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Hoje é quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Estudante denuncia importunação sexual por morador de república federal

Estudante de 21 anos, morador da república Consulado, foi preso em flagrante

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Sobre fundo branco, a logomarca da Agência Primaz, em preto, e a logomarca do programa Google Local Wev, em azul, com linhas com inclinações diferentes, em cores diversasde cores diversas
Manifestante produz cataz onde se lê "Nossa luta..."
“É motivo de tristeza e indignação que atos repugnantes como este sejam recorrentes”, diz república onde a vítima mora - Foto: Ane Souz

Uma nova denúncia envolvendo estudantes de repúblicas federais de Ouro Preto ganhou repercussão nas redes sociais. Segundo relato, uma moradora não identificada da República Pecado Original, do bairro Lagoa, foi assediada sexualmente por um estudante, morador da República Consulado, localizada no Centro de Ouro Preto. De acordo com a denúncia, a moradora narrou para as companheiras de república que o fato aconteceu no Ouro Preto Tênis Clube (OPTC), na última quinta-feira (08), enquanto as repúblicas realizavam uma entrega de convites.

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De acordo com a república feminina, a moradora, juntamente com os familiares, procurou a Delegacia da Polícia Civil de Ouro Preto, para tomar as providências cabíveis. Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que o caso foi encaminhado à Delegacia de Atendimento à Mulher de Ouro Preto e que o homem, de 21 anos, “foi conduzido e ouvido por meio da Central Estadual do Plantão Digital, onde foi autuado em flagrante por importunação sexual”. Segundo a Polícia, “após os procedimentos de polícia judiciária no plantão, ele foi encaminhado, sexta-feira (9/12), ao sistema prisional”. O nome do acusado também não foi divulgado.

Repúblicas se manifestam pelas redes sociais

Por meio das redes sociais, a república Pecado Original, onde a vítima reside, publicou uma nota de repúdio contra o ato. De acordo com as moradoras, os atos recorrentes geram tristeza e indignação.

Confira a nota:

“A República Pecado Original, manifesta publicamente seu repúdio em decorrência da importunação sexual sofrida por uma de nossas moradoras por um morador da República Consulado, durante uma entrega de convites realizada no Ouro Preto Tênis Clube no dia 08 de dezembro de 2022.

É motivo de tristeza e indignação que atos repugnantes como este sejam recorrentes. Entendemos que esse tipo de abuso é inaceitável, eis que atos dessa natureza, não só violam a dignidade da pessoa que sofreu a violência, mas também fere toda a comunidade, especialmente as mulheres.

Com veemência, enfatizamos que não compactuamos e não nos calaremos quando nos depararmos com atos violentos que repercutem o machismo e opressões. Não seremos silenciadas pelo medo, vergonha ou pela falta de empatia daqueles que, a primeiro momento, já se mostram coniventes com o ato de violência.

Cumpre salientar, que nós mulheres somos vítimas assíduas de agressão sexual e precisamos ser acolhidas e os agressores responsabilizados. Ressaltamos, ainda, que muitas vezes o assédio é estimulado e repetidamente praticado, ancorado na perspectiva de impunidade.

Diante disso, a moradora, juntamente com sua família, encaminhou-se à Delegacia da Polícia Civil de Ouro Preto para tomada das diligências cabíveis. Não obstante, esperamos que a República Consulado tome as providências necessárias e não seja conivente com esse tipo de conduta.

Pela dignidade de todas nós mulheres!

Em nota publicada nas redes sociais também no dia 09 de dezembro, a República Consulado declarou repúdio ao suposto fato, e disse que agirá de forma transparente.

Leia a nota na íntegra:

A República Consulado, através de seus atuais moradores, vem a público se manifestar sobre o suposto fato imputado a um de seus moradores em uma festa ocorrida no OPTC no dia 08/12/2022, registrando inicialmente que repudia todo e qualquer ato ou comportamento que possa atentar contra a dignidade da pessoa humana, que todas as mulheres não só merecem, como de fato têm o nosso mais profundo respeito e valorização, que em vista de tão grave denúncia atuará de forma transparente e com total lisura, mas sobretudo respeitando o direito da ampla defesa e do contraditório. Sempre estaremos entre os que lutam pela igualdade e combate a todo tipo de violência contra mulher, entre outras causas relevantes em nossa sociedade.

