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Hoje é sábado, 23 de novembro de 2024

Vereador dispara contra secretário de Obras de Ouro Preto: “Não confio”

Com diversas obras a serem entregues, vários membros do poder Legislativo ouro-pretano vêm criticando o trabalho feito pela pasta

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Com diversas obras a serem entregues, vários membros do poder Legislativo ouro-pretano vêm criticando o trabalho feito pela pasta
O vereador de Ouro Preto, Renato Zoroastro (MDB), deu uma declaração polêmica em relação ao secretário municipal de Obras, Antônio Simões, no decorrer da 38ª reunião ordinária da Câmara Municipal de Ouro Preto (CMOP), na quinta-feira (23). Durante a discussão do Projeto de Lei 429/2022, que autoriza o Município de Ouro Preto a contratar operações de crédito com outorga de garantia com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S/A (BDMG), o membro do poder Legislativo votou a favor, porém, disse ter receio do que pode vir a acontecer quando o recurso chegar na Secretaria de Obras, por não confiar no Secretário de Obras.

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Confiar no secretário de Obras, obviamente, eu também não confio. Isso não tem jeito. É só olhar as ações que estão sendo realizadas durante este último ano e meio, em que nós não estamos vendo ação. Se não há ação, a gente não pode depositar um voto de confiança. E é o que a gente está vendo, obras paradas e falta de repasse. A fiscalização tem que continuar ocorrendo”, declarou Zoroastro.

O vereador Júlio Gori (PSC) chegou a apresentar uma emenda, para que o valor do empréstimo, de R$10 milhões, fosse destinado à conclusão dos residenciais Dom Luciano, no distrito de Antônio Pereira, e do Vila Alegre, em Cachoeira do Campo, mas o valor a ser emprestado à Prefeitura de Ouro Preto, conforme consta no Projeto de Lei 429/2022, será destinado para a construção do reassentamento do bairro Taquaral, que foi altamente atingido pelas chuvas de janeiro.

Confira a íntegra da proposta de emenda:

Emenda ao Projeto de lei 429/22 – Autoriza o Município de Ouro Preto a contratar com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S/A – BDMG, operações de crédito com outorga de garantia e dá outras providências.

Acrescenta-se os parágrafos 1, 2, 3, 4 e 5 ao artigo 1º do Projeto de Lei 429/2022, com a seguinte redação:

Artigo 1º, parágrafo 1º: Dentre as obras citadas no caput, que sejam priorizadas as de conclusão dos residenciais Dom Luciano, do distrito de Antônio Pereira, e do Vila Alegre, no distrito de Cachoeira do Campo.

Parágrafo 2º: Considerando que nos referidos residenciais já foram entregues diversas casas e ainda existem outras dezenas a serem entregues.

Parágrafo 3º: Será de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Ouro Preto, a análise da situação financeira familiar, por meio de vasta pesquisa sobre os CPFs dos componentes das famílias, bem como a existência de propriedade de veículo e imóveis sobre os beneficiados.

Parágrafo 4º: Por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, seja realizada a averiguação das condições dos indivíduos que receberam e/ou receberão os benefícios, por meio de dinheiro público.

Parágrafo 5º: Que sejam beneficiadas, no referido programa, pessoas físicas com rendimento familiar de, no máximo, meio salário-mínimo per capita, desde que convivam no mesmo imóvel.

Inciso 2: Famílias que foram retiradas das áreas de situação que configure riscos ou insalubridade.

Como justificativa para a emenda, Júlio Gori alega que os residenciais Dom Luciano e Vila Alegre foram iniciados em 2007 e até a presente data não foram concluídos. Ademais, no seu ponto de vista, o valor requerido ao PLO 429/2022 não será o suficiente para a realização de um programa de construções, abrangendo residências dotadas de padrões mínimos de habitabilidade, abastecimento de água, energia elétrica, iluminação pública, esgotamento sanitário, pavimentação e drenagem pluvial. Desta forma, o vereador solicitou a aprovação da emenda para a destinação dos R$10 milhões para a conclusão dos residenciais Dom Luciano e Vila Alegre.

A gente precisa, para fazer um belo programa habitacional popular, de muito dinheiro e, hoje, eu vejo que esses R$10 milhões seriam de suma importância para a conclusão e até mesmo a ampliação do Dom Luciano e do Vila Alegre. Neste momento, é preciso um esforço muito grande, vai ter que ter muito recurso para fazer o que Ouro Preto precisa. São mais de 200 famílias, hoje, que estão nessa fila. A gente acha que R$10 milhões é muito dinheiro, mas há dois anos, um saco de cimento estava R$16, hoje está R$43, está caríssimo. Hoje, com R$10 milhões, não dá para fazer o que é necessário num projeto de habitação”, declarou Júlio Gori.

