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Hoje é domingo, 10 de novembro de 2024

Iron Biker Brasil de volta a Mariana

Maior evento de mountain bike do país, 28ª edição da prova volta a acontecer na Primaz de Minas depois do cancelamento da edição de 2020

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Praça da Sé, no Centro de Mariana, foi mais uma vez palco das largadas do Iron Biker Brasil – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz
Cancelada em 2020 devido à pandemia da Covid-19, e inicialmente marcada para setembro de 2021, a edição 28 do Iron Biker Brasil teve seu primeiro dia de prova, neste sábado (13) com as largadas dos percursos A (Completo), com 96,2km e B (Reduzido), com 60,2km, contando os deslocamentos na largada e na chegada. Justificada pela organização do evento como medida de segurança, devido às chuvas dos últimos dias, o percurso completo (68km) deste domingo (14) foi cancelado, com todos os participantes percorrendo o circuito reduzido (53,5km). Ao final de dois dias de prova, mineiros sagram-se campeões na categoria Elite.

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Sábado, 13 de novembro

No primeiro dia de prova, a largada dos competidores do percurso completo aconteceu às 8h deste sábado (13), enquanto a largada do percurso reduzido ocorreu 45 minutos depois. Ainda antes da largada, nossa reportagem ouviu dois competidores para saber da expectativa sobre a prova e obter detalhes relacionados à prática do esporte.

Alan Morais Viegas, de Lagoa Santa (MG), inscrito no percurso completo, já havia participado da edição de 2019, e volta a Mariana lamentando o cancelamento da prova no ano passado, mas com expectativa de sentir novamente o gosto pelo esporte e pela prova. “Participei em 2019 e agora volta para minha segunda participação. Foi bom demais em 2019, infelizmente em 2020 não deu, mas agora estamos compensando”, declarou Alan, informando que a pandemia atrapalhou os treinos apenas no início, mas aos poucos consegui retomar a rotina de treinamento, mas sem perspectivas de participação em competições. “No início a pandemia atrapalhou um pouco, depois conseguimos voltar aos treinamentos e, agora, estamos aí novamente, todo mundo com sede para participar das provas”, finalizou o atleta.

Alan Viegas veio de Lagoa Santa (MG) para sua segunda participação no Iron Biker Brasil em Mariana – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Joana Eleonora Nóbrega, veio de Fortaleza (CE) para competir pela primeira vez em Mariana. Acostumada a provas locais e regionais, Joana pratica mountain bike desde 2002, inscreveu-se no percurso reduzido e revelou seu desejo de conhecer Mariana e também outras cidades do estado, sentindo-se desafiada pelo relevo da prova, bastante diferente dos que está acostumada a enfrentar. “Eu tinha muita curiosidade para conhecer Minas, e foi o que me atraiu para vir aqui: conhecer o estado, o relevo, o clima, que é tudo muito diferente do Nordeste. A prova tem muita subida, não sei se vai ter muito trecho técnico, e a minha expectativa é me divertir”, declarou Joana, afirmando que a informação é de que terá que enfrentar muita lama. “Isso é um pouco assustador, porque não é a condição que eu costumo rodar, mas eu acho que vai ser bem divertido sim. Quanto pior melhor. É mais ou menos assim a teoria desse esporte”.

Redução do percurso

Lucas Fonda, um dos organizadores do Iron Biker Brasil, falou à Agência Primaz sobre o cancelamento da prova em 2020 e da luta para a realização este ano. “Foi um período bem maluco, né? Dois anos variando entre a tristeza de não poder realizar a prova e, por outro lado, o otimismo de perceber que o mountain bike estava crescendo de forma considerável, mesmo durante a pandemia. Agora a gente consegue começar essa retomada, com muita alegria”, declarou Lucas.

