- Mariana e Ouro Preto
Mariana e Ouro Preto estudam implantação de geoparque
Proposta de criação do Geoparque dos Inconfidentes foi apresentada a representantes de setores da Prefeitura de Mariana e da iniciativa privada
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Na apresentação da proposta, O Prof. Paulo de Tarso fez questão de enfatizar que um “geoparque não é, exclusivamente geológico, nem é um parque de acordo com o [conceito do] SNUC” (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza), mas “congrega, em sua concepção, um projeto de desenvolvimento regional; atividades culturais-educacionais ofertadas às comunidades locais e aos turistas; valorização das belezas naturais e da cultura regional, inclusive gastronômica; coexistência com atividades econômicas presentes na região e estímulo ao desenvolvimento social, econômico e cultural, devendo ser proposto por autoridades públicas, comunidades locais e interesses privados, agindo em conjunto”.
De acordo com Paulo de Tarso, a implantação de um geoparque envolve quatro etapas sequenciais, sendo a concepção a fase inicial, envolvendo a identificação do tema, dos objetivos e determinação do território de abrangência, seguida pelo levantamento do potencial desse território para a brigar um geoparque. É esta etapa que compete à UFOP estudar e propor. Assim, de modo preliminar, Paulo de Tarso apresentou uma lista de possíveis atrativos dos municípios de Ouro Preto e Mariana, entre as quais o Pico da Cartuxa, o sítio arqueológico do Gogô, a Mina de Cata Preta e o artesanato em pedra sabão de Cachoeira do Brumado, por exemplo.
As três etapas seguintes, definição da estrutura de gestão, lançamento do geoparque e consolidação, devem ser desenvolvidas em sequência, com prazo estimado em 36 meses. Nessas etapas, porém, ressaltou Paulo de Tarso, as três instâncias envolvidas devem trabalhar em conjunto, uma vez que isso foge do escopo das atribuições da universidade “A função da universidade não é fazer geoparque. A função é agregar conhecimento, entender o que é, e fazer a difusão para a sociedade, que tem que se estruturar para colocar em prática”, afirmou.
A questão do envolvimento das comunidades locais foi bastante enfatizada por Paulo de Tarso, utilizando como exemplo a criação do geoparque do Quadrilátero Ferrífero, que partiu de autoridades governamentais e universidades, como a UFOP, a UFMG e a PUC Minas, mas que não teve respaldo das comunidades envolvidas, além de ser constituído por um território muito extenso, trazendo inúmeras dificuldades de gestão e se constituindo em “um castelo construído no ar, de cima para baixo”.
Com a consolidação e pleno funcionamento do geoparque, o passo seguinte, de acordo com Paulo de Tarso, é a manifestação, ao Ministério das Relações Exteriores, do interesse em integrar a Rede Mundial de Geoparques da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), com a preparação de um dossiê de candidatura a ser encaminhado ao Conselho Mundial de Geoparques, que, após análise e visita de uma comissão de especialistas, pode resultar na obtenção de um selo de aprovação que permite o trabalho conjunto com os demais geoparques da rede, com divulgações e apoios recíprocos, além de dar visibilidade ao geoparque, pelo aumento da divulgação internacional, proporcionando aumento do fluxo turístico. “Existe um selo Unesco, igual Ouro Preto, que é patrimônio mundial, existem geoparques mundiais. E qual é a vantagem disso? e quando vem a Unesco, aí muda né? Então, toda a perspectiva de um geoparque é que ele atinja um nível que seja mundialmente conhecido e difundido nos demais existentes, que é uma rede de geoparques mundiais que faz a difusão disso aí. Então você agrega um valor de informação e você oportuniza as pessoas a visitarem o geoparque”, assegurou Paulo de Tarso.
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Geoparques no Brasil e no mundo
Existem, atualmente, quase duas centenas de geoparques Unesco, mais da metade na Europa. Na América Latina existem 10 geoparques chancelados pela Rede Mundial de Geoparques, sendo três no Brasil. Coincidentemente, no dia da reunião realizada em Mariana, foi noticiado o credenciamento do Geoparque dos Cânions do Sul (RS e SC) e do Geoparque do Seridó (RN), que se juntam ao Geoparque do Araripe (CE), integrante da Rede Mundial de Geoparques da Unesco desde 2006.
Além desses três geoparques, existem no Brasil outras 33 iniciativas, em diferentes estágios de implementação, três delas em Minas Gerais.
Na reunião realizada na Secretaria de Patrimônio Histórico, Cultura, Turismo e Lazer de Mariana, todos os presentes receberam com bastante entusiasmo a proposta apresentada pelo Prof. Paulo de Tarso. “É interessante que, esses pré-requisitos, nós temos todos eles em grande quantidade. [Essa proposta] é a cara de Mariana e Ouro Preto. Eu estou sendo bem enfático em relação a isso, porque eu vejo como um indutor de desenvolvimento, e eu até me pergunto ‘Como que a gente não fez isso antes?’ Porque é uma grande oportunidade. Eu não entendo tanto de geoparque, mas já tenho farejado isso de alguma forma, tem alguns aqui no Brasil já, Poços de Caldas, Araripe também. Eu estou tão entusiasmado aqui, tão empolgado… Já coloca assim: a Samarco está integralmente à disposição ‘pra’ gente encaminhar isso, e eu acho que existe também um contexto muito interessante, do ponto de vista de engajamento de comunidade, que vem de baixo ‘pra’ cima, que talvez a gente não tivesse antes no contexto dos municípios”, declarou Guilherme de Moraes.