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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Ouro Preto alcança 85% de ocupação na rede hoteleira em julho

Após dois anos pandêmicos, a Cidade Patrimônio volta a receber alto fluxo de turistas

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Ouro Preto alcança 85% de ocupação na rede hoteleira em julho
Ouro Preto recupera o seu protagonismo turístico após dois anos críticos da pandemia -Foto: Ane Souz
Julho é um mês muito especial para Ouro Preto. O município, que é um dos destinos mais procurados para visitar no país, conseguiu não apenas reaquecer o turismo na cidade depois da pandemia, como bateu recorde de visitantes nos últimos 25 dias. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), a taxa de ocupação hoteleira foi de 85% neste mês, aproximadamente 25% a mais que em junho. Nos finais de semana, a porcentagem chegou a 100%.

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Em 13 de julho, Ouro Preto recebeu uma homenagem especial da Câmara dos Deputados, em solenidade do gabinete do vice-presidente Lincoln Portela (Republicanos). O deputado destacou o protagonismo e a importância do município para o estado. “Parabenizo os representantes do município pelo belo trabalho realizado e destaco o protagonismo e o carinho que todo mineiro dedica a Ouro Preto, lembrando que essa cidade é responsável pelo nascimento da consciência democrática no estado de Minas Gerais”, publicou em suas redes sociais.

O prefeito Angelo Oswaldo (PV) foi quem recebeu a placa que parabeniza a sua atuação na retomada das atividades culturais da cidade, uma vez que Ouro Preto está recheado de eventos desde a Semana Santa, festividade tradicional que marcou a volta do turismo no município. “O turismo retornou com força total pelos investimentos que nós fizemos na cidade, nos distritos e no incentivo também à cultura, para que as atividades culturais que são o grande cargo chefe do nosso turismo, consigam atrair sempre mais”, declarou o prefeito.

O Inventário da Oferta Turística mostra que Ouro Preto possui cerca de 200 meios de hospedagem, incluindo sede e distritos, 2 mil unidades habitacionais e 5.200 leitos. É notória a presença de turistas na cidade ao andar pelas ruas ouro-pretanas, tendo as basílicas, as igrejas, o Centro Histórico e os museus como os destinos mais procurados no município. Durante esses dois anos pandêmicos, o setor de hospedagem viveu dias difíceis, com pessoas tendo que se reinventar para garantir alguma renda por meses.

No início, foi algo bem assustador. Na época, a pousada era minha única fonte de renda e também das pessoas que trabalhavam comigo. Então, passamos um momento muito difícil. Tivemos longos períodos recebendo um ou dois hóspedes, às vezes o mês inteiro sem receber ninguém. Foi uma crise global, mas também muito pessoal, pois tive que encontrar forças para não desistir, apoiar aqueles que estavam ao meu lado e me reinventar”, contou Líria Barros, sócia da Acapela Pousada, à Agência Primaz

A pandemia atingiu uma das atividades econômicas mais relevantes de Ouro Preto que é o turismo. Com dois anos críticos em relação à Covid-19, a cidade não perdeu apenas visitantes de museus e igrejas, mas também não pôde realizar seus tradicionais eventos anuais, como o carnaval e o Festival de Inverno. 

A retomada das atividades turísticas traz recursos e enriquece a cultura de todos, tanto da nossa população, quanto daqueles que compartilham conosco o privilégio de conhecer Ouro Preto”, declarou Angelo Oswaldo.

Como a realização de grandes festas começou apenas a partir da Semana Santa, em abril, o carnaval de 2022 precisou ser adiado. Mas o Festival de Inverno, realizado em julho, voltou em grande estilo, contando com o tributo aos 50 anos do Clube da Esquina e os shows de Ferrugem, Almir Sater e Elba Ramalho no fim de semana do aniversário de Ouro Preto, que levaram cerca de 20 mil pessoas para a Praça Tiradentes nos dias 8 e 9 deste mês.

Desde que a pandemia começou, julho foi com certeza uma faísca de esperança pro setor de turismo. É muito bom ver as pessoas confiantes novamente, a cidade movimentando e eventos acontecendo. Todos os esforços e investimentos valeram a pena pelo retorno financeiro, mas também pelo feedback e pelo carinho dos nossos hóspedes”, comentou Líria Barros.

Margareth Monteiro, secretária de Cultura e Turismo de Ouro Preto, afirmou à Agência Primaz que a cidade está pronta para receber a quantidade de turistas que normalmente frequentam o município. “Isso é muito bom porque gera renda, gera emprego, vários empresários retomaram os seus trabalhadores, investiram nas melhorias. Ouro Preto está de braços abertos para receber, de novo, o fluxo turístico que é esperado”.

Museu da Inconfidência

A Antiga Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica, o Museu da Inconfidência, representa um monumento histórico da região e vem recebendo um alto índice de turistas. De acordo com o diretor do Museu, Alex Calheiros, cerca de 25 mil visitantes passaram pelo local em junho e, em julho, o número de visitas já ultrapassou 20 mil. 

O retorno, surpreendentemente, está batendo todos os recordes. A gente voltou primeiro com uma série de protocolos. Logo no início do ano, a gente abriu e tinha uma série de dúvidas, de como seria, se os casos de contaminação iriam voltar. Temos uma capacidade de receber até 3 mil pessoas diariamente, mas a gente reduziu para 400, com todos os protocolos. A partir de abril, no feriado [de Tiradentes], a gente aumentou essa capacidade, chegando a 10 mil visitantes, mas agora a gente já teve 25 mil e neste mês a gente já ultrapassou os 25 mil visitantes”, contou Alex Calheiros à Agência Primaz.

O museu chegou a ficar fechado de março de 2020 até janeiro de 2022. O seu horário de funcionamento é das 10h às 18h, de terça-feira a domingo. As portas do lugar são fechadas uma hora antes do encerramento das atividades para que os visitantes que estejam no interior do prédio possam finalizar a visitação até o horário de fechamento indicado. 

O museu ficou fechado porque, quando começou a pandemia, as coisas fecharam, e houve uma particularidade: os serviços de segurança e limpeza, normalmente, são terceirizados. Como isso onerava demais, a maioria dos contratos foi interrompida. A equipe técnica do museu continuou trabalhando internamente, na parte administrativa e burocrática, mas o museu, propriamente dito, fechou. A maior dificuldade foi a manutenção e preservação das obras”, acrescentou o diretor do Museu da Inconfidência.

Agora, com o alto número de visitação, o Museu da Inconfidência projeta novas ações, passando pela revisão do plano museológico para discutir, internamente e com a comunidade, como será a continuidade do lugar nos próximos anos. 

Vamos pensar os aprendizados da pandemia, como ter uma melhor comunicação com o público, sobretudo com a comunidade local, fazer uma revisão crítica das nossas próprias narrativas, avaliar como a gente comunica o acervo que temos e como a gente vai interagir com outras possibilidades, como arte contemporânea”, informou Alex Calheiros.

A partir de 11 de agosto, a administração do Museu da Inconfidência inicia um movimento de planejamento de trabalho, de discussão, interna e com a comunidade, para onde o Museu da Inconfidência deve seguir. A expectativa é que o local passe por um processo de profunda transformação.

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