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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

2022 sem Carnaval nas cidades históricas de Minas

Recomendação de não realização foi definida em nota oficial divulgada ao final da reunião da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais, realizada em Ouro Preto

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Representantes das cidades históricas mineiras decidiram pelo cancelamento do Carnaval 2022 – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz
Em reunião da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais, realizada sexta-feira (10), na Casa de Ópera, em Ouro Preto, deliberaram pela não realização do Carnaval 2022 nas cidades que compõem a organização. Os prefeitos de Mariana, Itabirito, Conceição do Mato Dentro e Tiradentes, juntamente com a prefeita de Nepomuceno e o vice-prefeito de Diamantina anunciaram que a decisão já está tomada em suas cidades. Porém, Angelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto, informou que vai fazer o anúncio oficial apenas nesta quarta-feira (15). Em nota, a associação recomendou a medida, sem, contudo, fechar as cidades aos visitantes, recomendando a realização de atividades diferenciadas e que não tenham o potencial de produzir aglomerações.

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A Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais (ACHMG), fundada em 2003, congrega os 30 municípios com maior tradição histórica e cultural do Estado, representando aproximadamente a metade do patrimônio histórico tombado do país. Presidida atualmente por Wirley Reis, prefeito de Itapecerica e conhecido como Têko, a ACHMG realizou sua última reunião de 2021 na última sexta-feira (10), na Casa de Ópera de Ouro Preto, quando foram apresentadas as ações desenvolvidas em 2021 e anunciados os planos para 2022.

O assunto que despertou maior atenção, entretanto, foi a discussão sobre a realização ou não do Carnaval 2022 nas cidades integrantes da associação, muitas delas consideradas referência em termos de atratividade de seus eventos.

É um tema polêmico. As decisões dos gestores públicos nunca vão agradar a todos. Tem pessoas que dependem de trabalhar, outros gostam da festa. Mas ainda não temos 100% da população vacinada“, afirmou Juliano Duarte, prefeito interino de Mariana, ressaltando o respeito à decisão da associação, mas declarando que o cancelamento do Carnaval em Mariana já está decidido, conforme anunciado no dia anterior, em entrevista que concedeu à Rádio Mariana FM.

Orlando Caldeira, prefeito de Itabirito, informou que foi feita uma consulta pública sobre a realização do Carnaval em Itabirito e, pelas últimas informações repassadas a ele, 91% da população se manifestou contrária à realização do evento. Em seguida, José Fernando Aparecido de Oliveira, prefeito de Conceição do Mato Dentro e presidente da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais e do Brasil, também informou a não realização do Carnaval já está decidida em seu município.

Angelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto, declarou que a posição final do governo municipal será anunciada nesta quarta-feira (15), mas analisou a recusa de liberação da Praça da Universidade e destacou a situação caótica de Ouro Preto, quando não havia Carnaval atrativo em Belo Horizonte. “Ouro Preto tem um carnaval tradicional fortíssimo, não só aquele que é patrocinado pela prefeitura, mas também o carnaval da liga de escolas de samba e da associação de blocos, que faz um grande carnaval na Praça da Universidade. A Universidade [Federal de Ouro Preto] não vai autorizar a utilização da praça, que é um local perfeito para isso. O fato de Belo Horizonte não promover o carnaval, isso nos deixaria numa vulnerabilidade enorme. Quando Belo Horizonte não tinha carnaval, Ouro Preto sofria muito. Como não tinha nada lá, todo mundo vinha direto para as cidades históricas. De repente o carnaval de Belo Horizonte tomou um vulto inesperado e virou um dos maiores carnavais de rua do Brasil. Isso aliviou um pouco aqui. Agora, não havendo carnaval em Belo Horizonte, se houvesse carnaval aqui, nós estaríamos correndo um risco tremendo de uma aglomeração insuportável”.

Tiradentes não só cancelou o carnaval, mas também as comemorações do réveillon, anunciou o prefeito Nilzio Barbosa, enquanto Alexandre Magno, vice-prefeito de Diamantina, informou que a cidade havia anunciado a realização do carnaval, mas essa posição foi revista há uma semana, cancelando o réveillon e o carnaval nos moldes de anos anteriores, mas apenas com “atividades esportivas como caminhadas e passeios ciclísticos, de forma que as pessoas que forem visitar Diamantina terão atividades ‘pra’ fazer, juntamente com os moradores, com a comunidade local”.

