- Ouro Preto
Cine Vila Rica retoma atividades presenciais com intensa programação e muitos planos
Atividades continuam no Anexo do Museu da Inconfidência até que seja realizada a revitalização do prédio pertencente à UFOP
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Sob supervisão da Coordenadoria de Cultura da Pró-reitoria de Extensão e Cultura, o Cine Vila Rica é uma instituição sem fins lucrativos com importante papel social para a população. Para a Coordenadora do Cine, Lâne Mabel, poder receber o público novamente é continuar a desenvolver a conexão da UFOP com a comunidade. “A população ‘tá’ muito contente com o retorno das atividades culturais porque é um espaço que a gente tem e que pertence a cidade. É ‘pra’ comunidade, tanto universitária, como local, como os turistas e a gente retomou neste período tentando cumprir o nosso objetivo que é levar cada vez mais cultura, mais educação, mais arte, mais entretenimento através da cinematografia”, conta.
A reabertura do Cine tem atraído os olhares surpresos e satisfeitos da população. Ao ver as portas do espaço abertas, com recheada programação para todos os gostos, Adão Pereira, servidor aposentado, não escondeu a empolgação. “A reabertura do Cine Teatro Vila Rica é uma prova de que as coisas estão melhorando e o importante é que além de estarmos melhorando a questão da pandemia, é uma questão cultural que a cidade de Ouro Preto não podia ficar sem“, afirma.

Dentro do Anexo, o público que aguardava o começo do filme demonstrava a animação de estar no cinema novamente. Acompanhada de seu filho Davi, Ângela Rocha falou como é bom voltar às atividades. “Eu acho interessante porque meu filho estava louco para assistir Encanto e exatamente por causa da pandemia, a gente ficou relutando em ir a outros lugares por causa da contaminação. A reabertura é uma forma de resgatar essa parte da cultura que é muito importante ‘pra’ gente. Nós estamos voltando devagarinho!”, comenta.
Flávia Oliveira e sua mãe, Terezinha Oliveira, que frequentavam o Cine Vila Rica antes da pandemia, recomendam que as pessoas venham ao espaço e aproveitem o que ele tem a oferecer. “É uma válvula de escape do dia, os horários são muito flexíveis e os filmes também. É um outro momento em que a gente está voltando gradualmente ao normal, então acho que é bem importante neste quesito de podermos voltar de uma maneira saudável”, declara Flávia.

