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Hoje é quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Pelo 3º ano consecutivo, Dia da Inconfidência Mineira acontece sem tradicional entrega de medalhas

Com público reduzido a autoridades e convidados, entrega não ocorreu neste ano pelo curto prazo entre a confirmação do evento e a data de sua realização, o que inviabilizou a confecção das medalhas

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Dragões da Inconfidência e Batalhão da Polícia Militar perfilados durante a cerimônia na Praça Tiradentes - Foto: Giulia Pereira/Agência Primaz
Cercada, a Praça Tiradentes em Ouro Preto amanheceu vazia neste feriado de Tiradentes, devido às restrições sanitárias decorrentes da pandemia de Covid-19. Às 8h, apenas com a presença de autoridades, ocorreu a cerimônia oficial dos 21 tiros, o hasteamento da bandeira e a colocação da coroa de flores no monumento a Joaquim José da Silva Xavier, o “Tiradentes”, mártir da Inconfidência Mineira. A decisão do governo do Estado de Minas Gerais em limitar o acesso à cerimônia revoltou parte da população ouro-pretana.

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A solenidade continuou no Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto, às 10h, para a tradicional cerimônia de entrega das Medalhas da Inconfidência, destinada a saudar personalidades e instituições que contribuem para o desenvolvimento do Estado. A condecoração foi criada em 1952, pelo então presidente Juscelino Kubitschek.

Mesmo sem medalhas, que desta vez não foram entregues em decorrência do curto espaço de tempo entre a confirmação do evento e sua realização (o que impediu sua confecção), a cerimônia volta a ser realizada pela primeira vez desde 2019. De acordo com a Assembleia Legislativa do Estado, as medalhas serão entregues em data ainda a ser definida, na sede da ALMG, em Belo Horizonte.

Com policiamento reforçado, a cerimônia contou apenas com a presença de autoridades e convidados. Dos 170 homenageados, 86 foram indicados em 2020, quando não houve cerimônia por conta da pandemia de Covid-19. Os demais 84 homenageados foram indicados no ano de 2022. Em 2021, não houve indicações, também por consequência da crise sanitária.

Em seu discurso, o governador do Estado de Minas Gerais, Romeu Zema, enfatizou o trabalho dos profissionais da saúde, e afirmou que o fato de o evento estar sendo realizado novamente, após dois anos do início da pandemia de Covid-19 no Brasil, é um indicativo da superação da crise pelo vírus. Para isso, convidou a técnica de enfermagem Maria Bom Sucesso Pereira, “Cecé”, primeira mineira a receber a primeira dose da vacina contra Covid-19 no Estado. A profissional, também homenageada no evento, agradeceu e dedicou os aplausos recebidos a todos os brasileiros que se vacinaram e que, em suas palavras, “acreditam na ciência“.

Zema relacionou o êxito da campanha de imunização à liberdade, ao direito de ir e vir, tal qual, como acredita, foi reivindicado por Tiradentes no século XVIII, mas que levou o revolucionário à morte: “O dia vinte e um de abril é um marco sobre a conquista da liberdade. Não só em Minas, mas no Brasil. Ele existe para lembrarmos que aqui, na antiga Vila Rica, Tiradentes foi condenado à morte por reivindicar um direito que hoje é uma garantia básica. Se não fosse por homens como ele, hoje não teríamos a liberdade como direito básico. Liberdade é sentimento que Minas carrega na bandeira e nos mineiros. Liberdade se alcança quando se pode ir e vir. Quando se pode manifestar sua opinião, quando se pode sentir, pensar e escolher livremente. Mas liberdade também se apresenta em aspectos menos óbvios.

 Não há liberdade plena para quem passa fome ou não consegue um emprego. Não há liberdade plena para quem não tem condições dignas de ensino. Não há liberdade plena para quem, ao ficar doente, não tem onde se tratar“, declarou Zema.

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O prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, em seu discurso, exaltou a democracia, a República e a liberdade de expressão: “O arbítrio e a ignorância não podem prevalecer. Os ideais republicanos não serão ultrajados.  Os brasileiros, com o espírito dos mineiros de 1789, mesmo ano em que a revolução francesa assombrou o mundo, estarão sempre prontos para corrigir o rumo da história e

reverberar a caminhada que começa nessas ladeiras insurgentes. Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, reaviva em nós a consciência democrática“, afirmou o prefeito.

A Medalha da Inconfidência é composta por quatro designações: Grande Colar, Grande Medalha, Medalha de Honra e Medalha da Inconfidência. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi o homenageado com o Grande Colar, mas não compareceu à cerimônia. Foram distribuídas, ao todo, 28 Grande Medalhas, 74 Medalhas de Honra e 67 Medalhas da Inconfidência.

Governador Romeu Zema discursa ao lado de Cecé, primeira pessoa imunizada contra a Covid-19 em Minas Gerais

Cecé, a primeira mineira imunizada, foi agraciada com a Grande Medalha. Além dela, a vice-prefeita de Ouro Preto, Regina Braga, recebeu a Medalha de Honra. A parlamentar, que foi também vereadora por 20 anos, agradeceu a população de Ouro Preto pela confiança em seu trabalho e dividiu a honraria, sobretudo, às mulheres da Região dos Inconfidentes. Ela vê o recebimento da Medalha como um reconhecimento de sua entrega pessoal à política no município.

Confira abaixo a galeria de imagens das cerimônias realizadas na Praça Tiradentes e no Centro de Convenções da UFOP, e clique aqui para ver a lista completa dos homenageados.

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