- Mariana
Mariana elabora Plano Municipal de Redução de Riscos
Prévia do plano foi apresentada à população em blitz realizada na semana passada
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Durante a blitz, Welbert Stopa, coordenador do órgão, falou à Agência Primaz sobre a revisão do mapeamento de áreas de risco na região. Elaborado originalmente em 2014, o mapeamento passa a incluir os distritos do município, o que promete ampliar o conhecimento quanto a áreas de risco, possibilitando o planejamento de ações para minimizar os impactos que podem ocorrer em períodos como este, como danos materiais e perdas humanas.
Stopa explicou a importância da divulgação do plano diretor (ainda em fase de aprovação), em que constarão as atualizações feitas ao longo deste ano, com a finalidade de comunicar à população sobre setores de risco, o que inclui construções em locais inapropriados e cuidados como a atenção ao nível da água em margens de rios e córregos. “Nós fizemos um plano municipal de redução de risco em 2015, e nós estamos atualizando agora em 2021. Possivelmente ele vai ser lançado em 2022, e ele vem agregar ao plano diretor que possivelmente vai ser votado mais pra frente na Câmara Municipal”, declarou Welbert Stopa.
Confira a seguir o folder distribuído na blitz da Defesa Civil:
O plano está sendo desenvolvido por uma empresa contratada, com ampla experiência na área, incluindo mais de 52 planos já elaborados nos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. Contando com profissionais das áreas de Geotecnia, Engenharia Civil e Arquitetura – profissionais preparados para realizar o mapeamento de áreas de risco de acordo com a política nacional de proteção e defesa civil – a Zemlya Consultoria e Serviços Geológicos foi criada na cidade de Mariana e possui atuação também na capital mineira, Belo Horizonte.
O diretor da empresa, Leonardo Andrade de Souza, explicou que a revisão do plano vai trazer atualização de todo setor de risco geológico. Como principal novidade, para além da inclusão dos distritos, haverá a modelagem hidrológica do Ribeirão do Carmo, com o objetivo de tratar a questão específica quanto ao risco de inundação. De acordo com Souza, essa fase do trabalho já foi entregue à Defesa Civil, com uma classificação de risco baseada em recorrências cujo tempo de retorno varia de 5 a 100 anos. Entre novembro e dezembro, será feito o fechamento do plano quanto aos riscos geológicos.
Sobre as ações a serem realizadas a partir do plano, Souza comenta: “O plano foi criado para que o município consiga identificar suas áreas, saber quais são as obras necessárias, saber qual foi o custo dessa intervenção para que ele possa junto a outros órgãos, por exemplo, o Governo Estadual e Federal, captar recursos para poder executar essas intervenções, então tem que haver um planejamento”.
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É relevante pensar sobre como, em meio a este trabalho, cujo objetivo maior é justamente evitar tragédias, surge a inquietação quanto a ações efetivas em áreas de risco já ocupadas, ou seja, aquelas em que haveria necessidade de retirada de pessoas que habitam naqueles locais. Sobre isso, Souza explica que, além de reduzir os problemas já conhecidos, é importante tomar cuidados para que novas áreas não sejam criadas, não permitindo que ocupações sejam feitas em localidades com alto risco geológico e hidrológico. O diretor explica as origens do problema, uma matriz cujos resultados hoje carregam uma grande complexidade para sua solução, ou o convívio com o problema: “Houve um processo de ocupação, de expansão urbana desordenada que agora está se refletindo na questão do risco. Então, muitas áreas lá no início já classificadas como de risco, ou que outros estudos mostravam que eram suscetíveis a problemas geológicos e hidrológicos, estão sendo ocupadas gradativamente de 2014 para cá”.
Ele afirma ainda que, se o município não passar a ter como preocupação esta expansão urbana, em um curto espaço de tempo surgirão problemas relacionados a risco de deslizamentos e inundações, já que outras áreas vulneráveis estão sendo ocupadas no momento. “A modelagem hidrológica traz áreas que naturalmente irão ser atingidas, com níveis de atingimento, com altura de lâmina d’água, e por esse motivo, por exemplo, não deveriam ser disponibilizadas para um processo de ocupação. Seja ele irregular, ou às vezes regular. O que a gente vê em Mariana são alguns locais em que alguns loteamentos estão sendo criados em áreas que tem esse processo como possibilidade”, explica Leonardo.
Apesar dos riscos, a remoção de pessoas de locais onde estão alocadas mostra-se complexa e, associado a fatores da própria natureza local, o mais usual é que ocorra um convívio com os problemas que surgem, como inundações após certos períodos de tempo, como 15, 20, ou 25 anos, de acordo com o que declarou Souza ao explicar o modo de lidar com tal situação citando como exemplo o Ribeirão do Carmo. “A gente não tem exemplos no Brasil de lugares que conseguiram remover parcialmente essas áreas de inundação porque é uma coisa muito antiga, e a convivência traz uma relação de naturalização com risco que é complexa. Mas o importante é a gente saber separar, onde é possível ter intervenções, o que fazer para reduzir [os riscos] e quando a única saída é convivência, trabalhar modelos de gestão de risco e sistemas de alerta alarme que o plano também entrega pra que essa convivência seja segura. Quando não é possível remover, você tem que entender até que ponto aquelas famílias podem permanecer no local”, finalizou.