- Mariana
Semana da Visibilidade levanta pauta acerca do aumento de pessoas em situação de rua em Mariana
Evento foi promovido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania
- Pedro Olavo
- Supervisão: Luiz Loureiro
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Segundo Paolla Araújo dos Santos, coordenadora do centro POP, os principais objetivos são dar visibilidade a pessoas em situação de rua, que estão à margem da sociedade e não são vistas, ou são vistas apenas como causas de transtornos pelos moradores de Mariana. Com um evento que coloca pessoas em situação de rua na frente dos microfones, para que possam falar para o público, Paolla espera que a população de Mariana enxergue essas pessoas de maneira diferente.
É o caso de Vinícius Costa, que veio de Belo Horizonte seguindo o sonho de encontrar um emprego decente em Mariana e já está há mais de um mês em situação de rua, tendo encontrado no Centro POP seu único abrigo. Ao ser perguntado sobre como é a vida no centro, ele elogia muito o trabalho dos funcionários que sempre o ajudaram, porém cobra da Prefeitura um maior investimento em programas específicos para ajudar pessoas em situação de rua, já que, para ele, o valor investido em um problema tão grave não é condizente com o valor total arrecadado pela Prefeitura de Mariana.
Ele não é o único a exigir melhorias estruturais. Alonso Souza, também usuário do centro POP, foi um dos primeiros a pegar o microfone durante o café com prosa, realizado na sexta-feira (19). Ele criticou o fato de o abrigo disponibilizado pela Prefeitura de Mariana funcionar apenas nas épocas de frio. Segundo ele, é de suma importância que exista um abrigo disponível durante todo o ano, já que o número de pessoas em situação de rua está crescendo cada vez mais e, mesmo com o frio terminando, essas pessoas ainda vão sofrer muito devido às chuvas.
Além das rodas de conversa, a programação contou com um dia de jogos com competições de peteca, dama, truco, totó e “Qual é a música”, bem como de um bingo com vários prêmios. Nesse dia a atmosfera foi mais leve, repleta de brincadeiras e conversas amistosas. Para Renivaldo Magno, vice-campeão da competição de totó, as atividades oferecidas foram excelentes para distrair e limpar a mente, proporcionando um pouquinho mais de alegria aos usuários do Centro POP. Além de agradecer muito os funcionários do setor, ele fez questão de ressaltar a importância do projeto e cobrar a existência de um abrigo permanente.
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Espaço de atendimento
O Centro POP é um espaço estruturado para atender pessoas em situação de rua, implantado na cidade em 2019, integrando uma política pública de âmbito nacional. Em Mariana, uma das poucas cidades mineiras que possuem esse tipo de atendimento, funciona na Rua Frei Durão 208 A, próximo ao Banco Itaú na Praça da Sé, de segunda a sexta-feira, exceto feriados, das 8 às 17h. É um programa de porta aberta, ou seja, quem precisa utilizar as instalações do centro basta chegar ao local e falar com os funcionários.
No centro POP são oferecidos um espaço de escuta especializada, local para lavagem de roupas e para guardar pertences, auxílio na retirada de documentação e de busca de emprego, através do SINE, além de distribuição de alimentos. Além disso, Paolla afirma que o centro, muitas vezes, ajuda a fortalecer vínculos, seja entre os próprios usuários, seja entre eles e suas famílias. Ela também frisa a importância que o centro POP dá à necessidade de respeitar os indivíduos, priorizando sua individualidade sem forçar sobre eles nenhum tipo de escolha que não seja de interesse.
Além do centro POP, existe a Unidade de Acolhimento Institucional, a UAI adulto, que tem por objetivo acolher pessoas que já estejam em uma perspectiva de saída das ruas, seja através da volta ao núcleo familiar ou da criação de um novo núcleo. As pessoas que participam dessa unidade são acompanhadas previamente pelo centro POP e podem ser acolhidas de três a seis meses.
Aumento do número de pessoas em situação de rua
Para o Secretário Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania, Walber Luiz da Silva, Mariana tem enfrentado um grave aumento do número de pessoas em situação de rua, devido ao crescimento da oferta de vagas na construção civil, majoritariamente em função da construção dos reassentamentos de Bento Rodrigues e Paracatu. Walber entende que muitas pessoas têm saído de suas casas em cidades vizinhas, com a falsa esperança de encontrar empregos. Dessa maneira, muitos que vieram apenas com a roupa do corpo, acabam tendo que passar dias e noites nas ruas da cidade, já que também não tem condições de voltar para suas casas em caso de insucesso na busca de emprego.
Pedro Eldorado, Secretário de Desenvolvimento Econômico de Mariana, alega que a dificuldade dessas pessoas se deve às qualificações mais elevadas demandadas pelas empresas, bem como da exigência de experiência profissional, registrada na carteira de trabalho. Segundo ele, quem vem para Mariana em busca de emprego “está olhando apenas para os números disponíveis” e não para as profissões demandadas, causando a opção por empregos informais como forma de subsistência, ou colocarem-se em situação de rua.
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), Mariana ofertou 6.357 vagas de emprego este ano. Dentre elas, 2.644 (41,5% da oferta), são na construção civil, sendo 69,2% destinadas a homens, principalmente na faixa etária de 30 a 39 anos de idade (28,4%). Das pessoas contratadas, apenas 6,5% possuíam ensino superior completo, enquanto o grau de instrução da maioria (56,4%) era apenas o ensino médio completo.