Em relação à data, o organizador afirmou que vem seguindo o programa Minas Consciente e que a realização agora, mesmo com o inconveniente das chuvas, está em consonância com as recomendações sanitárias. “A gente vem seguindo o Minas Consciente, e isso sempre foi a regra básica para nos pautar, em relação à realização ou não da prova. Então, se hoje ela está sendo realizada, é porque ela está pautada em uma questão de viabilidade em termos de saúde, em relação à pandemia. Então a gente está bem tranquilo nesse sentido

Para Lucas Fonda, o cancelamento do percurso completo no domingo, com os competidores dessa categoria percorrendo aproximadamente 15km menos que o previsto inicialmente, Lucas nega que tenha sido uma imposição da Cedro Mineração, uma das patrocinadoras do evento, mas uma decisão tomada pela organização, visando à segurança dos atletas. “A prioridade principal do evento é a segurança do atleta. O percurso, como um todo, tá muito duro, choveu demais, tá perigoso e escorregadio. Então, a gente optou por reduzir um pouco do percurso do domingo, quando o atleta já tá mais desgastado. Aí, vamos diminuir em cerca de 15km. Não foi, de forma nenhuma uma decisão da empresa, muito pelo contrário. Tanto a Prefeitura de Mariana, quanto a Cedro, nos solicitaram que o evento passasse em Camargos [distrito de Mariana]. Então a decisão foi totalmente estratégica [da organização] da prova, por uma questão de segurança mesmo, junto com nossa equipe de staff”, assegurou Lucas Fonda.

Adaptação da representação esquemática dos percursos do Iron Biker Brasil 2021, com a indicação do trecho cancelado neste domingo (14) – Fonte: Guia do Atleta/Iron Biker Brasil 2021

Nossa reportagem tentou fazer contato com o presidente da associação de moradores do distrito de Camargos mas, por terceiros, foi informada que ele não queria se pronunciar. Por telefone, a Agência Primaz falou com Silvânia Aparecida, comerciante em Camargos, que demonstrou grande decepção pela exclusão do distrito do percurso do Iron Biker. Segundo Silvânia, essa decisão teria sido uma imposição da Cedro Mineração, causando revolta entre os moradores da localidade. “A nossa expectativa com o Iron Biker, passando por aqui, era um sentimento de começo de uma nova era. Esse cancelamento já aconteceu uma vez e me prejudicou de uma certa maneira. Quando eu soube que ia passar aqui, fiquei numa grande euforia. A gente estava preparando uma recepção aos ciclistas, com a participação de crianças incentivando os atletas. A verdade é que a gente tomou um balde de água fria. E isso não partiu somente dos organizadores do Iron Bike. Isso não é verdade. Isso foi imposição da empresa, da Cedro, porque a gente sabe que, mesmo com as chuvas, o trecho aqui não oferece perigo para a segurança”, desabafou Silvânia.

Ela conta que não teve prejuízo financeiro com o cancelamento, porque já havia passado por isso anteriormente e preferiu não arriscar de novo, mas informou que seu restaurante está cheio de caixas de água, gelo e nécessaires fornecidas pela organização do evento.

Impacto do evento na cidade

Bruno Freitas, Secretário Municipal de Esportes, manifestou sua satisfação pela realização do evento, e revelou os planos para o próximo ano. “Estamos voltando com os eventos, mas acredito que o evento mais importante do calendário esportivo do município, hoje, é o Iron Biker, porque fomenta não só a economia da nossa cidade, mas de toda a região. Então, é um evento com todo apoio da Prefeitura, e mesmo com o tempo feio, conseguimos trazer muitas pessoas pra assistir o evento e, no próximo ano já temos confirmado vários eventos grandes como o X-Terra, a Copa Internacional de Mountain Bike, o Iron Bike, o Bike Enduro, que vão continuar fazendo de Mariana uma referência no Brasil”, declarou o secretário.

Mesmo com o tempo nublado, um número razoável de pessoas acompanhou as largadas na praça da Sé. Entre elas, Tane Chiriboga, proprietária do Avenida Palace Hotel, mostrou-se esperançosa em relação à retomada do movimento turístico e de ocupação da rede hoteleira. “Eu já estava com 100% do meu hotel reservado, desde ano passado e o pessoal renovou para esse ano. Tive algumas desistências, mas mesmo assim tá muito bom o movimento. A maioria vai [sair] no domingo, mas tem alguns que vão segunda-feira”, afirma. Para Tane, há um sentimento de otimismo no setor hoteleiro com a volta de mais eventos no próximo ano. “Todos os hoteleiros estão muito otimistas para 2022, mas a procura [por acomodações na cidade] já tem aumentado. Houve cancelamento de algumas reservas, devido ao tempo chuvoso e à pandemia, mas mesmo assim o movimento está muito bom, finalizou.

