- Mariana
Mariana termina campanha de vacinação contra a poliomielite sem atingir meta
Cobertura vacinal atingiu apenas 78% das crianças menores de cinco anos
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Mariana encerrou, na última segunda-feira (24), Dia Mundial do Combate à Poliomielite, a campanha de vacinação contra a doença, também conhecida como paralisia infantil. Durante a campanha foram imunizadas 2.485 crianças menores de 5 anos, valor que corresponde a 78,36% do total. A meta prevista era de vacinar pelo menos 3.171 crianças, o que equivale a 95% do público-alvo. O Brasil recebeu o certificado de eliminação da poliomielite em 1994, mas desde 2015, quando conseguiu obter uma cobertura vacinal de 98,3%, o país não alcança mais a meta de vacinação para a doença.
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A campanha foi iniciada em 08 de agosto, com término previsto para 09 de setembro, mas poucos dias antes desta data, o Ministério da Saúde decidiu pela prorrogação, em virtude dos baixos resultados obtidos.
“Até o dia 06 [de setembro], o Ministério da Saúde computava que, durante a campanha, apenas 35% das crianças na faixa etária entre um e cinco anos de idade haviam sido imunizadas contra a poliomielite. Diante disso houve a prorrogação a fim de tentar aumentar a cobertura vacinal”, explica Nayara Maria de Resende, enfermeira e Referência Técnica em Imunização do município de Mariana.
Seguiram-se, então, duas prorrogações: a primeira, em todo o território nacional, até 21 de outubro, e a segunda, restrita a Minas Gerais, até essa segunda-feira (24).
Questionada pela Agência Primaz sobre os motivos que poderiam ter causado a diminuição da adesão à campanha de vacinação, Nayara apontou a “percepção enganosa dos pais de que não é preciso mais vacinar porque as doenças desapareceram; o desconhecimento de quais são os imunizantes que integram o calendário nacional de vacinação; o medo de que as vacinas causem reações prejudiciais ao organismo; o receio de que o número elevado de imunizantes sobrecarregue o sistema imunológico, e a falta de disponibilidade de pais ou responsáveis para trazer a criança para se imunizar”.
Palavra de especialista
O professor do Departamento de Clínicas Pediátricas e de Adulto (DECPA) da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Allan Jefferson Calsavara, observa com preocupação a diminuição na adesão às campanhas de vacinação, como a da poliomielite.
Para ele, trata-se de uma vacina muito segura e que já é utilizada há décadas no país. “É frustrante observar a redução progressiva da cobertura vacinal em nosso país, as pessoas devem se lembrar que sempre ocupamos um lugar de destaque no mundo em políticas de vacinação, sendo exemplo para o mundo todo. O Brasil fornece vacinas gratuitas e conta com uma rede de aplicação e distribuição ampla, algo que não é trivial para um país de dimensão continental”.
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Allan Calsavara, que é especialista em Infectologia, destaca que a única forma de impedir a reintrodução do vírus no país é através da vacinação. “Será uma tragédia, caso o vírus volte a circular no Brasil. Depende de cada um de nós trabalhar para proteger nossas crianças, todos devem estar engajados nessa luta, lembrando e cobrando de parentes, amigos e conhecidos que atualizem o cartão de vacinas de nossas crianças”, complementa.
Segundo Nayara Resende, ainda existe a possibilidade de retomar a campanha contra a poliomielite. “Os municípios trabalham em consonância com o Ministério da Saúde e com o Programa Nacional de Imunizações. Caso seja divulgada nova Campanha e/ou ação voltada a vacinação contra a poliomielite, faremos a adesão de imediato”, finaliza a Coordenadora da Central de Vacinação de Mariana.