Última a se pronunciar, Iza Menezes, prefeita de Nepomuceno e representante da Associação Mineira de Municípios (AMM), destacou que, embora não tenha números definitivos, a maioria das cidades optou pela não realização do carnaval, e que a AMM deve publicar, em breve, um apanhado da situação em todo o Estado de Minas Gerais.

“Como alternativa, pensando, sobretudo, na importância de garantir a manutenção da atividade econômica, a Associação sugere que os gestores incentivem e promovam eventos ligados ao turismo cultural, ecológico e de aventura, visando proporcionar, em um formato adequado à realidade atual, variados atrativos no feriado em questão”. (Nota oficial da ACHMG)

Para Wirley Reis, presidente da ACHMG e prefeito de Itapecerica, antes de pensar no Carnaval, é preciso convicção de que grandes eventos não vão acarretar nenhum tipo de problema de saúde à população – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Diante dessas manifestações, Wirley Reis fez a leitura de um documento, no qual é manifestada a posição da ACHMG, recomendando a não realização do carnaval nas cidades históricas de Minas Gerais. Essa posição, entretanto, não implica no fechamento das cidades no período. Em um trecho, a nota da ACHMG destaca que, “como alternativa, pensando, sobretudo, na importância de garantir a manutenção da atividade econômica, a Associação sugere que os gestores incentivem e promovam eventos ligados ao turismo cultural, ecológico e de aventura, visando proporcionar, em um formato adequado à realidade atual, variados atrativos no feriado em questão”.

Por aplicativo de mensagens, a assessoria de comunicação da Liga de Blocos de Ouro Preto encaminhou a seguinte manifestação à Agência Primaz: “A Liga dos Blocos de Carnaval de Ouro Preto só se pronunciará sobre a realização do Carnaval após a decisão oficial da Prefeitura de Ouro Preto, prevista para o dia 15 de dezembro”.

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Retorno à ACHMG

Durante a reunião, Angelo Oswaldo, atual 1º vice-presidente da ACHMG, manifestou sua satisfação por Ouro Preto estar de volta à associação, já que as administrações anteriores a abandonaram nos últimos 8 anos, o mesmo tendo acontecido com Mariana. Em entrevista à Agência Primaz, Wirley Reis festejou o retorno dessas cidades à associação, ressaltando a importância de ambas nos cenários artístico, cultural e histórico de Minas Gerais. “As duas cidades irmãs [são] importantíssimas dentro do contexto do nosso estado e se fundem em sua história. São coirmãs. Elas são peças fundamentais para a nossa associação. É motivo de muita alegria essa volta das duas cidades em um trabalho conjunto com os 30 municípios que compõem a associação das cidades históricas de Minas Gerais. É preciso diálogo, é preciso planejamento, é preciso projetos, e somente compartilhando, entre todos os gestores, nossas experiências, nossas buscas por recursos, é que podemos levar os serviços às nossas cidades. Então a participação de Mariana é importantíssima, e a de Ouro Preto também. Elas são a associação das cidades históricas. Mariana é história, é cultura, Ouro Preto é arte, é cultura, e fazem parte da história de Minas. É muito importante a participação dessas duas cidades”.

Ao término da reunião, a Agência Primaz ouviu os prefeitos de Ouro Preto e Mariana a respeito da deliberação de cancelamento do Carnaval.

Para Angelo Oswaldo, a recomendação vem ao encontro de sua preocupação com a questão da pandemia e da não realização do evento nas cidades do entorno, reforçando a posição que deve ser anunciada nesta quarta-feira (15): “A decisão da associação, aliás, a recomendação da associação, ela reforça muito a posição de Ouro Preto contrária ao Carnaval. Sobretudo depois que o prefeito de Mariana e o prefeito de Itabirito anunciaram que não terão Carnaval. Então, nós que estamos aqui entre uma cidade e outra, e na proximidade de Belo Horizonte, nós não podemos correr o risco de virar uma ilha, a ilha da fantasia, num momento de grave preocupação para todos, e que nós poderíamos ter aqui um tumulto tremendo na cidade. Não vale a pena, é preferível pensar o Carnaval para mais adiante. Tem muito tempo para fazer o Carnaval, até [mesmo] no segundo semestre”, finalizou o prefeito de Ouro Preto.