Durante o período de pandemia, o cinema, como muitos outros espaços culturais, precisou desenvolver estratégias para continuar na ativa. O desafio maior foi criar uma forma de se manter conectado com a população através de mostras online, lives e debates e, mesmo com as dificuldades, essa relação não se perdeu. “Nesse período de pandemia a gente trabalhou fazendo várias lives com produções locais ou produções de pessoas da cidade, produções que envolviam pessoas ligadas à cidade. Fizemos lives sobre o Horto, sobre a Olímpia, sobre o Zé Pereira e convidamos as pessoas da cidade ‘pra’ estarem discutindo os documentários. Tentamos trabalhar essa questão do pertencimento durante esse período de pandemia através do que a gente tinha disponível. Tivemos uma receptividade muito grande. Apesar da pandemia eu acho que a gente conseguiu se conectar mais com a comunidade local”, explica Lâne Mabel.
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Atualmente, com a retomada, as exibições acontecem seguindo todos os protocolos de segurança com lotação reduzida para 50 pessoas por sessão, distanciamento entre os assentos e uso obrigatório de máscaras. Além disso, os horários de funcionamento também foram condensados tendo em mente um retorno gradual. O intuito é manter as atividades com responsabilidade em relação à Covid-19.
Ao longo desta semana, o Cine Vila Rica continua a apresentar longas indicados ao Oscar, dentre eles dois musicais, ‘Tick, Tick… Boom!’, estrelado por Andrew Garfield e ‘Amor, sublime amor’, remake dirigido por Steven Spielberg. Além disso, o espaço traz uma parceria com o Departamento de Física da UFOP com a mostra “De Metrópolis a Interestelar: a ciência em filmes e literatura de ficção científica”. A atração que iniciou na última semana segue até o mês de julho apresentando filmes como ‘Jornada nas Estrelas’ e ‘2001, Uma Odisseia no Espaço’.
Lâne Mabel também aproveitou para incentivar o uso do local e espera que a força educativa do cinema alcance maiores escalas. “O que gostaríamos mesmo é que os departamentos da UFOP também se apropriassem mais desse espaço cultural e fizessem disso aqui uma extensão da sala de aula. Usar o cinema como uma ferramenta educativa, sendo que todas essas amostras, mesmo as que são propostas pelos departamentos, são abertas ‘pra’ comunidade”, finaliza.
A programação completa, novidades e mais informações estão disponíveis na página do Cine no Facebook. Para saber mais da história e dos projetos desenvolvidos acesse: Cine Vila Rica – O melhor Cinema de Ouro Preto. O espaço está localizado, provisoriamente, no Anexo do Museu da Inconfidência na Praça Tiradentes e fica aberto de segunda à sexta das 13:00h às 22:00h
Prédio histórico do Cine Vila Rica ainda aguarda auxílio para seguir com reforma
O espaço original do Cine Vila Rica fechou suas portas para uma reforma de revitalização. Contudo, com a falta de orçamento e a vinda da pandemia, o Cine segue, provisoriamente, no Anexo do Museu da Inconfidência. “O prédio foi fechado em 2018 por uma decisão administrativa ‘pra’ fazer estudos e buscar captação de recursos ‘pra’ que pudesse ser feita a revitalização do prédio. Avançou em alguns aspectos, em outros ainda não. Ainda não se tem uma parceria completa de revitalização, de recursos ‘pra’ que isso aconteça, mas a universidade tem buscado mecanismos ‘pra’ que a revitalização possa efetivamente ser concretizada”, explica Lâne Mabel.
Trabalhando há bastante tempo para o Cine Vila Rica, o atual projecionista do Cine Vila Rica, Luiz Carlos, é filho de uma conhecida figura para o cinema da cidade, o Sr. Adão Soares Gomes. Em meio a lembranças, Luiz deixa claro a tristeza de ver o prédio original ainda sem solução. “O cinema lá embaixo é maravilhoso, recebe vários elogios, principalmente quando tem essas amostras de fora que vem muitos atores, diretores, eles sempre elogiam o cinema, falam que é um dos cinemas mais bonitos que eles já viram. Um prédio conservado do jeito que ‘tá’ e agora, infelizmente, ‘tá’ lá parado, fechado esperando ‘pra’ ver se vai sair alguma verba”, declara.


Seguindo o legado e a paixão de seu pai, Luiz Carlos também contou um pouco da sua história com o audiovisual e da conexão familiar com o Cine Vila Rica. O Sr. Adão, que trabalhou 58 anos no cinema, ensinou a função para ele e seu irmão. “Ele [Sr. Adão] começou com quatorze anos de idade. Trabalhava como lanterninha e mexia com as plaquetas que tinha ‘pra’ poder fazer a divulgação do cinema. Ele teve a curiosidade de aprender a função de projecionista. O Cine Central passou a ser Cine Vila Rica, ele continuou trabalhando e gostou da profissão. Primeiro ele ensinou ‘pro’ meu irmão. A gente desde novo ficava vendendo amendoim na porta do cinema, ele foi e ensinou ‘pra’ gente porque falou: ensinar ‘procês’ que um dia vocês vão ter esse interesse de trabalhar também, porque ‘cês’ gostam de cinema igual eu”, contou.

O cinema foi construído em 1886 e vendido para a Universidade Federal de Ouro Preto 100 anos depois. O espaço contribuiu, e contribui de diversas formas, através da partilha cultural, da formação de laços, sendo importante parte da memória ouropretana.
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