No entanto, pelo regimento interno da Câmara de Ouro Preto, não seria possível a aprovação da emenda, já que já houve o pedido de vista do projeto anteriormente e ele já se encontrava em discussão final.

“O regimento diz que podem ser apresentadas emendas até a primeira discussão. No caso de estar em redação final, não cabe mais a emenda”, esclareceu o representante jurídico da Câmara de Ouro Preto, Marco Antônio.

Com isso, a emenda não passou e o projeto foi aprovado por 13 votos, com apenas o voto contrário de Júlio Gori.

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Nós temos uma péssima Secretaria de Obras. Uma casa de R$30 mil ou R$40 mil vai virar uma de R$80 mil e a de R$80 mil vai virar R$100 mil. Eu tenho certeza disso. As obras inacabadas da ‘senhora’ BTECH e de Sinarco. A briga aqui dentro é 90% na Secretaria de Obras e R$10 milhões vão cair na mão dessas cretinices, que não conseguiram terminar uma obra, uma escola, em Santo Antônio do Leite, no Gouveia. Teve vereador aqui que comprou material para fazer obra em Santa Rita. Vai dar R$10 milhões para uma Secretaria de Obras incompetente fazer casa popular, com a prefeitura arrecadando R$1,4 milhão por dia”, disparou Júlio Gori.

Depois disso, alguns vereadores também manifestaram desconfiança em relação à pasta de Obras de Ouro Preto.

O meu medo é quando (o programa habitacional) cair na Secretaria de Obras, infelizmente. O que nós estamos vendo é uma secretaria que está patinando e não saindo do lugar. Eu já elogiei demais, mas quando a gente vê que a coisa não acontece, a gente joga a toalha. Só ficar em tapa-buraco, capina e varrição, isso é o mínimo. Obra mesmo não estamos vendo”, posicionou o vereador Vander Leitoa (SD).

O vereador, que comprou material para a realização das obras no distrito de Santa Rita, a que Júlio Gori se referiu, é Reginaldo do Tavico (REP). E foi mais um a criticar a Secretaria de Obras de Ouro Preto. “Tem gente lá de Canavial cobrando ponte. Foi acordado pelo secretário de Obras que, dentro de 30 dias, estaria, pelo menos, mexendo. Já tem três meses. Se a Secretaria de Obras andar, tudo anda, porque envolve escola, posto de saúde e tudo mais. Está difícil, não dá nem para cobrar mais. Com um ano e meio, as obras estão paradas”, afirmou Tavico.

Na segunda-feira (27), Antônio Simões foi até a Câmara de Ouro Preto apresentar a prestação de contas referente a 2021, sendo de R$53.851.431,54 o orçamento anual da pasta. De acordo com ele, entre as obras executadas e as que estão em execução, há a continuidade das obras previstas no orçamento de 2021, prioridades de Governo e obras emergenciais.

De acordo com Antônio Simões, as obras executadas e em execução são:

    • Obras de contenção na Rua Santa Marta;
    • Reformas de edifícios públicos (escolas, clínicas, postos de saúde, igrejas, salões comunitários e quadras esportivas);
    • Recuperação de estradas vicinais;
    • Manutenção de calçamentos (intertravado, pé de moleque e paralelepípedo);
    • Construção de pontes (obra emergencial em Antônio Pereira);
    • Drenagem (Rua Santa Amaro, Serra do Siqueira);
    • Asfaltamento no bairro Dionísio — concluído;
    • Drenagens de grande porte (Rua Santa Marta);
    • Drenagem na Serra do Siqueira — concluída;
    • Cortina atirantada na Rua Águas Férreas, no bairro Taquaral — concluída;
    • Recomposição da Serrinha de Lavras Novas — concluída;
    • Asfaltamento de uma rua em Cachoeira do Campo — concluído;
    • Asfaltamento em Motas — concluído;
    • Rua dos Martins (para fazer).

Entretanto, pelo menos sete escolas ainda esperam conclusão de obra e, conforme foi apontado por Júlio Gori, as obras no distrito de Gouveia e a passarela no Pastinho, em Cachoeira do Campo, estão paralisadas. Mas, de acordo com Antônio Simões, das 28 obras acordadas no Pacote de Obras, anunciado em agosto de 2021, apenas a obra na Rua Belo Horizonte não foi executada.

A Agência Primaz tentou fazer contato com Antônio Simões, mas não houve resposta.

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