Juliano Duarte considerou a decisão acertada, respaldando a posição já anunciada da administração municipal de Mariana. “Ainda é temerária a realização de um evento de grande porte, com grande circulação de pessoas, haja vista que nós não temos ainda toda a nossa população vacinada. Nós tivemos há poucas semanas um caso de Onda Vermelha em Antônio Pereira, que é um distrito próximo a Mariana, e que toda população utiliza a nossa rede municipal de saúde. E fico feliz com uma decisão, que eu considero acertada, de todos os prefeitos eu participaram hoje da [reunião] da associação das cidades históricas, pontuarem da mesma forma, com preocupações semelhantes em relação à saúde pública, em relação ao avanço da vacinação, e se posicionarem pela não realização do Carnaval, como Mariana já havia se posicionado”.

Cabeamento subterrâneo nas cidades históricas

Em várias ruas do Centro Histórico, como na Rua das Mercês, as empresas provedoras de internet ainda utilizam os postes da CEMIG para suporte dos cabos de fibra ótica – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Entre as ações ainda em desenvolvimento pela ACHLMG, está o projeto de extensão do cabeamento subterrâneo a todas as cidades integrantes da associação. Falando à reportagem da Agência Primaz, Wirley detalhou o estágio de desenvolvimento do projeto, fazendo ainda menção à questão dos cabos de fibra ótica que, recentemente, foram motivo de calorosa discussão em Mariana. (Relembre o assunto acessando a reportagem “Retirada de postes do Centro Histórico de Mariana limita capacidade de acesso à internet”).

O projeto de cabeamento subterrâneo nas cidades históricas é muito antigo, há muito tempo vem sendo debatido pela associação junto aos governos que passaram pelo Estado. É algo necessário, é algo que tem que ser feito. Nós, através da associação, conseguimos uma revisão em todos os projetos. Isso está sendo elaborado pela Cemig, e o visual de nossas cidades precisa ser melhorado. E a questão da internet, do cabeamento telefônico, é muito complexa. Então os projetos têm que ser bem elaborados para que, na hora de sua execução, não sofrer nenhum tipo de interferência. Nós estamos aguardando, agora, o novo procedimento da Cemig, que é a reavaliação desses projetos e o melhoramento deles, para uma nova discussão com o governo estadual, para que as paisagens possam estar despoluídas e visualmente mais bonitas, atraindo assim turismo e desenvolvimento social para nossas cidades”, declarou o presidente da ACHMG.

Em relação a essa questão, Juliano Duarte relembrou a situação ocorrida há alguns meses em Mariana, anunciando avanços em tratativas estabelecidas com a empresa Oi, detentora dos dutos subterrâneos para cabeamento telefônico e de fibra ótica. “Em relação ao cabeamento subterrâneo, nós fizemos a retirada de todos os cabos de energia elétrica, então ocorreu já uma grande despoluição [visual] dessas áreas que ainda tinham muitos cabos. E ficou somente os cabos de internet e o posteamento, porque toda a rede não passou pelos dutos. Nós conseguimos avançar, tivemos um contato em Brasília com um representante da [empresa] Oi e, através desse representante, nós estamos fazendo agora um termo com a Prefeitura Municipal de Mariana, que irá permitir que as empresas que estão na nossa cidade, possam utilizar os dutos da Oi. Porque, quando ocorreu o cabeamento subterrâneo, é importante dizer que ocorreu um chamamento público, mas as empresas não tiveram interesse de fazer o investimento, e agora é muito fácil jogar a culpa ‘pra’ cima da Prefeitura. Mas, independente disso, nós procuramos Brasília, conseguimos um contato com a Oi, que está formulando agora um novo contrato. E nesse novo contrato irá permitir que as empresas possam utilizar os dutos, mediante uma taxa de aluguel que será cobrada, já que ela [Oi] fez o investimento nos dutos subterrâneos. Então, em janeiro, esse problema será totalmente resolvido. À medida que o contrato for assinado, as empresas terão um prazo ‘pra’ poder passar [os cabos], e aí sim nós vamos retirar todos os postes que faltam ser retirados”.

Juliano também anunciou os planos e projetos em desenvolvimento para extensão da rede de cabeamento subterrâneo em dois distritos e em três vias da zona urbana de mariana, ainda não contempladas. “Nós conseguimos junto ao IEPHA [Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais] um recurso, e os distritos de Santa Rita Durão e Catas Altas vão ser contemplados com todo o cabeamento subterrâneo. 1e nós estamos fazendo também o estudo de três vias [urbanas] que são importantes, a Rua Wenceslau Brás, a Rua do Catete e a Avenida Salvador Furtado. Essas três vias estão em fase de projeto, para que a gente possa, futuramente, licitar e, se a gente não conseguir apoio, a gente vai licitar com recursos próprios”, finalizou.

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