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Chegadas no sábado

As primeiras chegadas ocorreram pouco depois das 10 e meia, quando Henrique Ribeiro Bravo, da categoria Juvenil-1, completou o percurso reduzido com 1h52 min06seg. No mesmo percurso a primeira atleta a completar a prova foi Thais Aparecida Melo Silva, categoria Master A Feminina, com 2h11min06seg, enquanto nossa entrevistada, Joana Eleonora Nóbrega foi a segunda colocada na categoria Master B Feminina, credenciando-se para ocupar a 6ª posição na classificação geral feminina, no primeiro dia de prova.

A grande expectativa era para as chegadas das categorias Elite Masculina e Feminina do percurso completo, com 92,7km cronometrados. Vindo de Patrocínio (MG), Nicolas Machado foi o primeiro, com o tempo de 3h19min23seg. “Foi uma prova de alto nível e a minha maior dificuldade, hoje, foi o barro. Mas, estou muito feliz com a vitória parcial na categoria e vamos para mais um resultado positivo amanhã”, disse o atleta.

Nicolas Machado foi o primeiro colocado da categoria Elite Masculina no sábado, percorrendo o trajeto com velocidade média de 25,95 km/h – Foto: Samuel Consentino/Iron Biker Brasil

Na Elite Feminina, a primeira posição ficou com Karen Olímpio, de Itaúna (MG), que fez o tempo de 3h53min53seg. A atleta manifestou animação com o resultado, obtido já em sua primeira participação, destacando sua expectativa positiva para a segunda etapa da prova. “É a minha primeira participação no Iron Biker Brasil e estou muito feliz. Foi um grande dia. Tive alguns imprevistos na prova, mas consegui contornar a situação. Fiz uma corrida de recuperação em um percurso com bastante lama, sofri e me diverti muito. Agora, é recuperar porque amanhã tem mais”, declarou Karen

Estreante no Iron Biker Brasil, Karen Olímpio foi a primeira colocada, sábado, na categoria Elite Feminina, completando a prova em pouco menos de 4h – Foto: Samuel Consentino/Iron Biker Brasil

Atletas fora da elite

A reportagem da Agência Primaz ouviu alguns atletas que, embora não sejam considerados de elite, dedicam-se por prazer ao esporte e têm interessantes histórias de participações e trajetórias no mountain bike.

Competindo em dupla com sua esposa, Lorrayne Alves Rocha, Allexander Stefan Rocha, de Belo Horizonte (MG), havia participado sozinho da edição de 2019 e, durante a pandemia, conseguiu convencer Lorrayne a praticar o esporte. “Com a pandemia, a gente acabou intensificando mais os treinos, porque a bike era não só um meio de transporte, mas também de lazer ao ar livre, sem aglomerar. Com isso a minha esposa começou a treinar de amaneira mais forte, e hoje ela já é atleta federada e tem participado de campeonatos”, conta Allexander, acrescentando que não estava programada a participação da Lorrayne em Mariana. “A gente conseguiu uma inscrição de um amigo meu que desistiu, por conta da pandemia, e a gente formou uma dupla, e o que vale é o tempo do último que chega”.

Com o tempo de 2h31min41seg, Allexander e Lorrayne terminaram o percurso reduzido em 8º lugar na categoria Dupla Mista-1. Lorrayne conta que participou recentemente de uma prova mais desgastante e brinca dizendo que a prova de sábado foi um passeio ciclístico. “Na semana passada eu participei de uma prova que a altimetria era ainda mais elevada. Então, de certa forma, foi o que eu brinquei com ele, dizendo que é um passeio ciclístico pra mim. Eu fui no [percurso] reduzido pra acompanhar ele, até pra incentivar”. Mas Allexander reconhece que ela fez mais que isso. “Ela me ajudou bastante nas subidas. Na dupla você pode ajudar um ao outro, você pode, às vezes, numa subida, dar um leve, e ela me ajudou bastante”, revela o atleta belo-horizontino.

