPA está promovendo uma campanha para arrecadação de ração para os animais desabrigados. As doações podem ser entregues na sede de Ouro Preto, na Secretaria de Turismo – rua Cláudio Manoel, 61, Centro ou na Defesa Civil, rua Conselheiro Santana, 14, Pilar; ou, ainda, diretamente em Amarantina na Escola Major Raimundo Felicíssimo – rua Padre Pedrosa, s/n.