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Hoje é sábado, 23 de novembro de 2024

“Mais janeiro branco, para menos setembro amarelo”

Campanha visa conscientização sobre cuidados com a saúde mental

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Sobre fundo branco, a logomarca da Agência Primaz, em preto, e a logomarca do programa Google Local Wev, em azul, com linhas com inclinações diferentes, em cores diversasde cores diversas
Quatro mãos segurano um laço branco, símbolo da campanha Janeiro Branco
Segundo especialistas, ausência de doença não significa, necessariamente, boa saúde mental - Foto: Isabela Vilela/Agência Primaz

A primeira campanha de cuidados com a saúde do ano, o “Janeiro Branco”, tem como objetivo conscientizar a população da importância do cuidado com a saúde mental, tanto quanto da física. Além da prevenção de doenças psicológicas, os cuidados com a saúde mental promovem melhorias na qualidade de vida, auxiliam no estabelecimento de relações interpessoais saudáveis e no autoconhecimento.

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O tema de 2023, “a vida pede equilíbrio”, vem como uma reflexão à vida moderna pós-pandêmica, na qual os desafios enfrentados no período geraram impactos em milhões de pessoas. Dentre as consequências da fase, o acúmulo de carga de trabalho, estresse, cansaço e depressão, devem receber atenção especial e serem tratados, segundo especialistas, através de uma equipe multiprofissional.

A reportagem da Agência Primaz conversou com a psicóloga Carla Moreno, que explicou o motivo da primeira campanha do ano ser dedicada à saúde psicológica. “O mês de janeiro foi escolhido porque ele é um mês que representa novos recomeços, é o mês onde a gente reflete, faz novas escolhas. Branco porque remete uma folha em branco para reescrever a nossa história”, explica Moreno.

Janeiro Branco: uma ferramenta contra o suicídio

Mão de mulher segurando laço amarelo, simbolo da campanha Setembro Amarelo
A diminuição das taxas de suicídio deve passar pelo aumento no cuidado com a saúde mental - Foto: Freepik

De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por ano devido ao suicídio, sendo o 4º motivo mais comum de morte de jovens entre 15 e 29 anos. Ainda segundo o órgão, os aumentos sucessivos nos índices são preocupantes e acendem um alerta em relação aos cuidados psicológicos à população mundial.

Especialistas afirmam que o suicídio é multifatorial e é singular a cada indivíduo. Apesar disso, alguns fatores podem ser gatilhos comuns ao ato. “Por exemplo, sociodemográficos, transtornos mentais como a depressão. [Fatores] Psicossociais que seriam os abusos, violências, entre outros, ou abuso de substâncias psicoativas, e até mesmo a história de vida”, avalia a psicóloga.

Segundo Moreno, as individualidades também são expressas nos sintomas de sofrimento psíquico, mas alguns sinais comuns podem ser observados. “A gente tem como exemplo a tristeza, nervosismo, irritabilidade significativas no sono e na alimentação, tanto no excesso quanto na ausência, o afastamento das pessoas, esquecimentos frequentes, a própria ansiedade que quando extrapola os níveis começa a atrapalhar as tarefas diárias”, ressalta Moreno à reportagem da Agência Primaz.

Apesar da intervenção necessitar de profissionais qualificados e especializados, o acolhimento é um ato passível de ser feito por qualquer pessoa. “Então a gente vai acolher, a gente vai escutar, a gente vai fazer companhia e fazer com que essa pessoa consiga chegar em um profissional”, destaca Moreno. A psicóloga ainda salienta a importância da rede de proteção, formada por familiares, grupos de apoio e círculos de convivência para auxílio na melhoria da qualidade de vida do indivíduo em sofrimento mental.

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Importância dos cuidados à saúde mental na 3ª idade

Profissional de saúde junto a uma pessoa idosa, representando uma das preocupações do Janeiro Branco, relativa aos cuidados com a saúde mental na 3ª idade.
Acompanhamento psicológico deve ser feito por equipe multiprofissional - Foto: Freepik

Outro grupo que merece atenção especial em relação aos cuidados psicológicos é o da terceira idade. De acordo com Carla Moreno, o próprio etarismo e as novas limitações físicas são sinalizadores da necessidade de zelos com a mente. “Na terceira idade existem questões que são próprias do processo de envelhecimento. O próprio fato de ter que lidar com os impactos em relação ao medo da morte, luto, do corpo à mente que já não responde mais como antes”, explica a psicóloga.

Essas questões se refletem em dados científicos. Levantamentos da revista Geriatrics, Gerontology and Aging apontam a depressão e as síndromes depressivas como os distúrbios psiquiátricos mais prevalentes em pessoas da terceira idade, estando presente entre  5% e 15% dos idosos. Uma das causas, explica Moreno, está no fato de que o ser humano “não está preparado para envelhecer”.

Atendimento gratuito através do SUS

Segundo a psicóloga, a saúde mental deve ser pensada em várias esferas e níveis da vida humana, por isso a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) para abranger os profissionais necessários na empreitada. “A gente precisa trabalhar na conscientização da população, apoio aos familiares enlutados, treinamento de profissionais de saúde, intervenções psicossociais à crise”, explica a psicóloga sobre alguns dos desafios a serem vencidos pelo SUS.

Para conseguir um atendimento psicológico gratuito através do Sistema Único de Saúde, o interessado (ou responsável) deve procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima, portando o cartão do SUS. Após a triagem, o paciente é encaminhado a um psicólogo através do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do município.

Outro modo de atendimento, é através do Centro de Valorização da Vida (CVV), disponível pelo telefone 188, ou pelo site, via chat ou e-mail. Todos os canais têm funcionamento 24 horas por dia e são totalmente gratuitos. O CVV atua desde 1962, através de ações voluntárias em São Paulo, e ao final de 2018 foi nacionalizado através do número de telefone.

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