Com uma prótese na perna direita, Krystian Faria Martins, nascido em Ponte Nova e atualmente morando em São Paulo, só consegue pedalar com a perna esquerda e foi bastante cumprimentado por outros participantes, por seu exemplo de esforço e dedicação ao esporte. Completando o percurso reduzido em 5h15min52seg, o atleta teve problemas com a bicicleta, mas conseguiu ajuda para finalizar a prova. “Eu comecei a participar [do mountain bike] mais como uma forma de fazer uma atividade física, sair da zona de conforto. Pra mim é normal [a reação dos demais participantes], porque como eu pedalo com uma perna só, chama muito a atenção, sempre todo mundo tá me olhando. E, embora não seja o meu objetivo, eu vejo que muitas vezes serve como incentivo. A grande dificuldade que eu tive, nesse [meu] 2º Iron Biker, foi que meu pedivela soltou, mais ou menos na metade da prova. Aí uma pessoa da organização perguntou se eu queria que chamassem o resgate. Aí eu disse pra ele que, se dependesse de mm, eu ia esperar até o último ciclista que passasse, pra tentar consertar o problema. Então, depois de algum tempo, um grupo de 5 ciclistas parou, fizemos uma gambiarra e eu consegui completar o primeiro dia”, concluiu Krystian.

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Domingo, 14 de novembro

O céu amanheceu menos nublado no segundo dia do Iron Biker Brasil 2021, coincidindo as chegadas com a presença de sol e poucas nuvens, com muitas confirmações dos favoritismos estabelecidos no sábado.

Henrique Ribeiro Bravo, da categoria Juvenil-1, foi novamente o primeiro a chegar, marcando o tempo de 2h04mim41seg; enquanto Thais Aparecida Melo Silva, categoria Master A Feminina, com tempo de 2h34min17seg. Nossa entrevistada, Joana Eleonora Nóbrega foi, mais uma vez segunda colocada na categoria Master B Feminina, ficando Allexander/Lorrayne em 6º lugar na categoria Dupla Mista-1. Krystian Martins também completou o percurso, com o tempo de 5h28mim22seg.

No pelotão de Elite, tanto Nicolas Machado quanto Karen Olímpio repetiram o desempenho do primeiro dia, garantindo as primeiras posições em suas respectivas categorias e, por consequência, a liderança no resultado final da prova. Nicolas Machado, somados os dois dias de prova, totalizou 5h08min09seg, enquanto Karen finalizou com 6h02min59seg, tempos que garantiram, a ambos, a primeira vitória no Iron Biker Brasil.

Estou bastante feliz com a vitória também no segundo dia. É a realização de um sonho ganhar o Iron Biker Brasil. A disputa estava acirrada, mas na parte mais íngreme do trajeto eu consegui me recuperar e garantir a vitória”, afirmou Nicolas. Karen demonstrou entusiasmo com o resultado, em sua primeira participação, e ressaltou a sua felicidade por ter conquistado o lugar mais alto do pódio em sua categoria. “O Iron é um desafio com um pouco mais de trilha. Foi sofrido por conta do esforço que acabei tendo que fazer por conta do barro. Mas consegui manter a liderança também nesta segunda etapa e estou muito feliz em completar o meu primeiro Iron como campeã. É extremamente gratificante”, comemorou Karen.

Entre os locais, destaque para Adenilson da Silva, Henrique Tavares e Thiago Souza, respectivamente classificados na 5ª, 8ª e 12ª posição da categoria Elite Masculina. Na Elite Feminina, Liege da Silva Walter finalizou a prova em 6º lugar, com Maria Maurilho alcançando o 2º lugar na categoria Feminina Pro. Já Alexandre Guimarães de Oliveira alcançou a 1ª posição na categoria Master B2, composta por atletas com idade entre 45 e 49 anos.

No percurso reduzido, Herica Franco e Cássio Brigolini fizeram o melhor resultado na categoria Dupla Mista-2, mesma posição alcançada por Letícia Coura de Queiroz, na categoria Feminina-2, enquanto Tiago Andrade Gonçalves venceu a categoria Juvenil-2. Também merece destaque o 2º lugar conquistado por Eliane Aparecida Pinheiro, na categoria PNE.

Os resultados finais do Iron Biker Brasil 2021 podem ser acessados no site oficial do evento.

Confira abaixo, nas fotos de Samuel Consentino/Iron Biker Brasil, aspectos da prova, das chegadas e medalhas dos dois vencedores na categoria Elite, e também da premiação das duplas mistas:

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