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Hoje é sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Prefeitura de Ouro Preto prepara formação de programadores de games em Antônio Pereira

Inovação e tecnologia foram temas debatidos em painel do Marte Festival

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Prefeitura de Ouro Preto prepara formação de programadores de games em Antônio Pereira
Roda de conversa aconteceu no Anexo do Museu da Inconfidência - Foto: Ane Souz/PMOP
Ouro Preto tem sua economia baseada em dois pilares: mineração e turismo. O município, no entanto, vem tentando buscar novas formas de arrecadação. Na última quinta-feira (28), em um evento de formação feito pelo Marte Festival, figuras dos poderes públicos da cidade e do estado de Minas Gerais debateram e revelaram medidas para transformar Vila Rica, cada vez mais, em um polo criativo. Uma dessas ações é formar jovens, no distrito de Antônio Pereira, para trabalhar com programação de games, em uma parceria junto ao Governo Estadual e à Samarco.

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Criado com o objetivo de entender a capacidade da tecnologia promover novas linguagens e novos códigos, o Marte Festival, que aconteceu entre os dias 26 e 30 de julho, não se limitou apenas às diversas apresentações artísticas, mas também buscou entender os novos rumos da sociedade. O painel “Cidades Criativas: Interiorização da Cultura na Era Digital” contou com a participação de nomes como Angelo Oswaldo (PV), prefeito de Ouro Preto; Milena Pedrosa, secretária adjunta de Cultura de Minas Gerais; além de Margareth Monteiro e Felipe Guerra, integrantes do secretariado municipal.

Em sua fala, Guerra, que comanda a pasta responsável por elaborar propostas de diversificação econômica, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Tecnologia, anunciou uma parceria entre o poder executivo e a Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP), que tem como objetivo implantar uma escola de marcenaria no distrito ouropretano de Antônio Pereira, o mais afetado pelos problemas da mineração. Vamos usar de inovação e tecnologia para criarmos uma escola de marcenaria em Antônio Pereira. Será o primeiro projeto para transformarmos Antônio Pereira em um distrito tecnológico. A segunda, também junto à FAOP, é formar jovens para trabalhar com programação de games, em uma parceria junto ao Governo Estadual e à Samarco. A empresa está nos ajudando a conseguir os computadores e o recurso financeiro para que a gente consiga fazer esse projeto”, informou à Agência Primaz.

Ainda segundo o secretário, outros movimentos que buscam modernizar a economia ouro-pretana estão acontecendo, como a criação de um hub de inovação e tecnologia, além de um parque industrial, numa antiga fábrica de tecidos. Felipe afirmou que a gestão tem como objetivo diversificar a arrecadação da cidade que, atualmente, é 70% relacionada à mineração e 10% ao turismo. Prova de que o potencial turístico ouro-pretano pode ser rentável é o fato de que, hoje, o setor emprega mais pessoas que as mineradoras, segundo Guerra.

Referência no turismo

Um dos berços de Minas Gerais, Ouro Preto é um dos principais destinos do mundo. De acordo com Margareth Monteiro, a cidade é a segunda mais procurada por turistas no Brasil. Desde a realização da Semana Santa, o município vem retomando as atividades de turismo em modo presencial definitivo, o que já representa um aquecimento significativo na economia local. Prova disso é que, em julho, 85% da rede hoteleira esteve ocupada.

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Prefeitura de Ouro Preto prepara formação de programadores de games em Antônio Pereira
Após dois anos, as tradicionais celebrações da Semana Santa voltaram às ruas da cidade em 2022 - Foto: Ane Souz/PMOP

Milena Pedroso comentou que essa realidade não se limita apenas a Ouro Preto, e é algo vivido por todo o estado de Minas Gerais. Segundo a secretária, esses bons resultados são frutos, em boa parte, da cultura e das tradições mineiras, além da peculiaridade do povo. “Hoje, a gente tem mais de 700 mil empregos da economia criativa. Minas Gerais, de abril do ano passado até abril deste ano, teve 72 mil empregos da economia criativa (…) Eu percebo hoje, nas cidades, o quanto essa efervescência cultural, essa nossa origem, a gente tá trazendo ela cada vez mais. (…) Eu tenho visto uma Minas Gerais muito mais potente do ponto de vista artístico e cultural. Ano passado, a gente cresceu mais que a média nacional no setor turístico. A gente cresceu 17,9%, sendo que a média nacional foi de 11%. Segundo o IBGE, a gente cresceu 135%. Só ficamos atrás do Ceará”, afirmou.

Inovação e tradição

Muito se debateu sobre como é possível modernizar a cultura interiorana. Angelo Oswaldo disse que a peculiaridade das cidades que estão fora das grandes metrópoles deve ser valorizada e desenvolvida a partir da tecnologia, formando uma aliança proveitosa para todas as partes: quem recebe e quem é recebido. “Toda essa busca por originalidade é o que eu acho que determina uma cidade criativa. É a cidade que sabe tirar partido de tudo aquilo que é autêntico e a particulariza de um modo singular aliado à morena tecnologia. Você quer ir a uma pousada e quer encontrar ali wi-fi, telefone celular acessível, um QR Code para você escolher se é feijão tropeiro ou se é tutu à mineira. Mas, ao mesmo tempo, temos que compatibilizar os avanços tecnológicos com a autenticidade. São poucas cidades que conseguem fazer isso”, opinou o chefe do executivo.

Prefeitura de Ouro Preto prepara formação de programadores de games em Antônio Pereira
Angelo Oswaldo fez críticas ao modus operandi das grandes cidades - Foto: Ane Souz/PMOP

Case de sucesso

O município de Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, é um grande exemplo de sucesso de cidade criativa. O projeto já está ativo na cidade há dez anos e busca levar à população valores como arte, tecnologia, empreendedorismo, inovação, ética e cidadania. Os resultados têm sido positivos.

À Agência Primaz, Janílton Prado, secretário de Cultura de Santa Rita do Sapucaí, listou alguns dos feitos já colhidos. “Nós iniciamos um calendário anual. No carnaval, temos um bloco de carnaval, o Bloco do Urso que, durante quatro dias, atrai 25 mil pessoas por dia. Isso tem um impacto muito grande dentro da questão econômica da cidade (…) Outra que acontece sempre no mês de setembro é o Hack Town, que são três dias com mais de 600 palestras, sobre todos os temas imagináveis. Essas palestras levam, nesses três dias, mais de três mil pessoas”, revelou o profissional.

Durante o Hack Town, os turistas deixam até R$ 15 milhões em Santa Rita do Sapucaí, como disse Janílton. “É um público muito específico que vai para essas palestras. Tem um ticket para utilizar na cidade. A média é de R$2 a R$3 mil, que a pessoa vai disposta a deixar na cidade. R$15 milhões é o mínimo que a gente entende que foi deixado na cidade”, explicou.

De olho no presente e no futuro, Ouro Preto tenta valorizar suas riquezas através de modos criativos e otimizados, em busca de, cada vez mais, diversificar a economia pela criatividade.

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