- Ouro Preto
Após reclamações, trevo na entrada de Ouro Preto deve ter adequações
O novo trevo foi construído para dar acesso a um condomínio que está em implantação nas proximidades da entrada da cidade
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O primeiro documento é a Representação 190/2022, de autoria do vereador Vander Leitoa (Solidariedade), que solicita o envio, ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), com cópia a Ourotran, de pedido de esclarecimentos referentes à construção do novo trevo na entrada de Ouro Preto.
“Um Patrimônio Mundial com um trevo confuso, está perigoso. Ficou bom só para o dono do empreendimento, porque o trevo acabou com a entrada de Ouro Preto. Para vir para Ouro Preto tem um estreitamento. Como que um caminhão, ou um ônibus cheio de turista, vai fazer aquilo ali? Tem que desmanchar, está colocando a vida das pessoas em risco”, declarou Vander Leitoa.
Já a Representação 194/2022, de autoria do vereador Renato Zoroastro (MDB), solicita informações sobre as obras de construção do novo trevo na entrada do município. “Ficou de má qualidade. Visualmente falando, não ficou bom para a entrada da nossa cidade”, manifestou o membro da Casa Legislativa Municipal.
O assunto rendeu na reunião, tendo outros vereadores desaprovado o novo trevo na entrada de Ouro Preto. “Já tem tanta marca no meio fio de carro que está passando direto, tendo alguma colisão, que a gente fica pensando como pode um trevo desse na entrada de Ouro Preto. Ali está parecendo pista de kart. Uma vergonha. Ouro Preto ‘borra’ de medo de milionário. Quem tem dinheiro faz o que quer dentro de Ouro Preto”, comentou o vereador Júlio Gori (PSC).
O vereador Naércio Ferreira (Republicanos) questionou a atuação das pessoas de alto poder aquisitivo na Cidade Patrimônio. “O poder dos ‘super ricos’ de Ouro Preto. Descaracterizou. Não precisa ser engenheiro, eu não tenho formação de engenharia, nem de arquitetura não. Eu que não sou muito bom de roda, me confundo se tenho que ir para um lado ou para outro. Isso é perigoso, [pode] ter acidente. Parece pista de Fórmula 1. Ridículo é pouco para definir essa obra dos ‘super ricos’ de Ouro Preto”, posicionou.
Pensando na desigualdade de poder entre os empresários ricos e os moradores da periferia, o vice-presidente da Câmara Municipal, o vereador Alessandro Sandrinho (Republicanos), também criticou a obra. “A pessoa que assinou aquilo tem que ser responsabilizada. Se, quando uma pessoa vai construir no Morro Santana, faz uma luta para poder morar, é notificada e fica respondendo processo, por que uma pessoa que faz aquilo ali não vai ser responsabilizada?”, questionou.
O vereador Zé do Binga (PV) pediu o desmanche da obra de forma imediata. “Aquilo não é algo que se faça na entrada da cidade não. Aquilo está vergonhoso. Não podemos concordar com isso, não tenho nada contra o empreendimento, mas ali é público, tem que respeitar a população de Ouro Preto”, declarou.
Outros vereadores também reprovaram o novo trecho, como Alex Brito (Cidadania), Lilian França (PDT) e Vantuir (PSDB).
A Agência Primaz apurou que, anteriormente, o trecho pertencia à jurisdição do DER-MG. O empreendedor, que é obrigado pela lei a fazer um acesso que liga o condomínio à rodovia, submeteu os pedidos de autorização para a execução da obra e recebeu a aprovação do órgão estadual. Depois disso, durante o governo de Júlio Pimenta, o trecho foi municipalizado. Houve então uma adequação no projeto, que foi aprovado pela Secretaria Municipal de Patrimônio da gestão passada. Portanto, quando a nova gestão tomou posse no Município, o projeto da obra já estava aprovado, assim como aconteceu com o trevo da Cooperouro, que foi feito pelo empreendedor da nova unidade do Supermercados BH.