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UFOP se posiciona sobre o caso de importunação sexual

Vista aérea parcial do Campus Ouro Preto da UFOP, que tem Ouvidoria Feminina para apuração de casos como o de importunação sexual
Ouvidoria Feminina está em funcionamento desde 2019 na Universidade - Foto: Mylena Gonçalves/UFOP

Indagada pela Agência Primaz sobre as providências tomadas pela UFOP, a Assessoria de Comunicação da universidade afirmou que nenhuma denúncia sobre o caso foi recebida pela Ouvidoria Feminina da instituição. A Universidade também explicou os procedimentos realizados em casos de denúncias de violência contra mulher:

“Desde 2019, a UFOP conta com a Ouvidoria Feminina para receber especificamente as denúncias de violência contra a mulher que ocorrem no âmbito da Universidade. As denúncias devem ser enviadas pelo portal FalaBR (https://falabr.cgu.gov.br/ ).

A Universidade ainda não recebeu nenhuma denúncia sobre este caso. Como a Ouvidoria trabalha com a autonomia da mulher — ou seja, a mulher assediada escolhe se faz a denúncia ou não —, as medidas cabíveis serão tomadas depois que a denúncia for recebida. A partir disso, será instaurado um processo administrativo disciplinar e, após apuração, a punição vai de advertência oral até o desligamento.

Caso queira procurar a Ouvidoria, a vítima vai contar com o apoio jurídico da equipe da Ouvidoria, além de receber o atendimento psicológico oferecido pela Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (Prace). Em caso de dúvidas, o contato com a Ouvidoria pode ser feito pelo e-mail ouv.femininaufop.sico@ufop.edu.br .”

Denúncias tornam-se recorrentes no meio acadêmico em Ouro Preto

Acsa e Ayrton Veras, durante depoimento à Comissão de Direitos Econômicos da Cãmara de Ouro Preto, a respeito de trote violento
Em 2022, blackface e trote violento também envolveram alunos da UFOP - Foto: Reprodução/Youtube

Casos envolvendo violências físicas e psicológicas cometidos por estudantes de repúblicas repercutiram na imprensa de todo o país no decorrer de 2022. Em maio, alunas moradoras de duas repúblicas particulares e uma federal foram acusadas de cometer BlackFace, na tradicional festa do Miss Bixo, em Ouro Preto.

A prática, classificada como racismo, consiste na pintura do rosto com tinta preta ou marrom por parte de pessoas brancas, ridicularizando pessoas negras. As fotos das estudantes viralizaram nas redes sociais, e manifestações nos campi da UFOP pediam pela responsabilização dos acusados. Em nota a UFOP afirmou que a Ouvidoria havia recebido às denúncias, e que a administração estava seguindo com os trâmites legais.

Em outra denúncia de violência, o estudante Ayrton Carlos Almeida Veras relatou ter entrado em coma alcoólico após participar de um trote na república federal Sinagoga, em Ouro Preto. O universitário alega ter sido obrigado a beber várias doses de álcool misturado a outros líquidos, levando-o ao estado de coma.

A mãe de Ayrton, Acsa Regia Araújo Almeida Veras, também narra que o filho pode ter sofrido abuso sexual enquanto estava desmaiado, já que a equipe médica que o atendeu encontro no ânus do jovem um líquido lubrificante, que pode ter sido usado para facilitar a entrada no canal anal do estudante.

O caso foi encaminhado para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Ouro Preto, onde Ayrton e a mãe contaram detalhes sobre o ocorrido no dia 27 de outubro. De acordo com o vereador Wanderley Kuruzu (PT), presidente da Comissão, o caso vem sendo acompanhado e uma vaquinha online privada (sem vínculo com aos órgãos públicos) arrecadou o valor referente a duas parcelas do plano de saúde do estudante, que continua em tratamento.

A respeito do caso de Ayrton, a UFOP informou à Agência Primaz que um processo administrativo disciplinar foi aberto e “está em andamento”.

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