- Ouro Preto
Repúblicas particulares dizem não conseguir arcar com tarifas de água
Faturas acima de R$2 mil dificultam permanência de universitários em Ouro Preto
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Menos de 15 dias após o anúncio de cobrança pelo consumo real de água, emitido pela Saneouro, moradores e estudantes de Ouro Preto relatam a incapacidade de pagamento das faturas de setembro. Aderindo à desobediência civil proposta pela Assembleia Popular ocorrida no último dia 10, universitários moradores de repúblicas particulares não vão pagar as contas com vencimento no mês de outubro e argumentam ser “impossível” arcar com os valores cobrados pela concessionária.
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Ana Paula Cembrani, secretária da Associação das Repúblicas Particulares de Ouro Preto (ARPA), expõe a posição das repúblicas frente à cobrança. Segundo ela, os preços médios das contas das moradias que fazem parte da associação giram em torno de R$1.000. “Tem repúblicas da ARPA que o valor passou de R$3.500”, ressalta Ana Paula à Agência Primaz.
A representante menciona que parte das repúblicas da associação não se planejaram para as taxas cobradas este mês, com cifras que representam um aumento de mais de R$100 no orçamento de cada morador. Seguindo os direcionamentos da Fundação das Associações de Moradores de Ouro Preto (FAMOP), as repúblicas da ARPA aderiram à desobediência civil, decidindo pelo não pagamento enquanto os “valores exorbitantes” não forem revistos, já que, segundo Ana, “afetam muito o custo de vida nas repúblicas”.
Repúblicas relatam experiências com a chegada das faturas de água
Rafael Dias Bordin, morador da república 171, localizada no Vila Itacolomy, relatou para a Primaz que, na casa com 12 moradores, a experiência “não foi nada agradável, o preço veio bem alto, na casa dos 3 mil reais”. De acordo com o estudante, com o decorrer do período das simulações, o valor da fatura foi se alterando, “lembro que na primeira simulação veio na casa dos 1.500, depois 21.00”, salientou Rafael.
Devido ao aumento progressivo dos custos, os estudantes descobriram um vazamento na república, apontado pela própria Saneouro. Os moradores acionaram os bombeiros, que não acharam nenhuma anormalidade nas instalações. Com as faturas aumentando cada vez, o morador relata que o proprietário do imóvel precisou ser acionado para tentar resolver o problema.
Questionado se a república vinha se preparando financeiramente para essa cobrança, o estudante desabafou: “Com o aumento do preço de TUDO, realmente isso vai ser uma bomba no nosso gasto mensal”. Seguindo as recomendações da FAMOP, a república, que também faz parte da ARPA, não vai pagar a fatura, até que a tarifa seja revista pela empresa.
Com 17 moradores, a república Partenon, no bairro Rosário, diz viver uma experiência “bem revoltante” com as taxas cobradas pelo serviço de água. Pedro Miguel Chagas, um dos residentes, explicou à Agência Primaz que durante as faturas de simulação, as cobranças chegaram a R$3.000. Segundo Pedro, “esse valor pra gente é impossível de ser pago”, embora a república venha se preparando para arcar com mais um boleto, aumentando em R$50 a contribuição mensal de cada estudante. “Mas ainda assim, não é só o valor da água que aumentou, mas de quase todas as coisas, então continua bem insustentável”, declara o aluno, informando que a fatura de R$2.600, com vencimento para este mês, não vai ser paga pela república.
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Conta acima de R$5 mil também é realidade na cidade
Na república Necrotério, uma das mais tradicionais da cidade, localizada no bairro Pilar, a situação é ainda mais crítica. Em imagens compartilhadas pelos próprios moradores nas redes sociais, a fatura enviada pela Saneouro apresentou o valor de R$5.228, sendo quase R$1.500 referente à taxa de esgotamento sanitário.
A casa, que atualmente possui 10 moradores, recebeu as faturas de simulação com cobranças entre R$1.500 e R$1.800, quantia que, segundo Filipe Moreira Pio Fernandes, morador da Necrotério, já era muito alta para a realidade dos estudantes. “O valor veio muito além do que imaginávamos”, afirmou.
Durante as simulações, os universitários trocaram boias para evitar vazamentos e diminuíram o consumo residencial. Para a Agência Primaz, Filipe expõe que, além de não pagarem a conta deste mês, eles também vão apresentar denúncia ao Procon.
Permanência na Universidade pode se dar através de moradias federais
Diferentemente das repúblicas federais, as moradias coletivas particulares de Ouro Preto não contam com nenhum auxílio da universidade para sua manutenção. Com isso, alunos, e muitas vezes ex-alunos, contribuem mensalmente com valores para arcar com os custos de aluguel, alimentação, luz e outras despesas que envolvem a permanência dos estudantes na universidade.
Procurada pela Agência Primaz para esclarecer sobre possíveis ações da Universidade em relação ao tema, a Pró-Reitora de Assuntos Comunitários e Estudantis (PRACE), Natália de Souza Lisbôa, informou que a instituição “segue acompanhando diretamente a partir do Comitê Permanente de Assistência Estudantil, que tem composição paritária de servidores da UFOP e alunos dos três campi”.
A Pró-Reitora salientou que, apesar dos recentes cortes orçamentários realizados pelo Governo Federal às Universidades Públicas, a UFOP vem se adequando para garantir a permanência e inclusão de todos os alunos. “Seguimos com vagas nas repúblicas federais e editais com entradas mensais para as moradias socioeconômicas”, ressaltou Lisbôa.
Procon faz recomendação sobre faturas de água
Na última semana, o Procon de Ouro Preto publicou uma nota de recomendação para os clientes da Saneouro sobre o pagamento das faturas de água e esgotamento sanitário. De acordo com o órgão, aqueles que suspeitarem de valor excessivo no valor da conta de água devem se dirigir ao Procon ou entrar em contato através do e-mail procon@ouropreto.mg.gov.br ou pelo telefone (31) 3559-3290.