Apesar da aprovação do projeto do trevo da Jacuba ter sido aprovado na gestão de Júlio Pimenta, a Secretaria de Patrimônio de Ouro Preto na época contava com Zaqueu Astoni e Camila Sardinha, que hoje também compõem o secretariado do governo de Angelo Oswaldo (PV).
“Com relação à Cooperouro, fiz um relatório para o DNIT solicitando a revisão do projeto de acesso à Cooperouro, porque a execução do projeto não traz segurança para os condutores. Daí, então, o DNIT, notifica o empreendedor para rever o projeto”, informou o secretário de Defesa Social de Ouro Preto, Juscelino Gonçalves, à Agência Primaz.
Já quanto ao trevo localizado na entrada de Ouro Preto, a administração municipal fez uma reunião com o empreendedor. Nela, Juscelino mostrou alguns apontamentos levantados de sua própria experiência passando pelo local com o seu carro. “Falei que o trecho está forçando uma redução muito brusca e que causa risco ao condutor. Então, eu indiquei a ele que o projeto fosse revisto. A nossa indicação é que se coloque linhas transversais, faixa emborrachada para diminuir a velocidade, mais emplacamento e que fossem retiradas as ‘curvinhas’”, revelou Juscelino.
De posse dessas propostas, caberá ao empreendedor refazer o projeto e apresentá-lo para a Prefeitura de Ouro Preto novamente, para que as adequações sejam feitas, caso aprovadas.
“Qualquer projeto fica sob revisão após um ano de execução. Ele é aprovado, mas não quer dizer que ele é definitivo. Ele está em execução, se a gente ver que não está adequado, está provocando acidente, a gente entra com a solicitação de revisão”, declarou Juscelino Gonçalves.
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Mais detalhes do projeto
O trevo de interseção da Jacuba foi elaborado com base em um estudo de engenharia de tráfego e com as devidas autorizações dos órgãos responsáveis pelo trânsito na cidade. A iluminação pública de led, já em funcionamento, é mais um investimento privado no local, algo que foi pedido por Juscelino Gonçalves, para melhorar as condições de trânsito nos períodos de menor visibilidade (neblina muito baixa). Também está sendo implantada, no perímetro urbano de Ouro Preto, uma obra condicionante, definida pelos órgãos de aprovação do Loteamento Residencial Vila Rica.
Dentre os estudos que antecederam a aprovação do loteamento, no governo passado, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental (Codema) destacou o impacto de vizinhança, que apontou a necessidade de melhoria do acesso à região da Jacuba.
A atenção com o crescimento da região da Jacuba fez com que fosse exigido do empreendedor a construção de uma interseção, homologada à época, pelo DER-MG, como uma condicionante a implantação do loteamento pela empresa Prospecção Participações.
Umas das finalidades da interseção é dar opção de retorno às carretas que entram em Ouro Preto, já que veículos de grande porte são proibidos de trafegar no perímetro urbano da Cidade Histórica.
O valor do projeto da interseção é da ordem de R$3 milhões e seu custeio total é de responsabilidade da Prospecção Participações. A obra teve início em outubro de 2021, mas foi interrompida devido às chuvas intensas, e seu retorno só foi possível em abril deste ano.
Mais de 30 mil metros cúbicos de terra foram transportados e acomodados em um aterro controlado dentro da própria área do empreendimento, a 700m do trevo. Essa mesma distância foi pavimentada, revitalizando o acesso precário que existia anteriormente para chegar à porta do loteamento, beneficiando principalmente os moradores da área no entorno da propriedade.
A Secretaria de Desenvolvimento Social de Ouro Preto e a Ourotran esperam a conclusão da obra para que, nos próximos 60 dias de uso público, possam ter elementos que permitam um diagnóstico exato. “O empreendedor manifestou interesse e esforço em ajustar o que for necessário, sendo obedecidos os critérios de engenharia de tráfego que permearam, até o momento, a construção da interseção”, finalizou Juscelino.